Tive a impressão que nesse ano as pessoas de modo geral interagiram
mais com as comemorações do dia da consciência negra. Nesse dia 20 de novembro
de 2012, acompanhei diversas discussões ligadas a os negros,
principalmente nas redes sociais. Porém a maioria era formada por comentários
superficiais.
Em resumo: de um lado negros exaltando o quanto são negros e as mazelas
sofridas nos tempos da escravidão que não viveram. Do outro aqueles que acreditam
serem brancos se posicionando contra a existência dessa data comemorativa, pois
todas as pessoas devem ser tratadas com igualdade.
Qual dos lados está com a razão?
Digo que ambos.
A pesar do mito das três raças constituintes da nação brasileira: índio,
branco europeu e negro, ao longo da história as comunidades indígenas foram dizimadas,
restando pouquíssimos representantes. E os negros mesmo com o fim da escravidão
por inúmeras razões continuaram renegados
e marginalizados.Algo que impediu por muito tempo qualquer mobilidade social real,
salvo raríssimas exceções.
A falta de oportunidades somadas ao subjugue do homem branco europeu com
suas teorias e superioridade racial; pontuando os negros como vadios, ignorantes
e outras qualificações pejorativas deixaram sequelas de preconceito presentes
até os dias atuais.
É de conhecimento amplo os
sofrimentos físicos e morais impostos a o negros escravos e nada mais justo que
tentemos sanar de algum modo essa vergonhosa mancha em nossa história. E nesse
propósito o governo tem se esforçado adotando leis e políticas que favorecem a
negros e afrodescendentes, no entanto, essa atitude tem causado polemicas até
mesmo entre os próprios negros. Á exemplo a adoção de cotas para negros nas
universidades públicas e a existência de um feriado nacional dedicado a consciência negra.
Longe de chegarmos ao fim do debate, muitos defendem que esse tipo de
política ressalta ainda mais as disparidades entre negros e brancos e
menospreza a capacidade do negro como cidadão e individuo,podendo gerar mais
racismo, só que agora em desfavorecimento as pessoas brancas.
O antropólogo Claude Levi Strauss realizou extenso estudo sobre as raças
humanas e nos transmite que as diferenças entre nós estão nas diferentes
culturas, quanto a raça todos pertencemos a uma só: a raça humana. Mas ainda
que concordemos com a sentença acima o preconceito racial é uma realidade e
ainda encontrasse enraizado no brasileiro.
Se pergunto onde estão os negros, no mínimo dirão que estão nas favelas.
Mas agora pergunto: EM UM PAÍS DE MISCIGENAÇÃO TÃO GRANDE COMO O BRASIL ONDE
ESTÃO OS BRANCOS?
Nesse dia de Zumbi talvez meus antepassados ficassem orgulhosos se pudessem
ter visto. Presenciei nas ruas pessoas parabenizando outras em razão de serem
negras, no entanto achei constrangedor. Pois dada a nossa mistura étnica o
feriado de 20 de novembro deveria ser comemorado por todos os brasileiros, afinal
é o dia da CONSCIÊNCIA NEGRA. |Infelizmente isso nos prova que o dia em que não precisaremos de leis de caráter racista ainda é uma utopia, porém limitar as comemorações como sendo o dia dos pretos
é prova de ignorância e desconhecimento da própria história.
Biografia: LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. Raça e Ciência I.
São Paulo: Ed. Perspectiva, 1970
Menezes, Adolfo Bezerra de, A escravidão no Brasil e as medidas que
convém tomar para extingui-la sem dano para a nação. 1831-1900.
Roberto Damatta, O Que Faz o Brasil, Brasil? Rio de Janeiro, Ed. Rocco. 1984.
Emilia Viotti, Da Senzala a Colônia, São Paulo,Ed. UNESP.1997.
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