Pela primeira vez pode soltar seus cabelos sem culpa, usá-los bem cheios, propositadamente para o alto.
A principio não se agradou muito, mas foi preciso assumir integralmente esse papel, já que agora, assumia a liderança de um movimento negro.
Alguém que jamais assumira sua negritude passou a ser responsável por defender os direitos e integridade dos negros.
Claudia a muito tempo perdera sua personalidade, apenas interpretava o papel que se fizesse preciso.
Não conseguia ser gente.Não conseguia se aceitar como negra, mas também, não conseguia ser branca.
Envolvida por seus complexos, tornou-se uma pessoa de interesses fúteis e amargurada, preocupada apenas consigo mesmo.
Necessitava se fazer notar, assumiu um estilo espalhafatoso, unhas compridas. O sorriso que já era forçoso, passou a transparecer cinismo.
Frequentava festas, comprava roupas caras, viajava. Porém, nada foi capaz de trazer de volta sua humanidade.
Claudia era uma mulher seca. Dona de uma secura profunda, que vinha do útero. Estéreo não se permitia a compaixões.
Quem teve a oportunidade de conhecer melhor a pobre Claudia só descobriu vazio.
O trabalho que se confundia com as suas atividades políticas tornara-se seu refugio.
As amigas de trabalho a tratavam bem, algumas até a bajulavam, mas bastava dar-lhes as costas e os murmúrios começavam.
Quando tentava ser simpática acabava tendo o seu nome envolvido em alguma fofoca. Ninguém gostava verdadeiramente de Caudia, apenas a toleravam.
Defendia-se dizendo para si mesma e para quem quisesse ouvir que não se importava. Fingia acreditar que tudo não passava de inveja.
Porém, muitas noites chorou, agarrada ao travesseiro, cansada e sentindo-se profundamente sozinha.
Fazia-se de forte mais tinha muitos medos. Deu para pensar em morte. Sentia-se velha e passou a esconder a idade.
Havia uma espécie de relógio cuco em sua cabeça dizendo:
Tempo, tempo... tempo!
Claudia agora revoltava-se contra a vida!
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Obrigada pela sua opinião e um grande abraço de Jaqueline Ramiro/blog Sou Maluca Sim!