...podia-se conviver com essa gente – ladras,
prostitutas, assassinas – todas desgraçadas vítimas do mesmo regime social. Era
uma gente que não tinha remorsos nem dramas de consciência; não assaltava
ninguém para torturar, como os meus companheiros de presídio político, no Rio.
Esses, que possuíam pregos para fincar na minha cabeça, e na ponta de cada
prego a palavra SIM. Ao que eu respondia, NÃO. Aqueles afirmavam que o Partido
estava certo, que eu precisava ceder, que eu devia me curvar à palavra de
ordem: SIM. E eu respondia: NÃO. Passavam-se as horas e os dias e as semanas e
o sangue escorrendo e os verdugos se revezando para me vencerem ou me
enlouquecerem. Tenho várias cicatrizes, mas estou viva. E enquanto todos
diziam: Stalin tem razão, eu sabia que não. Contra uma esquerda totalitária,
que distribui palavras de ordem arruinando a democracia e contra uma direita
reacionária, que não quer ver que a civilização atual esgotou as possibilidades
de permanência dominante.
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Obrigada pela sua opinião e um grande abraço de Jaqueline Ramiro/blog Sou Maluca Sim!
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