Vou conta a minha história
Aconteceu de verdade
Às vezes sinto tristeza
E outras sinto saudade
Meu nome é Ana Amélia
Nascida nessa cidade
Vou contar toda história
Sem esconder a verdade
Sou filha de ex-combatente
Da grande Segunda Guerra
Que foi herói na Itália
E mendigo em sua terra
Um cargo de funcionário
foi tudo o que conseguiu
este herói resistente
Quando voltou ao Brasil
Boa noite companheiros
Estou aqui relatando
A maldade de grilheiros
Pela qualç passamos
se tens o mesmo problema
Vamos dar as mãos
Para enfrentar esta guerra
Em nome da habitação
Aconteceu na Cavanca
N°1.201
Um terrível pesadelo
Que maltratou um por um
A terra onde eu morava
Era posse muito antiga
Não podia imaginar
Que fosse dar tanta briga
Era um lugar tranquilo
Todos viviam contentes
A vida era só alegria
Nada incomodava a gente
Mesmo depois de casar
Continuei morando
Neste lugar tão lindo
E os meus filhos criando
Agora prestem atenção
Em tudo que aconteceu
Este lugar tão alegre
Um dia entristeceu
No ano de 84
As coisa aconteceram
Quatro terríveis grilheiros
Aqui apareceram
não eram os companheiros
Querendo nos ajudar
Mas sim terríveis grilheiros
Querendo nos expulsar
Nos chamaram de invasores
da nossa própria terra
Sem saber que nela
Os filhos dos filhos criamos
Começamos uma luta
Em nossa associação
Com ajuda de amigos
Na mesma situação
Mas não é só aqui
Que isto está ocorrendo
Por causa de moradia
Tem companheiro morrendo
Não confunda a pobreza com burrice, companheiro
Pois está sendo mais burro
Quem tem tanto dinheiro
Pra que pressa desta terra
Não viverás eternamente
pode ficar sossegado
Que dela serás semente
O sinismo dos grilheiros
Era demais transparente
Comandavam a quadrilha
Que assustava a gente
Foram momentos terríveis
Eu nem gosto de lembrar
Cada lado que se olhava
Via casa desabar
Sem teto e sem esperança
Ver pessoas mudando
Carregando as crianças
Que de medo iam chorando
Estas lagrimas sofridas
Que destes rostos desceram
Foram gotas de esperança
Que em cada um floreceram
Através do sofrimento
Aprendemos a lutar
Para sermos respeitados
E ter onde morar
O pior de tudo isto
Foi que logo correu a notícia
Os grilheiros agiram
Com ajuda da policia
ficamos muito assustados
Pedir ajuda a quem?
Se quem devia ajudar
veio destruir também
Resolvemos dar um basta
Em toda essa ausadia
E fomos todos à luta
Por direito a moradia
Esta terra nos pertence
Está na constituição
Dez anos residente
Queremos usocapião
Por que perseguir o pobre?
Que quer apenas morar
E deixar impunes os ricos
Que de avião vão roubar?
Não entregue a sua casa
A bandidos desfarçados
Que não passam de grilheiros
vestidos de advogados
Até hoje não sabemos
Como que terminou
Aquele monte de pedras
Que o tal marajá roubou
Eram pedras preciosas
Brilhavam, brilhavam, sim
Estamos só querendo saber
Quem a estas pedras deu fim
O pior aconteceu
No mês de outubro passado
Era manhã muito fria
Eu mal havia acordado
Destes dias companheiros
Não gosto nem de lembrar
De um homem que me chamava
Com uma folha a mostrar
Eu sou um oficial
E trago uma sitação
Ponha tudo no quintal
Vai haver demolição
Foi tudo tão derrepente
Não pude buscar socorro
Algemada e agredida
Não pude deixar o morro
O pior de tudo isto
Que pude presenciar
Foi a própria polícia
Que veio nos espancar
Um sargento da poícia
Abusando do poder
Usando de toda a malicia
para tentar me ofender
Parecia que eu era
Uma criminosa vulgar
Jogou-me de rosto na terra
Para em meu corpo pisar
Naquela hora senti
O mundo desmoronar
Saber que quase morrir
Por defender meu lar
Quando vêm as eleições
As promessas são diárias
Sobre o usocapião
E a reforma agrária
Dizem defender as crianças
Beijão mãos de favelados
Promovem grandes festanças
Para serem mais votados
Foi o nosso presidente
Quem disse que acabaria
Com os marajás existentes
E a violência do dia
Depois de ter sido eleito
A história se inverteu
O rico ficou mais rico
O médico empobreceu
É assim que o governo
Quer acabar com a violência
Jogando o pober na rua
Sem poder e sem decencia
Não tinha um palacete
Mas me sentia rainha
A minha casa modesta
Era tudo o que eu tinha
Levamos quase dez anos
Para a casa construir
Em alguns minutos
Vi tudo se destruir
Foi ai que começou
O meu grande sofrimento
A minha pobre família
Ficou jogada ao relento
Naquele dia senti
o mundo desmoronar
Meus filhos me perguntavam
Mãe, onde vamos morar?
Eu não tinha o que responder
Para os meus filhos queridos
Ali eu fiquei parada
Com o coração partido
Mas derepente em mim
Uma coisa aconteceu
Uma força muito estranha
Que a todos surpreendeu
Vou continuar na luta
Com muita dedicação
É preciso conquaistar
A grande transformação
Depois de toda essa luta
Pensei que estava acabado
Todo aquele sofrimento
Que vivi no passado
Meu marido conseguiu
Um emprego na Com lurb
Então fez a inscrição
Para a casa própria da Rio-Urbe
Ficamos muito felizes
Pois estávamos vencendo
Sem poder imaginar
Que ele estava morrendo
Meu marido sofreu muito
Com tudo que aconteceu
Passou a sofrer dos nervos
E a gastrite apareceu
Continuou trabalhando
Mesmo estando doente
Era muito preocupado
Com o bem-estar da gente
Até que chegou um dia
Que ele não aguentou
De tanta dor que sentia
Um hospital procurou
Foi então que começou
A fazer tratamento
Mas meu marido já estava
Todo estragado por dentro
Depois de muito tratar
Só tinha uma solução
Para acabar com o problema
Somente uma operação
Logo após a cirurgia
A doença evoluiu
No estômago do meu marido
Maldito câncer surgiu
Quando o médico falou
Eu perdi a esperança
Eu ainda não sabia
Que esperava criança
Fiquei triste e perdida
Sem saber o que fazer
Eu ia dar uma vida
Vendo a outra morrer
Quando o nené nasceu
Ele não foi visitar
Pois estava internado
Para denovo operar
Depois destacirurgia
A doença piorou
Reclama todo dia
Pois sentia muita dor
Não gosto nem de lembrar
Aquele dia fatal
O meu marido morreu
Bem pertinho do Natal
Não posso culpar a Deus
Por tirar ele de mim
Estava sofrendo muito
Por isso chegou o fim
Amei-o a vinda inteira
Nunca pensei em o peder
Parecia mentira
Assistir ele morrer
Eu fiquei ali parada
Não queria acreditar
Que meu marido estava
Parando d respirar
Saí dali desolada
Querendo um abraço amigo
Me sentindo abandonada
Ninguém que estava comigo
Depois de toda a tristeza
Não olhaei só para frente
Olhando também para atrás
Vi tristeza em muita gente
Embrulhei o meu passado
Com um papel de esperança
Amarrei fazendo uma laço
Com o que restou das lembranças
Ana Amélia R.Ribeiro
1 comentários:
Muuito legal.
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Obrigada pela sua opinião e um grande abraço de Jaqueline Ramiro/blog Sou Maluca Sim!