2c6833b0-77e9-4a38-a9e6-8875b1bef33d diHITT - Notícias Sou Maluca Sim!: novembro 2011
quinta-feira, 24 de novembro de 2011 0 comentários

MINHA AVÓ DE NOME THEREZA


























Minha Theresa era mineira não me recordo de qual cidade o que sei é que o nome começava com três. Não sei quais as razões a trouxeram ao Rio de Janeiro ainda mocinha. Aos treze anos de idade morava com condições precárias em uma comunidade que prefiro não mencionar o nome. Todos os dias subia e descia essa comunidade acompanhada da mãe para ire junto a essa trabalhar de domestica no que chamamos casa de família.
Imagino que até os dias de hoje muitas moças ainda façam o mesmo.

O problema é que nessas idas e vindas um rapaz mais velho se engraçou por ela e mesmo sem que ela mostrasse qualquer interesse ele estava decidido a obtê-la a qualquer custo. Dizem que minha bisavó ( mãe da menina) pediu a esse rapaz que tivesse respeito. já que, se tratava de uma moça de família. O pedido foi entendido como  desafio  e o rapaz era um dos "cabeças" dessa comunidade, portanto, escolhia a mulher que quisesse ter. 
Nesse caso ele escolheu a mais bonita: minha avó quando menina.

Ao voltarem já ao anoitecer para casa as duas foram apanhadas em emboscada. O rapaz violentou minha na frete da própria mãe. Era uma menina de com apenas 13 anos. A partir desse dia minha avó passou a ser posse dele. Poucos meses depois minha bisavó faleceu. Dizem que foi do coração, mas prefiro dizer que foi de desgosto. 

Não sei como as coisas se deram, mas sem pai, mãe ou qualquer parente próximo, minha avó ficou com esse homem até o último dia de vida dele. Minha engravidou e seu primeiro filho nasceu com sérios problemas físicos e mentais, morrendo mais ou menos aos 10 anos de idade. O segundo filho veio logo, pois o resguardo não foi respeitado. Esse se tornou meu pai biológico. Dando um total de 9 filhos vivos.

Minha avó apanhava muito do marido e apanhavam também as criança. 

Algo que ainda não comentei: minha avó a pesar de linda tinha duas finas cicatrizes que lhe atravessavam o rosto. Essa foram feitas a corte de navalha pelo meu avô por ele ter se sentido contrariado por ela. Dizem que meu avô era muito ciumento. tinha raiva da beleza de Thereza que não se apagava nem com o sofrimento. 

Minha avó só se livrou do suplicio em que vivia quando meu avô entrou para a igreja e resolveu abandonar a comunidade migrando para uma menor. Viveu quase dois anos assim até que um dia por volta da meia noite, sabe-se lá o que ele estava fazendo em um bairro muito distante do que morava foi reconhecido por alguém que atirou nele. Baleado correu até a porta de um hospital que ficava próximo vindo a falecer na entrada.

Acho que foi a primeira vez que minha parentela paterna apareceu nos jornais. 


quarta-feira, 23 de novembro de 2011 0 comentários

BARRACO DE MADEIRA, GENTE DORMINDO NO CHÃO



Continuação...

No fundo vi uma cama de casal cheia de crianças e nela também tinha uma senhora mulata de olhos vivos e bem castanhos. Ela se inclinou e pediu para que eu fosse até ela. Tive dificuldade de passar por entre as pessoas que estavam no chão e todas apesar de caladas me espiavam. Ela me abraçou, me beijou e sorrindo dizendo:
- essa é a minha neta, minha netinha querida. Eu sabia que ela viria.

Tirou minha sandália e me deitou na cama junto com ela. Não tinha sono, mas como de costume fiquei o mais quieta que podia até o sono chegar. Senti saudade da minha outra avó, mas não chorei. Desde sempre a vida me ensinou a ser forte. 

A parti daqui sinto-me obrigada a falar de Theresa minha querida avó. Hoje  falecida, mas foi uma das pessoas que Deus colocou no meu destino para me dar e mostrar grandes lições. Poucas pessoas conheci que sofreram tanto como essa mulher, mas ela era de um dignidade sem comparação. Nem o sofrimento, nem a pobreza extrema, ou mesmo os problemas causados pelo alcoolismo do fim de sua vida, foram capazes de anular sua beleza.

Minha vó foi muito querida por todos. Quase nada tinha de seu, mas nuca se negava a prestar ajuda a quem a pedisse. Pouco pude conhecer de seu passado, porém o que pude ficar sabendo me gela o coração. E mesmo assim ela sempre sorria, sempre tinha um abraço, um carinho. E o mais importante para mim. Foi uma das poucas pessoas que tiveram convivência comigo e nunca tentou de alguma forma me prejudicar, me humilhar ou tirar vantagem disso. Acho que minha avó realmente acreditava que eu era uma princesa. Bom, se eu era uma princesa ela era uma rainha.

Na minha próxima passagem contarei o pouco que sei sobre ela.
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O HOMEM NEGRO NO PORTÃO DISSE QUE ERA MEU PAI






Era noite e um homem alto e negro chamou no portão da varanda. Me afastei e chamei a minha como era de meu costume fazer quando chegava algum estranho. O homem perguntou se eu não o conhecia, se eu não lembrava dele. Disse imediatamente que não e fiquei um pouco assustada. Ele disse que era o meu pai.

Pensei: ????????????
Se fosse hoje o pensamento seria algo como: que Porra é essa?
Bom, era do meu conhecimento que eu tinha um pai, só não entendia muito o que era, e para que servia isso.

Assim que chegou, minha avó mandou ele entrar. Conversaram um pouco sem qualquer sobressalto e depois de algum tempo minha  materna me arrumou com o melhor vestido, penteou meus cabelos, passou perfume e disse para eu sair com aquele homem. Não teve santo para me convencer a sair dali, até hoje não sei se foi por medo do estranho ou por presságio. Porém não teve jeito, minha avó me obrigou a ir.

O homem de cabeça baixa e sem graça disse mais uma vez que era meu pai. Perguntei o nome dele, tive por resposta o nome Carlos. Perguntei a onde estávamos indo, respondeu que iriamos tomar sorvete.
Passamos pela padaria e nada de sorvete. Continuamos a andar.

Ele carregava uma bolsa grande e pesada de duas alças e camuflada hoje sei que era uma bolsa de quartel (militar).
Apanhamos um ônibus. Tive ainda mais medo. Sempre associei ônibus a longas distâncias. Quis chorar e perguntei mais uma vez para onde íamos. Ele disse que estava me levado para conhecer minha outra avó. 

Dessemos do ônibus em um lugar que eu não conhecia e andamos muito. Fiquei cansada. O homem parecia cansado também e trocava a bolsa de um lado para o outro do ombro, a toda hora, mas mesmo assim me carregou no colo por algumas partes do nosso trajeto.

Entramos em uma rua de pessoas muito pobres, cortada transversalmente por um rio e cheia de barracos, muita agitação, muitas pessoas. Entramo em uma viela que ficava de frente para um boteco cheio de bêbados. Fiquei ainda mais assustada. No chão havia algumas tabuas e corria uma água preta e fedida. Até hoje quando passo por esgoto aberto recordo imediatamente desse lugar.

Naquele lugar estreito e fedorento caminhamos até o ultimo barraco que era feito apenas de telha e madeiras.
O homem bateu na porta improvisada, quando essa foi aberta, para a minha surpresa estava cheia de gente, deitadas umas amontoadas sobre as outras e alguns tiveram de se levantar para que eu e o homem pudéssemos entrar.

links indicados: BARRACO DE MADEIRA, GENTE DO

sexta-feira, 11 de novembro de 2011 0 comentários
Quase todas as noite sonhava com a minha avó devia de ser por causa da saudade e a esperança de que ela voltasse. Sonhava com ela brincando comigo e por detrás dela um arco-íris, ela voando com um vestido branco de bolinhas grandes prestas e me chamando para ficar junto dela. Os sonhos eram completamente sem sentido, mas me deixavam muito feliz.

Quando minha avó voltou estava magra e ficava a maior parte do tempo deitada na cama ou no sofá e a medida em que ela foi se recuperando de mais esse enfarte lembro de dizerem que ela não podia pegar a vassoura para varrer porque esse tipo de exercício poderia sobrecarregar o coração.

Voltei a ficar com a minha avó e a casa passou a ficar mais cheia por conta das inúmeras visitas.
sábado, 5 de novembro de 2011 0 comentários

Raios de Sol



De manhã acordava com os raios de sol que passavam pelas frestas da janela antiga pitada de azul e talvez essa seja uma das razões de eu gostar tanto de azul. Tomava o café da manhã com toda calma, e toda tranquilidade que se possa ter. Meu avô sempre dizia alguma coisa engraçada e explicava com minha avó só para ela retrucar as piadas dele. Muitas vezes ela acabava retrucando com palavrões que só ela conhecia. Todos riamos muitos. Depois eu ia brincar com o cachorro que ainda não tinha sido preso, Rosse meu único e fiel amigo, até que minha avó começa-se a regar as plantas.





Era bom nos dias de calor quando minha vó regava as plantas porque assim eu podia brincar com as poças de água que se formavam na varanda. Mas teve um dia muito diferente dos demais.






A noite já tinha sido tumultuada, minha progenitora não sei por que razão dormiu na casa de minha avó o que não era comum acontecer, mas se acontecia era sinonimo de confusão. O resultado dessa noite foi uma briga com meu tio mais novo, figura que sempre me deu medo. Ele era grande gritava muito e assim como minha progenitora não havia o que o parasse.





Então pela manhã quando eu e minha avó regávamos as plantas ouvíamos uma discurssão, e berros e barulho foi aumentando e escutamos coisas batendo ou sendo arremessadas.





Minha vó deu um berro de PARAAAA. o QUE ESTÁ ACONTECENDO. Nisso me sai aqueles dois marmanjos engalfinhados dizendo que matariam um ao outro.





Minha avó estava em pé encima de uma cadiera de ferro tentando regar a parte mais alta da samambaia e dali mesmo ela desabou. Tentei gritar socorro, mas não consegui.



Minha avó ficou estatelada no chão, não se mechia. A briga parou, chegaram alguns vizinhos, não me deixaram ficar abraçada a ela. Fiquei sozinha na sala ouvindo apenas o rumores sem saber o que realmente acontecia.



Minha vó sumiu, não a vi mais por muitos dias. Fiquei aos cuidados da minha progenitora. Sobe tratamento VIP que incluíam ao menos uma surra por dia. Humilhações... humilhações, tive muito medo pesei que aquilo não fosse acabar.





 
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