Nascem os humanos para crescer
E com alguma vitória vivem para então morrer.
Nascer, morrer (eis a igualdade humana).
Crescer, viver (eis a vitória de alguns).
Pequenos, os humanos são repletos de ingenuidade
E padecem de ajuda alheia. Sim,
Desde cedo padecem em mãos alheias,
Estas que pensam orientar rebentos.
Por convivência, aprendem símbolos diversos
E passam a comunicar o incomunicável.
Assim, temores e alegrias são compartilhadas,
Desejos e necessidades são satisfeitas...
Para as mãos repletas de condições
O afago sublima a súplica.
Para outras tantas mãos
Restam as aflições e as culpas.
Os que vencem a morte temporariamente,
Crescem tanto que param de crescer:
Tornam-se humanos dotados de mãos e símbolos
Dispostos a outro pequeno vindouro enriquecer.
Crescidos, buscam razões para a vida
Enquanto outros discursam sobre o esquecer.
Inundam-se de prazeres, os vitoriosos,
Enquanto outros desejam somente viver.
O homem é uma besta indefinível
E seu ser transborda incoerência.
Como posso eu ousar a escrever
Um ensaio sobre sua suposta existência?
Penso nos homens mas só vejo mãos,
Que sufocam ou afagam outras iguais e,
Assim, perpetuam sua condição,
Raramente transgredindo-a.
Ernst Cassirer
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Obrigada pela sua opinião e um grande abraço de Jaqueline Ramiro/blog Sou Maluca Sim!