2c6833b0-77e9-4a38-a9e6-8875b1bef33d diHITT - Notícias Sou Maluca Sim!: UM GRITO NO AR
sexta-feira, 9 de maio de 2014

UM GRITO NO AR



Vou conta a minha história
Aconteceu de verdade
Às vezes sinto tristeza 
E outras sinto saudade

Meu nome é Ana Amélia 
Nascida nessa cidade
Vou contar toda história
Sem esconder a verdade
Sou filha de ex-combatente
Da grande Segunda Guerra 
Que foi herói na Itália
E mendigo em sua terra

Um cargo de funcionário
foi tudo o que conseguiu
este herói resistente 
Quando voltou ao Brasil

Boa noite companheiros
Estou aqui relatando
A maldade de grilheiros 
Pela qualç passamos

se tens o mesmo problema
Vamos dar as mãos 
Para enfrentar esta guerra
Em nome da habitação

Aconteceu na Cavanca 
N°1.201
Um terrível pesadelo
Que maltratou um por um

A terra onde eu morava
Era posse muito antiga
Não podia imaginar
Que fosse dar tanta briga

Era um lugar tranquilo
Todos viviam contentes 
A vida era só alegria 
Nada incomodava a gente  

Mesmo depois de casar 
Continuei morando
Neste lugar tão lindo
E os meus filhos criando

Agora prestem atenção
Em tudo que aconteceu
Este lugar tão alegre
Um dia entristeceu

No ano de 84 
As coisa aconteceram
Quatro terríveis grilheiros 
Aqui apareceram

não eram os companheiros
Querendo nos ajudar
Mas sim terríveis grilheiros 
Querendo nos expulsar

Nos chamaram de invasores
da nossa própria terra
Sem saber que nela
Os filhos dos filhos criamos 

Começamos uma luta 
Em nossa associação
Com ajuda de amigos
Na mesma situação

Mas não é só aqui
Que isto está ocorrendo
Por causa de moradia 
Tem companheiro morrendo

Não confunda a pobreza com burrice, companheiro
Pois está sendo mais burro
Quem tem tanto dinheiro

Pra que pressa desta terra 
Não viverás eternamente
pode ficar sossegado 
Que dela serás semente 

O sinismo dos grilheiros 
Era demais transparente 
Comandavam a quadrilha
Que assustava a gente 

Foram momentos terríveis 
Eu nem gosto de lembrar
Cada lado que se olhava 
Via casa desabar

Sem teto e sem esperança
Ver pessoas mudando 
Carregando as crianças 
Que de medo iam chorando

Estas lagrimas sofridas
Que destes rostos desceram
Foram gotas de esperança
Que em cada um floreceram

Através do sofrimento
Aprendemos a lutar
Para sermos respeitados 
E ter onde morar

O pior de tudo isto
Foi que logo correu a notícia 
Os grilheiros agiram  
Com ajuda da policia 

ficamos muito assustados 
Pedir ajuda a quem?
Se quem devia ajudar 
veio destruir também

Resolvemos dar um basta 

Em toda essa ausadia 
E fomos todos à luta
Por direito a moradia 

Esta terra nos pertence
Está na constituição
Dez anos residente 
Queremos usocapião

Por que perseguir o pobre?
Que quer apenas morar 
E deixar impunes os ricos
Que de avião vão roubar?

Não entregue a sua casa 
A bandidos desfarçados 
Que não passam de grilheiros 
vestidos de advogados 

Até hoje não sabemos 
Como que terminou
Aquele monte de pedras
Que o tal marajá roubou

Eram pedras preciosas 
Brilhavam, brilhavam, sim
Estamos só querendo saber 
Quem a estas pedras deu fim 

O pior aconteceu
No mês de outubro passado
Era manhã muito fria 
Eu mal havia acordado 

Destes dias companheiros 
Não gosto nem de lembrar 
De um homem que me chamava 
Com uma folha a mostrar 

Eu sou um oficial
E trago uma sitação
Ponha tudo no quintal
Vai haver demolição

Foi tudo tão derrepente 
Não pude buscar socorro
Algemada e agredida
Não pude deixar o morro

O pior de tudo isto 
Que pude presenciar 
Foi a própria polícia
Que veio nos espancar 

Um sargento da poícia 
Abusando do poder
Usando de toda a malicia 
para tentar me ofender

Parecia que eu era
Uma criminosa vulgar 
Jogou-me de rosto na terra 
Para em meu corpo pisar 

Naquela hora senti
O mundo desmoronar 
Saber que quase morrir 
Por defender meu lar 

Quando vêm as eleições 
As promessas são diárias 
Sobre o usocapião 
E a reforma agrária 

Dizem defender as crianças 
Beijão mãos de favelados 
Promovem grandes festanças 
Para serem mais votados 

Foi o nosso presidente 
Quem disse que acabaria 
Com os marajás existentes 
E a violência do dia 

Depois de ter sido eleito 
A história se inverteu 
O rico ficou mais rico 
O médico empobreceu 

É assim que o governo
Quer acabar com a violência 
Jogando o pober na rua 
Sem poder e sem decencia 

Não tinha um palacete
Mas me sentia rainha 
A minha casa modesta 
Era tudo o que eu tinha 

Levamos quase dez anos 
Para a casa construir 
Em alguns minutos 
Vi tudo se destruir 

Foi ai que começou 
O meu grande sofrimento
A minha pobre família 
Ficou jogada ao relento 

Naquele dia senti 
o mundo desmoronar
Meus filhos me perguntavam 
Mãe, onde vamos morar?

Eu não tinha o que responder 
Para os meus filhos queridos 
Ali eu fiquei parada 
Com o coração partido 

Mas derepente em mim 
Uma coisa aconteceu 
Uma força muito estranha 
Que a todos surpreendeu 

Vou continuar na luta 
Com muita dedicação 
É preciso conquaistar 
A grande transformação 

Depois de toda essa luta
Pensei que estava acabado 
Todo aquele sofrimento 
Que vivi no passado 

Meu marido conseguiu 
Um emprego na Com lurb
Então fez a inscrição 
Para a casa própria da Rio-Urbe

Ficamos muito felizes 
Pois estávamos vencendo
Sem poder imaginar  
Que ele estava morrendo 

Meu marido sofreu muito
Com tudo que aconteceu
Passou a sofrer dos nervos 
E a gastrite apareceu

Continuou trabalhando
Mesmo estando doente 
Era muito preocupado
Com o bem-estar da gente

Até que chegou um dia 
Que ele não aguentou
De tanta dor que sentia 
Um hospital procurou

Foi então que começou
A fazer tratamento 
Mas meu marido já estava 
Todo estragado por dentro

Depois de muito tratar 
Só tinha uma solução
Para acabar com o problema 
Somente uma operação

Logo após a cirurgia
A doença evoluiu
No estômago do meu marido
Maldito câncer surgiu

Quando o médico falou 
Eu perdi a esperança 
Eu ainda não sabia 
Que esperava criança

Fiquei triste e perdida 
Sem saber o que fazer 
Eu ia dar uma vida 
Vendo a outra morrer 

Quando o nené nasceu 
Ele não foi visitar 
Pois estava internado 
Para denovo operar 

Depois destacirurgia 
A doença piorou 
Reclama todo dia 
Pois sentia muita dor 

Não gosto nem de lembrar 
Aquele dia fatal 
O meu marido morreu 
Bem pertinho do Natal

Não posso culpar a Deus 
Por tirar ele de mim
Estava sofrendo muito 
Por isso chegou o fim

Amei-o a vinda inteira 
Nunca pensei em o peder 
Parecia mentira
Assistir ele morrer 

Eu fiquei ali parada 
Não queria acreditar 
Que meu marido estava 
Parando d respirar 

Saí dali desolada 
Querendo um abraço amigo
Me sentindo abandonada
Ninguém que estava comigo

Depois de toda a tristeza 
Não olhaei só para frente 
Olhando também para atrás 
Vi tristeza em muita gente 

Embrulhei o meu passado 
Com um papel de esperança 
Amarrei fazendo uma laço 
Com o que restou das lembranças

Ana Amélia R.Ribeiro

1 comentários:

Postar um comentário

Obrigada pela sua opinião e um grande abraço de Jaqueline Ramiro/blog Sou Maluca Sim!

 
;