"Já que sou, o jeito é ser".
Macabéa é o nome da personagem do livro a "A hora da estrela" de Clarice Lispector. E do filme cujo roteiro passa ao público o quanto uma pessoa pode ser uma nulidade completa a ponto o qual se não tivesse existido, ninguém sentiria falta dela.
Uma nordestina que vive no Rio de Janeiro e trabalha como datilógrafa. Talvez se Clarice escrevesse hoje, quanto a sua origem social Macabéa teria sido negra descendente de nordestinos, e moradora de favela.
No entanto, o aspecto predominante da medíocre personalidade de Macabéa é o seu despreparo para a vida inteligente. É tão tola que sorri para as pessoas na rua, mas ninguém lhe responde ao sorriso porque sequer a olham. Sua própria cara expressa tanta pobreza mental que parece pedir para ser esbofeteada. Em síntese, trata-se de um ser ínfimo, de uma “alma rala”.
Está é uma história muito triste de cenas cotidianas, mas muito real. Quantas pessoas ainda são Macabéa? Pois muitas são aquelas nesse mundo que são maria-ninguém durante toda a vida, sem atinar para coisa alguma,na aceitação patética de uma existência sem efeitos,indo de reboque em tudo, e sem direção definida... sem amor.
Bem,deixo para vocês alguns trechos do livro e algumas observações.
"Nenhuma coisa importante jamais acontecera em sua vida:
Mas vivia em tanta mesmice que de noite não se lembrava do que acontecera de manhã. (...).
Domingo ela acordava mais cedo para ficar mais tempo sem fazer nada. (...)
Macabéa é a total alienação, essa mulher vive a dimensão do Não-ser.
Se tivesse a tolice de se perguntar “quem sou eu” cairia estatelada no chão (...)
As pouquíssimas revelações (epifanias) que Macabéa experimenta não lhe são suficientes para a formação de uma identidade. Certa ocasião, chorara ao ouvir Una furtiva lacrima, na interpretação de Caruso, (“Adivinhava talvez que havia outros modos de sentir, havia existências mais delicadas e até com certo luxo de alma”.) Outro dia, em que não fora trabalhar e ficara sozinha no quarto, tinha dançado “num ato de absoluta coragem.” Porém, a descoberta efetiva do próprio ser ocorreria apenas depois do atropelamento.
É de se perguntar POR QUE uma tal pessoa existe, se não faz qualquer diferença para o mundo?
Respostas são muitas, certezas são poucas...
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