2c6833b0-77e9-4a38-a9e6-8875b1bef33d diHITT - Notícias Sou Maluca Sim!: agosto 2013
sábado, 31 de agosto de 2013 0 comentários

PÁSSARO AZUL













Há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica aí dentro,
não vou deixar
ninguém ver-te.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu despejo whisky para cima dele
e inalo fumo de cigarros
e as putas e os empregados de bar
e os funcionários da mercearia
nunca saberão
que ele se encontra
lá dentro.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica escondido,
queres arruinar-me?
queres foder-me o
meu trabalho?
queres arruinar
as minhas vendas de livros
na Europa?
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado esperto,
só o deixo sair à noite
por vezes
quando todos estão a dormir.
digo-lhe, eu sei que estás aí,
por isso
não estejas triste.
depois,
coloco-o de volta,
mas ele canta um pouco lá dentro,
não o deixei morrer de todo
e dormimos juntos
assim
com o nosso
pacto secreto
e é bom o suficiente
para fazer um homem chorar,
mas eu não choro,
e tu?

(CHARLES BUKOWSKI)

Original

Bluebird
There’s a bluebird in my heart that
wants to get out
but I’m too tough for him,
I say, stay in there, I’m not going
to let anybody see
you.
there’s a bluebird in my heart that
wants to get out
but I pour whiskey on him and inhale
cigarette smoke
and the whores and the bartenders
and the grocery clerks
never know that
he’s
in there.

there’s a bluebird in my heart that
wants to get out
but I’m too tough for him,
I say,
stay down, do you want to mess
me up?
you want to screw up the
works?
you want to blow my book sales in
Europe?
there’s a bluebird in my heart that
wants to get out
but I’m too clever, I only let him out
at night sometimes
when everybody’s asleep.
I say, I know that you’re there,
so don’t be
sad.
then I put him back,
but he’s singing a little
in there, I haven’t quite let him
die
and we sleep together like
that
with our
secret pact
and it’s nice enough to
make a man
weep, but I don’t
weep, do
you?

segunda-feira, 26 de agosto de 2013 0 comentários

O MEDO DO AMOR


Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê.   

O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. 

Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. 

Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.   

E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. 

Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.   

Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.   
Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.

Martha Medeiros
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O PREÇO A PAGAR


Escolher entre os prazeres da mesa e a vaidade 
é de uma crueldade que deve ter sido inventada pelo demônio

UM DOS PRAZERES da vida é comer, comer o que a gente gosta; e depois que a gastronomia ficou na moda, difícil é decidir entre comer de tudo ou viver fazendo dieta a vida inteira. Pode parecer que este é um tema superficial, só que não é; implica fazer uma opção, o que é sempre um tormento.
As tentações estão em todos os lugares: nas fotos das revistas, nas vitrines, numa conversa no telefone. Onde vamos almoçar domingo, recebi um chouriço e aprendi uma receita nova, venha para cá, você traz o vinho, e quem resiste a um convite desses? E dizer não a troco de quê?

A vida é combate, como sabemos; mas escolher entre os prazeres da mesa e a vaidade de ter um corpinho esbelto é de uma crueldade que deve ter sido inventada pelo demônio. É sempre assim: a cada prazer vem imediatamente a conta, aliás, o castigo, como aprendemos com as freiras. Se num único dia você come tudo que não devia, vai precisar de dez a pão e água -aliás, só água- para voltar ao peso antigo, o que é a prova da injustiça da vida. Se viajou por duas semanas, quando chegar vai encontrar a TV sem funcionar, e se estiver tudo na mais santa paz, desconfie. Tem mais: quanto mais maravilhosa tiver sido a viagem, mais dramáticos serão os problemas; talvez o melhor seja filosofar, imaginando que este é o tal do equilíbrio fundamental da vida -dizem.

Estamos cansados de saber que é preciso comer com moderação, beber com moderação, ser sensata ao passar por uma vitrine, não tomar sol demais, não beber demais, não ler demais, para não cansar a vista, não rir demais -muito riso, pouco siso-, não amar demais para não cair do cavalo, não acreditar demais no ser humano para não se decepcionar, mas também não ser totalmente descrente, pois sem acreditar, a vida não tem sentido. Por sensatez, compreenda-se: o mundo quer que se viva de maneira média -e quando se fala em mundo, fala-se dos pais, dos irmãos mais velhos, das leis, das pessoas com juízo; crianças médias não ameaçam a estabilidade da família, esposas com desejos médios não põem em risco o casamento, cidadãos médios são mais fáceis de ser governados. Mas é possível ser sensata e feliz? É possível ficar na praia olhando o relógio para ver se já são 10h, já que a partir daí não se pode mais tomar sol?

Não, não é; viver medindo tudo, para não ser nem de menos nem de mais, ser equilibrada o tempo todo, a vida inteira, não dá. Às vezes é preciso ser radical, em qualquer dos sentidos, e escolher: ou come tudo que tiver vontade ou passa fome; ou bebe tudo que tiver vontade ou toma água. Água, essa coisa tão sem graça, não só pode, como deve.

Uma coisa é certa: seja qual for sua decisão, você vai pagar por ela. Deve haver um lugar no universo onde se possa ter tudo o que se quer ao mesmo tempo, sem precisar contar as calorias, pesar, medir os prós e os contras, e sem pagar o preço.

Tem alguma graça ganhar uma caixa de chocolates e comer civilizadamente só um ou dois? E sentir de repente uma paixão daquelas incontroláveis e se conter, quando sua vontade é ir para o fim do mundo, se fim de mundo houvesse, e fazer tudo, absolutamente tudo que tem vontade, mandando às favas a tradição, a família, a propriedade e o que mais for preciso? Qual a relação entre uma caixa de chocolates e uma paixão? Teoricamente, nenhuma.

Só que as duas, depois que acabam, costumam deixar uma mulher devastada. No corpo ou na alma.

DANUZA LEÃO
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SOBRE O PROPÓSITO DA VIDA


Não me refiro aqui à vida de cada um, que envolve nossas escolhas e esperanças, os planos que traçamos no decorrer dos anos. Nossas vidas, claro, têm, ou deveriam ter, um ou mais propósitos.

Falo da vida como fenômeno natural, essa estranha organização da matéria dotada de autonomia, capaz de absorver energia do ambiente à sua volta e de se preservar por meio da reprodução.

O tema gera confusão. Precisamos ter cuidado. Todas as formas de vida têm um propósito essencial: sobreviver. Esse é ainda mais importante do que o outro propósito, reprodução. Afinal, bebês e vovôs estão vivos, mas não se reproduzem. Pode-se até dizer que a vida é uma forma de organização material que tem o ímpeto de se preservar.

Essa é uma diferença essencial que distingue seres vivos de outras formas de organização material, como estrelas ou rochas, que não têm o ímpeto de se preservar: apenas existem, passivamente, entregues aos processos físicos que definem suas interações. No caso das rochas, a existência é delimitada pela sua interação com a erosão --água mole em pedra dura tanto bate até que fura. No caso das estrelas, existem enquanto têm combustível suficiente no seu centro (hidrogênio) para resistir à atração gravitacional, que levará à sua implosão.

Todas as formas vivas têm o propósito de preservar sua existência. Essa é a diferença essencial entre o vivo e o não vivo.

A confusão com relação à questão do propósito vem quando nos deparamos com a diversidade das formas de vida. Dada tanta riqueza, tanta criatividade, fica difícil de aceitar que tudo surgiu sem um propósito maior, sem a intenção de criar criaturas cada vez mais complexas.

A coisa complica ainda mais quando aprendemos que a história da vida na Terra mostra uma complexidade crescente. A vida aqui surgiu há pelo menos 3,5 bilhões de anos. Desses, os primeiros 2,5 bilhões foram dominados por seres unicelulares, bactérias apenas. Apenas cerca de 600 milhões de anos atrás é que a diversificação começou para valer. Na famosa explosão do Cambriano, em torno de 550 milhões de anos atrás, a complexidade da vida decolou. De lá para cá, mais criaturas foram surgindo no mar, na terra e no ar, com complexidade e diversificação crescente.

Fica difícil de aceitar que não existe um propósito maior na vida, que é o de aumentar sua complexidade. O clímax dessa complexidade seríamos nós, humanos. Esse propósito oculto é chamado teleologia.

Mas essa conclusão é falsa. Não existe um "plano" de tornar a vida complexa a ponto de gerar formas inteligentes. Vejam os dinossauros, que existiram por 150 milhões de anos e permaneceram burros. O que a vida quer é se preservar. Contanto que esteja adaptada ao ambiente, continuará bem, com mutações ocorrendo sem grandes revoluções.

Fundamental nessa dinâmica é o acoplamento da vida ao ambiente. Variações ocorrem quando o ambiente muda. Se mudássemos algo na história da Terra, como a queda do asteroide que eliminou os dinossauros 65 milhões de anos atrás, a história da vida mudaria também. Provavelmente não estaríamos aqui. Na natureza, criação e destruição andam juntas. Mas nessa coreografia não existe coreógrafo. 

MARCELO GLEISER
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A VOZ DO BRASIL




Como ignorar o que está a acontecer no Brasil? 
(Embora, realmente, a pergunta que se impõe seja: 
o que é que está a acontecer no Brasil?)

Tal como as autoridades brasileiras, fui apanhada de surpresa pelos protestos em São Paulo - e depois no Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, e por aí fora. Eu tenho desculpa: com dez dias de férias para gastar, pareceu-me boa ideia desligar do bulício da vida profissional e escapar às solicitações da cidade, e buscar refúgio no interior transmontano português, ver a sombra das nuvens nos montes, ler os meus livros ao som das andorinhas e do rego da aldeia, talvez pegar sinal no celular e talvez não... As autoridades brasileiras não têm desculpa nenhuma: desde o princípio, quase tudo o que disseram e fizeram merece crítica e censura.

Desprevenida, isolada, fui apanhando no noticiário nacional a descrição dos movimentos nas ruas, as manifestações, a repressão, os gritos, e cartazes, as declarações de dirigentes políticos e cartolas esportivos; fui procurando nas redes sociais as impressões, as anedotas, as denúncias, os manifestos, as opiniões, de quem está a viver in loco um momento que sem dúvida ficará registado como histórico na vida brasileira.

De longe, de fora, é difícil ter um retrato completo; é arriscado com informação tão limitada e desconecta consolidar uma posição, emitir uma opinião. Mas certas coisas parecem ser tão óbvias, tão do senso-comum, que é irresistível não as apontar: por exemplo, que o desenvolvimento da sociedade apela inevitavelmente a maior participação e mais democracia; que o exercício da cidadania, em defesa de uma causa justa, pode ser mais poderoso que a mera repetição do voto; que a crise da representação política é um perigoso salto no abismo; que quem se sente desapossado - do espaço público, do debate público, do orçamento público, do serviço público - acabará por fazer ouvir a sua voz e reclamar as suas queixas; que multidões desagregadas, descontroladas, facilmente podem ficar à mercê de interesses difusos...

Poderia continuar, mas não vem ao caso - estas são apenas generalidades; gente bastante mais habilitada do que eu poderá elaborar pensamento concreto que contextualize o fenómeno em curso no Brasil. Dos ecos que fui lendo, ouvindo, vendo, lá bem atrás dos montes, posso falar de uma sucessão de emoções em poucos dias: a surpresa inicial que deu lugar à incredulidade, a curiosidade, a admiração e o orgulho alheio que evoluíram para a dúvida, a desconfiança e a incompreensão. Resumindo, uma confusão.

Nesta altura, mesmo que as faixas digam que "um professor vale mais do que o Neymar" e que o pessoal faça as contas para comparar quantas escolas, quantos hospitais, quantos programas públicos poderiam ser financiados com o dinheiro aplicado nas grandes obras esportivas, quase já nem faz sentido associar o que se passa com o futebol - o da taça das Confederações ou o da Copa de 2014. Só o pessoal da Fifa parece não perceber nada do que está a acontecer: as declarações dos jogadores canarinhos só podem ser aplaudidas.

De resto, basta ver o arrepiante clip dos 60 mil na bancada da Arena Castelão a cantar o hino nacional (e já agora também o fenomenal drible de Neymar para o segundo golo do Brasil) para perceber que "uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa". Se alguma coisa foi clara e cristalina esta semana foi que os brasileiros nunca deixarão de torcer pela sua selecção e que nunca deixarão de amar e sofrer pelo seu país. Querem ganhar a Copa mas, principalmente, querem um país melhor.

Rita Siza é jornalista do diário português "Público", onde acompanha temas de política internacional, com ênfase na América Latina.

RITA SIZA
domingo, 25 de agosto de 2013 0 comentários

A RAPOSA E O LEÃO


Convém saber que existem duas maneiras de combater: pelas leis e pela força. A primeira é própria dos homens: a segunda é própria dos animais. Mas como, muitas vezes, aquela não chega, há que recorrer a esta e, por isso, o príncipe precisa saber ser animal e homem. Esta regra foi ensinada aos príncipes, em palavras veladas, pelos antigos autores que escreveram como Aquiles, e vários outros grandes senhores do tempo passado foram confiados ao centauro de Quíron, para os educar sob a sua disciplina. Ter, assim, por preceptor um ser meio animal, meio homem, só significa que um príncipe precisa  saber utilizar uma e outra natureza e que uma sem a outra não é duradoura. Já que um príncipe deve saber utilizar bem a natureza animal, convém que escolha a raposa e o leão: como o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender dos lobos, é necessário ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para meter medo aos lobos. Os que querem fazer apenas de leão não percebem nada do assunto.

Maquiavel em ‘O Príncipe’



Links indicados: SOBRE OS POETAS E A MENTIRA

DIFICULDADE PARA A BUSCA DA VERDADE

ESPANQUEMOS OS POBRES!

ILHA DAS FLORES (curta)
sexta-feira, 23 de agosto de 2013 0 comentários

PICA-FLOR

                                     
                                                                       Rembrandt


Se Pica-Flor me chamais,
Pica-Flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Meteia a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-Flor.
(Gregório de Matos)


A uma freira que satirizando a delgada
fisionomia do poeta lhe chamou "Pica-Flor".
quarta-feira, 21 de agosto de 2013 0 comentários

FILME-SALVE GERAL


Quem gostou de assistir TROPA DE ELITE acredito que irá gostar desse filme.
Baseado nos ataques realizados pelo PCC à cidade de São Paulo, em maio de 2006,
SALVE GERAL foi o representante do Brasil no Oscar 2010 concorrendo como melhor filme estrangeiro.

Lúcia (Andréia Beltrão) é uma viúva de classe média que sonha em tirar o filho Rafael (Lee Thalor), de 18 anos, da prisão. Em suas frequentes visitas à penitenciária ela conhece Ruiva (Denise Weinberg), advogada do Professor (Bruno Perillo), líder do Comando. As duas ficam amigas e logo Lúcia é usada em missões ligadas à organização criminosa. Precisando do dinheiro, ela aceita realizar as tarefas. Paralelamente o Comando passa por uma luta interna pelo poder, ampliada pelo confronto dos prisioneiros com o sistema carcerário. Quando o governo decide transferir, de uma só vez, centenas de presos para penitenciárias de segurança máxima no interior do estado, o Comando envia a ordem para que seus integrantes realizem uma série de ataques em pleno Dia das Mães, deixando a cidade de São Paulo sitiada.


DURAÇÃO: 1h 20min.
GÊNERO: drama , susense
DIREÇÃO: Sergio Rezende
LANÇAMENTO: 2009

BOM FILME!

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FILME-SEM CONTROLE


Falando sério, filme nacional autoral e bom demais.
Tres coisas que me agradam de cara nesse filme é por ser uma trama psicológica, ter sido dirigido por uma mulher a Cris d'Amato, a outra é a presença do gratíssimo Eduardo Moscovis.

O filme é sedutor, carregado na medida certa daquele erotismo característico do cinema brasileiro.
Quem lembra da série " Presença de Anita"? Pois é isso que rola com o personagem Danilo.

Danilo (Eduardo Moscovis) é um diretor de teatro obcecado com a injustiça cometida contra o fazendeiro Manoel da Motta Coqueiro,
caso que iniciou o processo de extinção da pena de morte no Brasil. Estimulado por uma mulher linda e misteriosa, Danilo passa a ensaiar uma peça sobre a vida de Motta Coqueiro, com ele próprio interpretando o fazendeiro e os demais personagens sendo vividos por pacientes psiquiátricos.
Não falo mais nada para não tirá a graça do filme.

Obs.: achei as técnicas de filmagem muito bem empregadas para o contexto do filme.

BOM FILME!

GÊNERO: drama/romance
LANÇAMENTO: 2007
DURAÇÃO: 1h 30 min.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013 0 comentários

VOCÊ SABE O QUE ACONTECEU NO DIA 12 DE AGOSTO...


Hoje é Meu Aniversário, Dia Nacional das Artes, Dia do Cortador de Cana, Dia Internacional da Juventude.


VOCÊ SABE O QUE ACONTECEU NO DIA 12 DE AGOSTO...

1798
Foi publicado o Manifesto dos Conjurados Baianos, conhecido como a Revolta dos Alfaiates

1893
Encerrou o Congresso Internacional dos trabalhadores Socialistas, em Zurich, em que Friedrich Engels pronunciou o discurso de encerramento.

1908
Lançado o primeiro carro Ford modelo T, ao preço de 900 dólares.

1923
A televisão foi inventada nos Estados Unidos por Vladimir Kosma Zworypin

1927
Entrou em vigor no Brasil a chamada Lei acelerada, que obrigou o PCB, voltar pra clandestinidade.

1943 
Nasceu a cantora Clara Nunes, que encantou o Brasil com sua música(pontos) de terreiros

1949

Em Moçambique, o governo português recuperou o Caminho de Ferro da Beira

1950
EUA editam uma cartilha com instruções para defesa da população civil em caso de um possível ataque nuclear.

1957
O Senado dos EUA aprova projeto de 600 milhões de dólares para a construção de uma hidrelétrica nas cataratas de Niágara.

1970
A República Federal da Alemanha e a União Soviética assinaram um acordo reconhecendo a fronteira
ocidental da Polónia

1972
Últimas tropas de combate dos EUA deixam o Vietnam, mas a Força Aérea americana anuncia ter feito pesados ataques ao Vietnam do Norte.

1975
No México, um avião americano foi capturado por transportar vinte toneladas de droga

1984
A convenção do PMDB homologa o nome de Tancredo Neves, como seu candidato à presidência da República.

1985
Um Boeing 747 da Japan Air Lines que ia de Tóquio para Osaka com 524 pessoas a bordo colide com o
monte Ogura ao tentar um pouso de emergência. Só quatro pessoas sobreviveram.

1990
O  então presidente do Iraque Sadão Hussein, declarou a Jihad, (guerra santa) e previu a solução global para os conflitos da região, estabelecendo uma ligação entre a resolução do Golfo e a questão palestina.

1991
O presidente americano George Bush é autorizado pelo Congresso dos Estados Unidos a atacar o Iraque
na Guerra do Golfo. O Iraque havia invadido o país vizinho, Kuwait.

1993
Numa mudança de posição radical quanto à subordinação do Tibet à China, dalai-lama, afirma que o
Tibet esta lutando pela autonomia política e não mais pela independência completa.

1992
Grande Teatro de Madri é inaugurado.

1994
Festival de rock and roll  organizado em Nova York relembra o festival de Woodstock, que em
1969, mobilizou a juventude americana com a participação de 400 mil pessoas.

2003
O Tribunal Regional Federal de Brasília libera para plantio e comercialização a soja do tipo RR
(Roundup Ready), geneticamente modificada para suportar um herbicida.

ANIVERSARIANTES:

1928 - Vera Nunes, atriz brasileira.

1930- George Soros, ativista político e especulador norte-americano.

1931 - William Goldman, escritor americano.

1938 - Edney Giovenazzi, ator brasileiro.

1947- Amedeo Minghi, cantor e compositor italiano.

1948 - Ana de Hollanda, cantora e compositora brasileira.

1949- Fernando Collor de Mello, 32º presidente do Brasil.

1953 - Carlos Mesa, político boliviano.

1954- François Hollande, presidente da França.

1960- Gilberto Kassab, político brasileiro.

1971- Pete Sampras, ex-tenista norte-americano.

1979- Waldir Papel, futebolista brasileiro.

1980- Javier Chevantón, futebolista uruguaio.

1981- Djibril Cissé, futebolista francês.

1983- Kléber Gladiador, futebolista brasileiro.

1990 - Mario Balotelli, futebolista italiano.

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SÍMBOLOS E REPRESENTAÇÕES DE OBJETOS E DO IMAGINÁRIO.




"O campo de estudo da sociologia do corpo físico humano é o fenômeno social e cultural, termos de símbolos e representações de objetos e do imaginário. As ações que tecem o tecido da vida cotidiana, desde o mais mundano é despercebida para aqueles que ocorrem na arena pública, envolvendo a intervenção da corporeidade. 

O corpo, moldado pelo contexto social e cultural em que o ator está imerso, é o vetor semântico pelo qual a evidência constrói a relação com o mundo. Inclui atividades de percepção, mas também a expressão de sentimentos, as convenções da interação rituais, gestos e mímicas, a encenação da aparência, jogos sutis da sedução, técnicas do corpo, treinamento físico, a relação com sofrimento e dor, etc. 

A existência é, no primeiro exemplo do corpo. Quando perguntados sobre qual partido tem a carne na relação do homem com o mundo, a sociologia enfrenta um vasto campo de estudo. Aplicada ao corpo, o seu objetivo é realizar o inventário e compreensão das lógicas sociais e culturais que andam ao longo da espessura e os movimentos do homem. "

BRETON
sexta-feira, 9 de agosto de 2013 0 comentários

GEORG TRAKL - poesia







Aos Emudecidos
Oh, a loucura da cidade grande, quando ao entardecer
Árvores atrofiadas fitam inertes ao longo do muro negro
Que o espírito do mal observa com máscara prateada;A luz, com açoite magnético, expulsa a noite pétrea.
Oh, o repicar perdido dos sinos da tarde.

A puta, em gélidos calafrios, pare uma criança morta.
A cólera de Deus chicoteia enfurecida a fronte do possesso,
Epidemia purpúrea, fome que despedaça olhos verdes.
Oh, o terrífico riso do ouro.

Mas quieta em caverna escura sangra muda a humanidade,
Constrói de duros metais a cabeça redentora.

(Trakl -Trad. Cláudia Cavalcante)

"Nascido em 1887 e falecido em 1914, Traki é talvez o maior expoente da poesia expressionista alemã. Dado a excessos, consumia desde jovem grandes quantidades de cocaína e ópio, daí ter morrido jovem, 27 anos.A angústia e a subjetividade da vivência interior face à vivência exterior são marcas dua sua poesia."
terça-feira, 6 de agosto de 2013 0 comentários

AMOR MADURO



O amor maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas quase silencioso. Não é menor em extensão.
É mais definido, colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações: presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas: amplia-se com as ausências significantes.

O amor maduro somente aceita viver os problemas da felicidade.
Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem e o prazer.
Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.

O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão.
Basta-se com o todo do pouco.
Não precisa nem quer nada do muito.
Está relacionado com a vida e a sua incompletude, por isso é pleno em cada ninharia por ele transformada em paraíso.
É feito de compreensão, música e mistério.
É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança.
O amor maduro não disputa, não cobra, pouco pergunta, menos quer saber. Teme, sim. Porém, não faz do temor, argumento.
Basta-se com a própria existência.
Alimenta-se do instante presente valorizado e importante porque redentor de todos os equívocos do passado.
O amor maduro é a regeneração de cada erro.
Ele é filho da capacidade de crer e continuar, é o sentimento que se manteve mais forte depois de todas as ameaças, guerras ou inundações existenciais com epidemias de ciúme.

O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa.
Ele vive do que não morreu mesmo tendo ficado para depois.
Vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados cheios de sementes.
Ele não pede, tem.
Não reivindica, consegue.
Não persegue, recebe.
Não exige, dá. Não pergunta, adivinha.
Existe, para fazer feliz.
Só teme o que cansa, machuca ou desgasta.


sexta-feira, 2 de agosto de 2013 0 comentários

HOJE TOMEI A DECISÃO DE SER EU



Hoje Tomei a Decisão de Ser Eu

Hoje, ao tomar de vez a decisão de ser Eu, de viver à altura do meu mister, e, por isso, de desprezar a ideia do reclame, e plebeia sociabilizacão de mim, do Interseccionismo, reentrei de vez, de volta da minha viagem de impressões pelos outros, na posse plena do meu Génio e na divina consciência da minha Missão. Hoje só me quero tal qual meu carácter nato quer que eu seja; e meu Génio, com ele nascido, me impõe que eu não deixe de ser. 
Atitude por atitude, melhor a mais nobre, a mais alta e a mais calma. Pose por pose, a pose de ser o que sou. 

Nada de desafios à plebe, nada de girândolas para o riso ou a raiva dos inferiores. A superioridade não se mascara de palhaço; é de renúncia e de silêncio que se veste. 
O último rasto de influência dos outros no meu carácter cessou com isto. Reconheci — ao sentir que podia e ia dominar o desejo intenso e infantil de « lançar o Interseccionismo» — a tranquila posse de mim. 
Um raio hoje deslumbrou-me de lucidez. Nasci. 

Fernando Pessoa, 'Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação'
quinta-feira, 1 de agosto de 2013 0 comentários

AMOR VIRTUAL

Foto: AMOR VIRTUAL 

Huuuuum!
Meu amor virtual!

Como é que eu pude assim
Gostar de alguém
Que só vejo de longe
E nunca beijei
Foi como uma luz
Forte atração
Foi como ver o sol
Em plena escuridão...

Me deixa ver você
Liga o computador
Me diz onde te encontrar
Que eu já vou
Me deixa ver você
Dançar de novo pra mim
Vem cá
Quero te conhecer..

Deixa eu beijar você
Deixa eu abraçar você
Meu amor virtual!
(só você)
Quero sentir teu prazer
De um jeito natural
Meu amor virtual!
Hiê Hiê! Ooooh!

-"Abra sua cam
E o seu coração
E mostre todo o seu
Poder de sedução
Só te conheço assim
Pelo computador
Me apaixonei agora
Vivo essa dor
Queria te tocar
Te acariciar
Chega de dizer
Quero conversar
Quem sabe te convencer
Ao dizer
Que não é virtual
O que eu sinto por você"

O mundo hoje em dia
Até que tá legal
Cyberneticamente
Tudo natural
Mais namorar assim
Sem poder te tocar
Aí já é querer demais
Não dá prá aguentar...

Me deixa ver você
Liga o computador
Me diz onde te encontrar
Que eu já vou
Me deixa ver você
Dançar de novo pra mim
Vem cá
Quero te conhecer...

Deixa eu beijar você
Deixa eu abraçar você
(só você)
Meu amor virtual!
Quero sentir teu prazer
De um jeito natural
Meu amor virtual!
Hiê Hiê! Ooooh!

-"Essa história de amor
Pelo computador
Que era de prazer
Hoje é de dor
Posso sentir o perfume
De sua pele
Cada vez que pela cam
Você se mexe
Dançando e exibindo
Toda sensualidade
Até parece
Que te tenho de verdade
Me manda um e-mail
Vem, faz um contato
Me faz sentir
Que realmente sou amado"

Deixa eu abraçar você
Deixa eu beijar você
(só você)
Meu amor virtual
Quero sentir teu prazer
De um jeito natural
Meu amor virtual!
Meu amor virtual!
Meu amor virtual!
Meu amor virtual!!!!

Sampa crew

AMOR VIRTUAL

Huuuuum!
Meu amor virtual!

Como é que eu pude assim
Gostar de alguém
Que só vejo de longe
E nunca beijei
Foi como uma luz
Forte atração
Foi como ver o sol
Em plena escuridão...

Me deixa ver você
Liga o computador
Me diz onde te encontrar
Que eu já vou
Me deixa ver você
Dançar de novo pra mim
Vem cá
Quero te conhecer..

Deixa eu beijar você
Deixa eu abraçar você
Meu amor virtual!
(só você)
Quero sentir teu prazer
De um jeito natural
Meu amor virtual!
Hiê Hiê! Ooooh!

-"Abra sua cam
E o seu coração
E mostre todo o seu
Poder de sedução
Só te conheço assim
Pelo computador
Me apaixonei agora
Vivo essa dor
Queria te tocar
Te acariciar
Chega de dizer
Quero conversar
Quem sabe te convencer
Ao dizer
Que não é virtual
O que eu sinto por você"

O mundo hoje em dia
Até que tá legal
Cyberneticamente
Tudo natural
Mais namorar assim
Sem poder te tocar
Aí já é querer demais
Não dá prá aguentar...

Me deixa ver você
Liga o computador
Me diz onde te encontrar
Que eu já vou
Me deixa ver você
Dançar de novo pra mim
Vem cá
Quero te conhecer...

Deixa eu beijar você
Deixa eu abraçar você
(só você)
Meu amor virtual!
Quero sentir teu prazer
De um jeito natural
Meu amor virtual!
Hiê Hiê! Ooooh!

-"Essa história de amor
Pelo computador
Que era de prazer
Hoje é de dor
Posso sentir o perfume
De sua pele
Cada vez que pela cam
Você se mexe
Dançando e exibindo
Toda sensualidade
Até parece
Que te tenho de verdade
Me manda um e-mail
Vem, faz um contato
Me faz sentir
Que realmente sou amado"

Deixa eu abraçar você
Deixa eu beijar você
(só você)
Meu amor virtual
Quero sentir teu prazer
De um jeito natural
Meu amor virtual!
Meu amor virtual!
Meu amor virtual!
Meu amor virtual!!!!

Sampa crew


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AMOR ONLINE



AMOR ONLINE


Amor, quando você não vem.. Meu coração não se contém. Chora de tristeza, Por estar nesta solidão intensa Procuro por você na rede... De um site a outro De uma janela a outra Cadê você? É hora... a hora marcada E nada! Você não vem?


Minha respiração para. Pensar que você não vem... O que será que tem? É o servidor novamente? Conexão falha... igualmente... As luzes lá fora vão se ascendendo... Meu coração batendo... O luar chega devagar... Sentindo que pode vagar... Tranqüilo e sedutor.. Faz-me lembrar suas palavras de amor.


Os primeiro raios começam a se arriscar, Por sobre meus cabelos através da janela, a brilhar... É ele... chegou! Com um cumprimento de amor, Trás todo o seu ardor. De desejos incontidos, Antes reprimidos. Agora num chat declarado. Nosso amor vai ficar grudado. Denso, como às vezes penso. Amor, to morrendo... De vontade de você!


Rosy Beltrão

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AMORES



Que faço dos amores que aqui passaram? Das cicatrizes impregnadas na lembrança? Se neste coração apenas a dor deixaram, E sonhos que renascem cheios de esperança?  Adormeço agarrada na saudade, Querendo apenas sentir tua magia. Na alma eu busco a liberdade, E nesta cama... Chorar de alegria!  

A dor que me consome o peito De tanto sufocar os desejos Faz meus olhos chorar em teu leito,  Busco recordações dos momentos  Em que você foi todo meu encanto. Hoje? Somente o desencanto!

Ivaneti Nogueira
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AUSÊNCIA



O que faço? Tudo esta igual… Suas lembranças me fazem chorar, Me esforço para não pensar, Mas meu coração vai mal!  É grande demais essa paixão. Esse amor só sabe me destruir! Quero fugir da vida, desta solidão, Encontrar um cantinho só para dormir.  Quero o silêncio para esquecer sua voz, Deixar os lábios mudos, sem dizer nada, Já não leio poesia para não pensar em nós.  Aqui perguntam por você a toda hora… Vou dar ordem para não falar seu nome. Sinto muito! Preciso colocar um fim agora.


Ivaneti Nogueira
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FALANDO DE AMOR


A Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois. A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. É o mais independente também.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi. Ter afinidade é muito raro. Mas, quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento. Afinidade é sentir com, Não é sentir contra, Nem sentir para, Nem sentir por, Nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.

Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios. Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar,ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.. Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.

É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades. Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram.

Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida. para que a maturação comum pudesse se dar. E para que cada pessoa pudesse e possa ser,cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.

Artur da Távola
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AMAR

















Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? Amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? amar o que o mar traz à praia, e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o áspero, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade
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AMOR A SEU TEMPO




Amor é privilégio de maduros estendidos na mais estreita cama, que se torna a mais larga e mais relvosa, roçando, em cada poro, o céu do corpo. É isto, amor: o ganho não previsto, o prêmio subterrâneo e coruscante, leitura de relâmpago cifrado, que, decifrado, nada mais existe valendo a pena e o preço do terrestre, salvo o minuto de ouro no relógio minúsculo, vibrando no crepúsculo. Amor é o que se aprende no limite, depois de se arquivar toda a ciência herdada, ouvida. Amor começa tarde.

Carlos Drummond de Andrade
 
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