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terça-feira, 6 de setembro de 2011

QUANDO NASCI...






















No meu registro de nascimento até os 8 anos de idade não constava o nome da minha mãe ou progenitora se assim preferirem chamar.

Nasci no dia 12 de agosto do ano de 1983 em um hospital do Méier, porém não é isso que consta no registro. Esse documento descreve meu nascimento como sido parto em casa em Jacarepaguá e meu nome era apenas Jaqueline Ramiro (sobrenome apenas do meu pai). 


Já tive amigas que em sua certidão de nascimento não tinha o nome do pai, mas até hoje não conheci nenhuma a qual não houvesse o nome da mãe.

 Nos registros de nascimento o nome da mãe costumam estar sempre presente, no entanto o meu não,era diferente. É como se eu tivesse nascido de um poste, de alguma experiência científica ou literalmente do saco do meu pai.

Vamos a algumas razões que levaram a isso:

Segundo a versão da história contada por minha progenitora. Ela foi enganada o tempo todo por meu Progenitor. O negro de quase 2 metros, apresentou-se para ela como sendo professor de inglês. Ambiciosa acreditou. 

As vezes me pregunto como ela não se deu conta que sofrivelmente ele falava português, para falar inglês então...

Bem, ainda assim, minha progenitora inocente acreditando fielmente que iria dar-se bem no investimento, alcançando futuramente a sonhada estruturar financeiramente acabou gestando essa neguinha aqui. 

Somente quando se viu grávida é que percebeu que o camarada era negro, pobre e favelado, logo não obteria nada dele. Sendo assim, a solução mais pratica para o problema seria um aborto. Tentou abortar, tentou abortar... e não conseguiu.

Em  seu momentos de revolta ela me dizia que porra de preto é a pior coisa que existe.

Minha progenitora já tinha tido sucesso em outros abortos, mas nesse Deus não permitiu, para azar dela e  meu.

Ter um filho indesejado com um homem pobre e negro era muita humilhação para aquela mulher cheia de expectativas de grandeza. 

No dia do meu nascimento ela entrou para a sala de parto discutindo, segundo palavras dela mesma, com "aquele crioulo do inferno".

Nasci razoavelmente saudável, a principio apenas com um pequeno problema respiratória que me acompanha até os dias de hoje. E umas glândulas salientes no pescoço que os médicos sinalizaram como  possibilidade de HIV positivo. Em razão da suspeita de AIDS ela não pode me amamentar. 
Ouvi essa história mil vezes e me entristecia, mas não é importante agora. 

Minha mãe se recusou a fazer qualquer registro ao qual ela tivesse de me assumir como filha. Por isso no meu registro de nascimento constou até meus 8 anos de idade, apenas o nome do meu progenitor - CARLOS.

Ao longo da vida sempre na menor oportunidade minha progenitora dizia não se possível ela ser minha mãe, pois isso era um castigo que ela não merecia. Me desmerecia quase todo tempo e dizia que eu era um monstro e a culpa era o sangue ruim do meu pai. (sangue de preto). 

Como criança eu fazia de tudo para tentar conquistar um pouquinho que fosse do amor da minha mãe, porém não era possível. O coração dela não estava preparado para receber amor que não viesse acompanhado de aquisição de bens materiais ou alguma projeção social ainda que pífia. Mas pior era a maldade que encontrava  limite apenas quando estava sob o olhar dos outros, porém quando estávamos a só o que pairava era a continua vingança por eu ter nascido. 

Para minha mãe assumir minha maternidade de forma documentada foi necessário a interferência da diretora da escola Padre Dehon. Que ao perceber as irregularidade no meu documento acompanhadas de explicações pouco convincentes pediu a regularização da situação ou seria obrigada a denunciar.  


Minha mãe com medo de complicações com a justiça se viu forçada a assumir minha maternidade. Chamou minha tia mais nova para ser testemunha do meu nascimento em casa, caso fosse necessário explicar, pois a demora no reconhecimento nem Freud explica. 




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Obrigada pela sua opinião e um grande abraço de Jaqueline Ramiro/blog Sou Maluca Sim!

 
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