2c6833b0-77e9-4a38-a9e6-8875b1bef33d diHITT - Notícias Sou Maluca Sim!: outubro 2013
quinta-feira, 31 de outubro de 2013 1 comentários

Sou Maluca Sim!

 

O ser humano desenvolve suas habilidades ou já nasce com elas?

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ACONTECE


Bateram à minha porta em 6 de agosto,
 aí não havia ninguém
 e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira
 e transcorreu comigo, ninguém.

Nunca me esquecerei daquela ausência
 que entrava como Pedro por sua causa
 e me satisfazia com o não ser,
 com um vazio aberto a tudo.

Ninguém me interrogou sem dizer nada
 e contestei sem ver e sem falar.

Que entrevista espaçosa e especial!

( Pablo Neruda )
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ESPEREMOS


Há outros dias que não têm chegado ainda,
 que estão fazendo-se
 como o pão ou as cadeiras ou o produto
 das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
 que levantam e pesam e preparam
 certos dias amargos ou preciosos
 que de repente chegam à porta
 para premiar-nos
 com uma laranja
 ou assassinar-nos de imediato.


( Pablo Neruda )
domingo, 27 de outubro de 2013 1 comentários

UMA MULHER LINDA


 

Pergunta que mata de medo as mulheres é:

afinal, o que quer o homem numa mulher?



Recentemente participei de um debate sobre a trilogia "Cinquenta Tons".


Muitas críticas: típico best-seller que identifica um drama universal (o amor) e propõe uma solução "easy" (seja sadomasô light e o casamento virá); a srta. Steele (a heroína) não está a altura de Lady Chatterley (de D.H. Lawrence) nem das irmãs Justine e Juliette (do Marquês de Sade) nem da personagem de "História de O" (de Anne Desclos, sob o pseudônimo Pauline Réage), porque a srta. Steele se vende por um MacBook Pro, enquanto as outras são para valer. Tudo verdade.


O maior pecado de "Cinquenta Tons" é que ele vende uma fantasia: o homem ideal. Christian Grey é rico, bonito, inteligente, viril, experiente. Mas o fato é que as mulheres desejam mesmo homens fortes, viris, sensíveis até a página três, ricos não só de grana. Enfim, "Cinquenta Tons" vende porque fala para todas as mulheres, bobas, ignorantes, cultas ou críticas. Mas, como virou moda mentir, ninguém confessa.


Dias depois do debate, revi um filme idiota americano (como "Cinquenta Tons"), em que um milionário fodão (interpretado por Richard Gere) contrata uma garota de programa (Julia Roberts, ah! Se todas fossem iguais a você, Julia, que maravilha viver...) e acabam se apaixonando. Claro, o filme é "Uma Linda Mulher". A fórmula clara da gata borralheira do sexo que vira a esposa Cinderela.


Mas o longa é muito mais do que isso. Diante da crítica histérica de que é mais um filme machista (que sono...), vale notar que ele faz a pergunta que mata de medo as mulheres: afinal, o que quer o homem numa mulher?


Dirão as apressadas que o homem quer que a mulher traga uma cerveja e venha pelada. Errado: melhor de calcinha e salto alto. Seria a superficialidade masculina o último bastião da ideologia "dominante"? Bastião este que agrada a todas as mulheres porque as acalma: os homens só querem uma bunda!


O filme toca num tema atávico que deixa mesmo as meninas "críticas" de cabelo em pé: seria a garota de programa a mulher ideal?


O personagem de Gere é fodão. Ele sabe o que os fodões sabem: o mundo é repetitivo, e as pessoas são previsíveis. Querem dinheiro, reconhecimento e "serviços", e fazem qualquer coisa para conseguir, embora neguem.


Se, no fundo, todos estão à venda por "um programa" de sucesso, melhor sair com alguém mais honesto: a garota de programa é a mulher menos cara do mundo. Ela "só" quer dinheiro, e isso às vezes é uma bênção. Ela é a mulher ideal porque é a única diante da qual o homem relaxa.


Afinal, o que quer o homem numa mulher? Num dado momento do filme, Gere diz à bela Roberts: "As pessoas são previsíveis, mas você me surpreendeu" (não vou contar detalhes).


Não devemos menosprezar essa fala e o que acontece depois, o apaixonar-se pela garota de programa. Gere sabe o que diz: as pessoas são mesmo previsíveis. Mas hoje a moda é dizer que são todas "únicas".


La Roberts encanta o fodão porque ela não é óbvia, e a mulher óbvia só quer fodões.


Graças a ela, ele rompe o ciclo da desconfiança causada pela obviedade das mulheres, e graças a ele, ela se cansa de ser puta, porque a puta não é uma mulher de verdade.


Os homens sentem que as mulheres querem deles apenas sucesso (em todos os sentidos). Mas hoje virou moda dizer que isso não é verdade. Ficou pior porque continua sendo verdade, mnas, quando o cara sente isso, ele deve se sentir um machista porque sabe disso.


O homem quer uma mulher para quem ele não tenha que ser o sr. Grey, mas a mulher não perdoa um homem fraco. A garota de programa perdoa porque "só" quer dinheiro.


A fraqueza masculina aniquila o desejo da mulher. Mas, como essa mulher ideal não existe (assim como o sr. Grey), o ideal acaba ficando colado ao corpo irreal da namorada "paga".


Mesmo sabendo que sr. Grey (um fodão) não existe, as mulheres não suportam homens que não se pareçam com ele, e esta é a verdade suprema de "Cinquenta Tons".


Por fim: uma amiga minha, psicóloga, me disse que muitos dos seus pacientes vêm ao consultório falar de como suas mães (fálicas) destroem seus pais (fracos).


São essas mulheres fálicas, segundo ela, que à noite gemem de solidão sonhando com o sr. Grey.


Óbvio?

LUIZ FELIPE PONDÉ
sábado, 26 de outubro de 2013 1 comentários

PROCURA-SE



Eu gostaria que aparecesse na minha vida, por preferência, um homem moreno, alto, que esteja por volta de seus 40 anos, mas que não seja brocha e goste realmente de sexo.

Desde já,  deixo bem claro, não quero homem para casar. Quero alguém para quebrar a rotina, vê vez em quando, dar muitos beijos acompanhados de uns amassos, ter curtas e animadas conversas, rir e depois deixar livre. 

Necessito de um homem discreto,  o qual seus conhecimentos ultrapassem o caderno D do jornal e  seja cheiroso. Poucas coisas são mais afrodisíacas que inteligencia, delicadeza e um bom perfume.  


Por favor; Odeio homens que falam muito alto, ou que tratem mal o garçom e pessoas subordinadas. Pessoas educadas sendo necessário sabem se impor sem precisar humilhar ninguém. Dispenso homens que ficam dando cantadas em todas as mulheres que encontra no caminho. Desses estou fora. Para esse tipo de homem, ainda imaturo, qualquer mulher ou coisa serve. Sou um presente raro, de valor inestimável, não me entrego a quem não saiba valorizar.


Me deixaria feliz se souber falar, ainda que pouco, espanhol e italiano, goste de viajar e vez por outra me acompanhe em eventos culturais e artísticos. 

Em resumo desejo   o que muitas outras mulheres gostaria de encontrar, alguém para sexo com vontade, sem muito compromisso. Boa conversa e alguma diversão.

Porque estou num arrependimento danado de não ter me tornado uma puta. Depois desses anos todos de casada, penso que me resta agora é correr atrás do prejuízo enquanto há tempo.
Mais só até o meio dia de hoje. Porque depois do almoço todos os impulsos passam e volto a ser a mulher sensata de sempre.



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QUANDO A FILA NÃO ANDA


As duas chegaram na minha frente rindo muito, felizes da vida. Eu, sentada atrás de uma mesa, tirei conclusões apressadas: são irmãs, são amigas de infância, são colegas de trabalho, talvez até namoradas. Autografei o livro para uma, autografei depois o da outra, que eu estava ali a trabalho. E elas se cutucavam, cochichavam, tiravam fotos juntas, não se desgrudavam.


Me surpreendi com aquela alegria tão refrescante, já que o óbvio seria encontrá-las esmorecidas, ambas estavam há mais de uma hora numa fila que andava a passos lentos. A morosidade não era culpa minha, e sim da situação, mas mesmo assim me desculpei e agradeci: obrigada por esperarem tanto. Imagina, em que outro local teria conhecido aqui a Adriana? Filas são ótimas para fazermos novas amizades. E saíram as duas rumo ao primeiro chope de suas vidas agora interlaçadas. 


E já que tudo está interlaçado, no dia seguinte mesmo recebi um e-mail com uma sugestão de texto de uma senhora que não era nenhuma daquelas duas moças, mas que também havia feito uma amizade em uma fila: “Escreva sobre essa conspiração do destino: pessoas que se conhecem enquanto aguardam ser atendidas”. 


Eis-me aqui cumprindo ordens. 


Não odeio filas porque não odeio nada, mas não é um acontecimento pelo qual eu anseie. Fila, para mim, é a representação máxima da perda de tempo, e tempo é algo que valorizo mais do que pérolas, jades, rubis. Não escapo de enfrentá-las em bancos, cinemas e em sessões de autógrafos de amigos escritores, mas não recordo de ter feito alguma nova amizade durante a espera. Ou fiz? 


Sim, conversa-se em filas. Ainda mais se a fila for demorada e provocar queixas: dois irritados é o começo de uma rebelião. Tem uma rede de supermercado na cidade que me deixa com os nervos destruídos, quase já não a frequento, só em raríssimas ocasiões para comprar dois ou três itens urgentes, e mesmo assim ele desafia meu espírito budista com seus poucos caixas abertos, seus funcionários mal treinados, seus carrinhos abandonados no estacionamento, suas sacolas plásticas que não resistem até a chegada em casa. Nem mesmo o cartaz avisando que agora existe um gerente (virtual) adianta grande coisa. Então, na inevitável fila que se forma, viramos todos clientes guerrilheiros a fim de ver sangue. Não inauguramos ali amizades fraternas, mas ter uma raiva em comum já é um elo.


Desviei do assunto. Era para eu ter falado de pessoas que se tornam amigas de infância durante uma conversa em pé, aguardando pacientemente para realizar sua meta. Conclusão? Até das chatices se pode tirar algum proveito. As filas tornaram-se o novo bar – em frente dos quais, aliás, elas se formam também, longas, animadas, fervilhantes, não raro sendo a principal razão de se ter saído de casa.

MARTHA MEDEIROS
sexta-feira, 25 de outubro de 2013 2 comentários

O MITO DE ER

Platão, discípulo de Sócrates, dizia que o poder da virtude era tal que teria repercussões para além da própria e limitada vida de um individuo, ou seja, depois da morte.


O pastor Er, da região da Panfília, morreu e foi levado para o Reino dos Mortos. Ali chegando, encontra as almas dos heróis gregos, de governantes, de artistas, de seus antepassados e amigos. Ali, as almas contemplam a verdade e possuem o conhecimento verdadeiro. Er fica sabendo que todas as almas renascem em outras vidas para se purificarem de seus erros passados até que não precisem mais voltar à Terra, permanecendo na eternidade. Antes de voltar ao nosso mundo, as almas podem escolher a nova vida que terão.

Algumas escolhem a vida de rei, outras de guerreiro, outras de comerciante rico, outras de artista, de sábio. No caminho de retorno à Terra, as almas atravessam uma grande planície por onde corre um rio, o Lethé (que, em grego, quer dizer esquecimento), e bebem de suas águas. As que bebem muito esquecem toda a verdade que contemplaram; as bebem pouco quase não se esquecem do que conheceram. As que escolheram vidas de rei, de guerreiro ou de comerciante rico são as que mais bebem das águas do esquecimento; as que escolheram a sabedoria são as que menos bebem.

Assim, as primeiras dificilmente (talvez nunca) se lembrarão, na nova vida, da verdade que conheceram, enquanto as outras serão capazes de lembrar e ter sabedoria, usando a razão.

(Platão, República. Livro X)
quinta-feira, 24 de outubro de 2013 0 comentários

UM AMOR TÃO BOM



Casados eles não pareciam ser -não um com o outro-, e aquele jantar cedo, num restaurante modesto, comum, era muito bom de se ver.
Estavam sentados um em frente ao outro, e parecia claro que não iriam para a mesma casa depois do jantar, não dormiriam nem acordariam juntos. Por isso, talvez, tinham tanto a se dizer -e se diziam.
Ela às vezes passava a mão na testa dele, afastando uma mecha de cabelo; daí a pouco ele devolvia o carinho e segurava a mão dela num gesto rápido, isso por cima dos pratos, sem que nada fosse fora de propósito nem inadequado, como nunca são os gestos que saem do coração.
Não havia entre eles aquele clima de urgência que precede a ida a um motel, muito pelo contrário; parecia, isso sim, que eles haviam passado a tarde se amando e depois foram a um restaurante, daqueles em que não há risco de encontrar nenhum amigo, para ficarem juntos um pouco mais, o tempo que ainda tinham, sem inquietação, pelo prazer da companhia um do outro. E os carinhos trocados não eram os da paixão, mas os do amor; de um amor sólido e profundo.
Quem mora junto não conversa tanto, olho no olho, porque sabe que tem tempo pela frente: a noite inteira, talvez o resto da vida. Já eles falavam, e os assuntos não eram esses de namorados; falavam de tudo, interessados um no que o outro dizia, trocavam idéias como se fossem dois grandes amigos, o que é raro entre homem e mulher. Ele talvez falasse de um negócio que estava fazendo, ela talvez de um filho (só dela) com problemas; aí, de repente, um carinho -sem olhares melosos, nada. Apenas a necessidade de tocar no outro, só isso. Estavam ali, inteiros, muito próximos e muito seguros.
Ela usava um suéter com um pequeno decote; num determinado momento, ele passou o braço por cima da mesa, botou a mão no ombro dela, escorregou por dentro do suéter pelas costas e ficou uns momentos passando a mão, aquela mão forte de dono, como recordando a tarde que passaram juntos.
Ela não era nem jovem nem linda, nem ele. Eram pessoas absolutamente normais, banais mesmo, daquelas que não chamam a atenção, para quem não se olha duas vezes -talvez nem uma. Mas naquela mesa pequena daquele restaurante banal havia tudo o que uma mulher e um homem podem querer um do outro: confiança, amizade, amor, paixão -mesmo que discreta-, sexo bem resolvido e segurança. Eles iriam se separar daí a pouco, sentiriam falta um do outro, mas sem angústia ou desespero, sabendo que se encontrariam de novo no dia seguinte ou na semana seguinte, confiando no seu próprio desejo e no do outro, porque aquele amor tinha essa coisa tão rara nos amores em geral: era sólido.
Ele pediu a conta, os dois saíram abraçados normalmente; na esquina, ele chamou um táxi para ela, se beijaram rapidamente, ele ficou olhando até o táxi desaparecer, pegou o dele e a noite -eram 9h- acabou por aí.
Acabou é modo de dizer, porque essas noites tão boas não se acabam assim. Ela foi dormir pensando nele, ele pensando nela, e eu pensando neles. Pensando e imaginando quantas pessoas, neste mundo de tantas paixões, vaidades, ansiedades, desvarios, terão tido a sorte de viver um amor assim tão bom.
Não, o amor não é lindo, como se diz banalmente: o amor é muito bonito quando é de verdade, e o deles era.

DANUZA LEÃO
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DA COR BRASILEIRA \ Joyce

De quem falo me acha direita
 Se casa comigo, se rola e se deita
 Me namora quando não devia
 E quando eu queria me deixa na mesa
 De quem falo me fala macio
 E finge que entende o que nem escutou
 Me adora e me quer tão somente
 Enquanto que mente é o que acreditou
 Esse homem que passa na rua
 Que encontro na festa e me vira a cabeça
 É aquele que me quer só sua
 E ao mesmo tempo que eu seja mais uma
 De quem falo ele é feio e bonito
 Mais velho e menino, meu melhor amigo
 É o homem da cor brasileira
 a loucura e a besteira que dorme comigo.


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PAROLAGEM DA VIDA






Como a vida muda.
 Como a vida é muda.
 Como a vida é nula.
 Como a vida é nada.
 Como a vida é tudo.
 Tudo que se perde
 mesmo sem ter ganho.
 Como a vida é senha
 de outra vida nova
 que envelhece antes
 de romper o novo.
 Como a vida é outra
 sempre outra, outra
 não a que é vivida.
 Como a vida é vida
 ainda quando morte
 esculpida em vida.
 Como a vida é forte
 em suas algemas.
 Como dói a vida
 quando tira a veste
 de prata celeste.
 Como a vida é isto
 misturado àquilo.
 Como a vida é bela
 sendo uma pantera
 de garra quebrada.
 Como a vida é louca
 estúpida, mouca
 e no entanto chama
 a torrar-se em chama.
 Como a vida chora
 de saber que é vida
 e nunca nunca nunca
 leva a sério o homem,
 esse lobisomem.
 Como a vida ri
 a cada manhã
 de seu próprio absurdo
 e a cada momento
 dá de novo a todos
 uma prenda estranha.
 Como a vida joga
 de paz e de guerra
 povoando a terra
 de leis e fantasmas.
 Como a vida toca
 seu gasto realejo
 fazendo da valsa
 um puro Vivaldi.
 Como a vida vale
 mais que a própria vida
 sempre renascida
 em flor e formiga
 em seixo rolado
 peito desolado
 coração amante.
 E como se salva
 a uma só palavra
 escrita no sangue
 desde o nascimento:
 amor, vidamor!


Carlos Drummond de Andrade
quarta-feira, 23 de outubro de 2013 2 comentários

A TRISTEZA PERMITIDA




Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?

Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.


Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.


Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.


“Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música.
 Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for.
 Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.


Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.

MARTHA MEDEIROS
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OS LÁBIOS QUE NÃO BEIJEI



Nostalgia. Esta palavra às vezes soa feia, dolorosa. Odeio sentir nostalgia, querer incondicionalmente que um momento no tempo e no espaço se repita; pior, não apenas se repita como tenha um desfecho diferente do ocorrido na realidade. Senti nostalgia por causa de uma ragazza que tentei beijar numa boate, numa sexta-feira de inverno no hemisfério norte.


Eu já estava na boate quando ela chegou. Estrategista, esperei que ela entrasse no clima antes de abordá-la. Havia observado-a durante a semana e me interessado pelo corte de cabelo meio punk que usava. Negros, curtos e com parte da lateral raspada. Cabelo de quem tem algo a dizer. Falei isso pra ela durante o flerte. Ela deve ter gostado, porque começamos a dançar juntos. Cheek to cheek …


Afoito, tentei beijá-la. Ela desviava os lábios, recusava bebida, mas continuava a me abraçar. Margarida era o nome dela. Margarida, eu dizia, imitando a entonação italiana. Marco, respondia ela, ignorando a letra S a pedido meu.


Por várias vezes tirou a bebida das minhas mãos. Por um momento falei que por ela não beberia nunca mais. Falou que não trabalhava na Itália, e disse sim quando a chamei para morar comigo no Brasil. Acariciava minhas costas, meu cabelo, mas continuava a evitar meus lábios. Elogiei seus olhos, seu cabelo exótico, seu nome. Ela me mostrou algumas das suas oito tatuagens, explicou o significado de duas delas e perguntou se eu tinha alguma. Respondi que tatuaria o nome “Margarida”. Ela, claro, não acreditou e repetiu a frase que me dizia desde o início do contato: “you are a badboy”. Nunca uma frase simples com pronúncia elementar havia soado tão bonita. “You are a lier, you are a badboy”, dizia ela, com um apaixonante sotaque italiano. Eu respondia em italiano pré-elementar porém sincero e apaixonado: “piu bella ragazza”.


Margarida perguntou minha idade e disse que faz pilates e yoga. Perguntei se ela casaria comigo. Ela aceitaria, mas sem filhos. Concordamos em ter um cachorro. Nos abraçamos, meus dedos se perderam em seus cabelos, mas os lábios não se tocaram. Ela sabia que aquela era minha penúltima noite por ali e dentro de dois dias eu embarcaria de volta ao Brasil. Passou para mim o número do seu telefone e pediu que eu ligasse ou mandasse mensagem no dia seguinte. Fomos embora juntos e rachamos um táxi. No outro dia mandei uma mensagem, sem resposta. Mais tarde, telefonei e não fui atendido.


No dia seguinte, já com as malas fechadas, resolvi mandar outra mensagem de texto para ela. Só para que ela lembrasse de mim. Escrevi uma breve despedida e o trecho da música de uma banda dos anos 90, Semisonic. O trecho falava de um sorriso secreto que ela teria só para mim. Não esperava resposta, apenas que ela visse a mensagem e se lembrasse, por alguns minutos, da noite que passamos juntos.


Para o meu azar, ela respondeu. Com um verso adaptado da música “We Are Young”, desejou-me boa viagem e escreveu que iria sorrir para mim. Golpe baixo. Voei horas pensando nela. Fiquei aguardando a conexão com a italianinha de cabelo punk na cabeça, torcendo para que ao voltar ao Brasil ela fosse apenas uma recordação distante.

De volta pra casa, recuperando-me da jet lag, fui resolver questões inadiáveis do cotidiano. Para mim, o trabalho é um bom antídoto para curar síndrome do coração partido e certamente uma série de obrigações enfraqueceria a presença da ragazza na minha mente.


A possibilidade de esquecer da italiana que não beijei me motivava a empreender essas atividades ordinárias. Parecia funcionar. Ações como desfazer as malas, separar roupas para lavar e pagar contas ofuscaram a presença da moça em minhas lembranças. Já me considerava curado quando fui verificar meu saldo bancário pela internet.


Ao acessar, descobri que tinha uma nova gerente de relacionamento. O nome dela: Margarida…

MARCOS SACRAMENTO
terça-feira, 22 de outubro de 2013 0 comentários

MAMOM



Mamon é um termo, derivado da Bíblia, usado para descrever riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes, mas nem sempre, personificado como uma divindade. A própria palavra é uma transliteração da palavra hebraica "Mamom" (מָמוֹן), que significa literalmente "dinheiro". Como ser, Mammon representa o terceiro pecado, a Ganância ou Avareza, também o anticristo, devorador de almas, e um dos sete príncipes do Inferno. Sua aparência é normalmente relacionada a um nobre de aparência deformada, que carrega um grande saco de moedas de ouro, e "suborna" os humanos para obter suas almas. Em outros casos é visto com uma espécie de pássaro negro (semelhante ao Abutre), porém com dentes capazes de estraçalhar as almas humanas que comprara.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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A TEORIA DOS MÓDULOS


A cada ato de ódio e ressentimento, corresponde uma reação oposta e imediatamente contrária: um ato de amor. O homem que tem na mão o poder de apertar o botão que aciona o mecanismo da guerra atômica não sabe, ou prefere fingir ignorar, que o botão do seio da mulher amada, de cujo corpo ele usufrui na relação carnal, tem um poder infinitamente maior que qualquer arma nuclear, ou sua soma. Dali nasce a vida, de um contato de dois corpos feitos para se amar; gozar da plenitude física e espiritual desse amor e continuar a vida, no ato da criação.
 

Nada existe de mais revolucionário – porque evolucionário – que a consciência de que só o amor pode salvar o mundo. O amor é a única arma de que dispõe o homem para atravessar uma existência fatalizada pelo sofrimento de nascer, crescer, conviver, trabalhar, amadurecer e por fim morrer dentro de uma sociedade condicionada pelo lucro, pelo prazer e pela intolerância. Uma sociedade cuja cúpula odeia o amor e o considera, no fundo, uma desconversa diante de entidades mais importantes, quais sejam o poder econômico e político, o sentimento de mando, a superioridade hierárquica e de casta: a Supremacia e o Preconceito, enfim, sob todas as suas formas.
 


O terrível nisso tudo é que se vai fazendo cada dia mais difícil amar, dentro de um mundo neurotizado por mil problemas marginais aos da verdadeira existência, e coexistência, com o resultado de uma debilitação existencial enorme. Está ficando cada dia mais difícil amar direito, amar como deve ser: com o verdadeiro encontro de almas e de corpos totalizados num grande, num imenso entendimento comum. Nada me parece mais importante que a busca desse encontro, sem o qual nenhuma felicidade é possível, nenhum diálogo é provável, nenhum êxtase é absoluto.
 

Eu estou cada vez mais convencido de que o crescente desajustamento entre os sexos, a que corresponde também o crescente aumento de um sexo intermediário, é fundamentalmente um problema da personalidade. É o que procuro explicar aqui com o que chamo de Teoria dos Módulos. Quando dois seres se apaixonam e se querem unir, eles são como dois módulos lunares gravitando no sentido de um indispensável acoplamento. Até aí, cada um está, como se diz agora, “na sua”. Mas o grande, o infinito impulso de ambos é estar “na deles”.

E enquanto seu lobo não vem, as personalidades-módulos se aproximam, se estudam os ângulos de encaixe, se tateiam, se provam, se experimentam. A aspiração maior, como é claro, é o acoplamento o mais rápido possível. O problema é que, nesse interregno, as personalidades se expõem desvairadamente, naquele anseio de absoluto que o amor exige, naquele sentimento de dar-se e receber em troca. E aí é que está the heart of the matter, o nó da questão. Porque o amor é ao mesmo tempo maravilhosamente dadivoso e furiosamente antropofágico.
 

Assim, nesse constante confronto, a personalidade mais dependente começa a aderir à mais rica e, quando menos se espera, a passar para o módulo da outra, por isso que é tão mais confortável, e dá tão menos trabalho, largar o corpo. E deixa o módulo próprio vagando sozinho no espaço. Resultado: acoplamento impossível. Consequências futuras: a personalidade mais rica e forte começa a dominar instintivamente a mais pobre e dependente. Panorama geral: a quantidade infinita de mulheres despersonalizadas, servilmente submissas, verdadeiras escravas de homens déspotas, que fazem delas gato e sapato. Ou, menos frequentemente, o desagradável caráter de mulheres dominadoras, que humilham o homem que têm sempre que podem.
 

Esse tipo de união, a meu ver, nunca é feliz, por isso que evidencia a omissão de uma das personalidades em jogo. Para que haja uma verdadeira felicidade, os dois têm que “estar na deles” ao mesmo tempo em que cada um nunca deixa de “estar na sua”. É a minha Teoria dos Módulos. Comigo está dando certo. Façam muito bom proveito.

 Por Vinícius de Moraes
segunda-feira, 21 de outubro de 2013 0 comentários

Para que serve as leis quando só mamom governa?



Para que serve as leis quando só mamom governa,\
quando o pequeno homem da rua perde sempre o processo?\

 Logo é uma loja de bugigangas e nada mais o tribunal; a quem tem a presidência, pagas, senão não recebes a mercadoria.
(Petrônio, Satyricon)
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FILME - MADAME SATÃ


O pernambucano João Francisco dos Santos (1900 - 1976), nome de batismo de Madame Satã. Figura emblemática da boemia e marginalidade da Lapa dos anos 30. Era temido por sua fama de valente e capoeirista. Sendo preso diversas vezes e sempre resistindo as  a prisões.

Negro, travesti e analfabeto passou a maior parte da vida nas ruas, mas ainda assim,  conquistou o titulo de rainha do carnaval por três vezes.


Muitos dos que hoje passam pelo Bairro da Lapa, Rio de Janeiro desconhecem a história desse malandro que tornou-se uma lenda na localidade.
O filme "Madame Satã não apenas retoma um parte da vida de João Francisco dos Santos como faz um bom resgate  do cotidiano do centro do Rio de Janeiro daquele período sendo todo rodado na Lapa e arredores.


Sinopse:

Rio de Janeiro, 1932. No bairro da Lapa vive encarcerado na prisão João Francisco (Lázaro Ramos), artista transformista que sonha em se tornar um grande astro dos palcos. Após deixar o cárcere, João passa a viver com Laurita (Marcélia Cartaxo), prostituta e sua "esposa"; Firmina, a filha de Laurita; Tabu (Flávio Bauraqui), seu cúmplice; Renatinho (Felippe Marques), sem amante e também traidor; e ainda Amador (Emiliano Queiroz), dono do bar Danúbio Azul. É neste ambiente que João Francisco irá se transformar no mito Madame Satã, nome retirado do filme Madam Satan (1932), dirigido por Cecil B. deMille, que João Francisco viu e adorou.

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História das palavras: o Canto do Cisne


 

De Sócrates aos dias de hoje, a expressão perpetua um engano

O “canto do cisne” é o último testemunho de um homem, a última obra de um artista, a declaração final de um poeta antes de morrer. Essa expressão tem sua origem na Antiguidade, com o filósofo Platão, que põe em palavras os últimos instantes da vida de Sócrates, por meio do diálogo Fédon. Condenado à morte pela cidade de Atenas em 399 a.C., sob a acusação de “corromper a juventude e introduzir novos deuses”, Sócrates foi chamado por seus discípulos para tomar a palavra.
O grande filósofo, com 70 anos de idade, teria declarado, antes de tomar o veneno mortal – a tristemente famosa cicuta –, que ele desejava realmente responder uma última vez, pois não se sentia invadido por pensamentos sombrios.

Sócrates se compara aos cisnes que lançam um último canto antes de sua morte: “Quando sentem a hora da morte se aproximar, essas aves, que durante a vida já cantavam, exibem então o canto mais esplêndido, o mais belo; eles estão felizes de ir ao encontro do deus do qual são os servidores. (...) Eu, pessoalmente, não acredito que eles cantem de tristeza; acredito, ao contrário, que, sendo as aves de Apolo, os cisnes possuam um dom divinatório e, como pressentem as alegrias que gozariam no Hades, cantam, nesse dia, mais alegremente do que nunca”.

Qualquer que seja a veracidade dessa afirmação socrática, visto que foi diversas vezes assinalado pelos ornitólogos que essas aves não produzem nenhum canto melodioso, a literatura se apossou dela e construiu esta expressão, o “canto do cisne”, que se perpetuou. Ela entrou para o Dictionnaire de l’Académie Française em 1762.
A metáfora já se encontrava em 1604 em Otelo, de Shakespeare, quando Emília, sua heroína trágica, no momento da morte, grita: “Ouça! Você pode me ouvir? Vou fazer como o cisne e morrer cantando...”.

No início do século XIX, o editor de Schubert deu o título O canto do cisne a uma coletânea póstuma de 14 Lieder de tonalidade bastante melancólica, pois ele os considerava o testamento musical do artista. Quanto a Tchekhov, ele escolheu esse mesmo título para sua peça publicada em 1886. Ele coloca em cena o personagem de Svetlovidov, corroído pela doença e pela nostalgia, propondo uma última interpretação magistral dos papéis principais de sua vida para encerrar a carreira de ator.

Essa expressão, que permite imaginar as últimas palavras ou os últimos instantes de criação artística, se apossou em seguida de outros universos; ela foi retomada particularmente pelos jornalistas para qualificar as reformas de um homem político em fim de mandato ou a última invenção tecnológica de uma empresa ultrapassada pelos concorrentes.

(Revista História Viva, por Sonia Darthou mestre de conferências da Universidade de Évry-Val-d’Essonne)

Links indicados: SOBRE OS POETAS E A MENTIRA

DIFICULDADE PARA A BUSCA DA VERDADE

ESPANQUEMOS OS POBRES!

ILHA DAS FLORES (curta)
domingo, 20 de outubro de 2013 0 comentários

ME DEIXAS LOUCA - Elis Regina

Quando caminho pela rua lado a lado com você
Me deixas louca
quando escuto o som alegre do teu riso
Que me dá tanta alegria, me deixas louca
Me deixas louca quando vejo mais um dia
Pouco a pouco entardecer
E chega a hora de ir pro quarto escutar
As coisas lindas que começas a dizer
Me deixas louca
Quando me pedes por favor que nossa lâmpada se apague
Me deixas louca
Quando transmites o calor de tuas mãos
Pro meu corpo que te espera
Me deixas louca
E quando sinto que teus braços se cruzaram em minhas
costas
Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço
Você me abraça, a noite passa
me deixas louca
Sinto os teus braços se cruzando em minhas costas
Desaparecem as palavras, outros sons enchem o espaço
Você me abraça, a noite passa
e me deixas louca


Compositor: A. Manzanero - Versão: Paulo Coelho

sábado, 19 de outubro de 2013 3 comentários

O QUE É O AMOR?

Esta foi uma pesquisa feita por profissionais de educação e psicologia com um grupo de crianças de 4 a 8 anos.

As crianças são sábias... vamos aprender juntos???


Respostas:
"Amor é quando alguém te magoa, e você, mesmo muito magoado, não grita, porque sabe que isso fere seus sentimentos" - Mathew, 6 anos

"Quando minha avó pegou artrite, ela não podia se debruçar para pintar as unhas dos dedos do pé. Meu avô, desde então, pinta as unha para ela. Mesmo quando ele tem artrite" - Rebecca, 8 anos

"Eu sei que minha irmã mais velha me ama, porque ela me dá todas as suas roupas velhas e tem que sair para comprar outras" - Lauren, 4 anos

Amor é como uma velhinha e um velhinho que ainda são muito amigos, mesmo conhecendo há muito tempo" - Tommy, 6 anos

"Quando alguém te ama, a forma de falar seu nome é diferente" - Billy, 4 anos

"Amor é quando você sai para comer e oferece suas batatinhas fritas, sem esperar que a outra pessoa te ofereça as batatinhas dela" - Chrissy, 6 anos

"Amor é quando minha mãe faz café para o meu pai e toma um gole antes, ara ter certeza que está do gosto dele" - Danny, 6 anos

"Amor é o que está com a gente no natal, quando você pára de abrir os presentes e o escuta" - Bobby, 5 anos

"Se você quer aprender a amar melhor, você deve começar com um amigo que você não gosta. - Nikka 6 anos.

"Quando você fala para alguém algo ruim sobre você mesmo e sente medo que essa pessoa não venha a te amar por causa disso, aí você se surpreende, já que não só continuam te amando, como agora te amam mais ainda" - Samantha , 7 anos

"Há dois tipos de amor, o nosso amor e o amor de deus, mas o amor de deus junta os dois" - Jenny, 4 anos

"Amor é quando mamãe vê o papai suado e mal cheiroso e ainda fala que ele é mais bonito que o Robert Redford" - Chris, 8 anos

"Durante minha apresentação de piano, eu vi meu pai na platéia me acenando e sorrindo. Era a única pessoa fazendo isso e eu não sentia medo" - Cindy, 8 anos

"Não deveríamos dizer eu te amo a não ser quando realmente o sintamos. e se sentimos, então deveríamos expressá-lo muitas vezes. As pessoas esquecem de dizê-lo" - Jessica, 8 anos

"Amor é se abraçar, amor é se beijar, amor é dizer não" - Patty, 8 anos

"Amor é quando seu cachorro lambe sua cara, mesmo depois que você deixa ele sozinho o dia inteiro" - Mary Ann, 4 anos

"Deus poderia ter dito palavras mágicas para que os pregos caíssem do crucifixo, mas ele não disse isso. Isso é amor" - Max, 5 anos".

Para que você possa viver o amor não é preciso procurar muito, ele está nas pequenas coisas...
Apenas ame como criança, e será muito feliz.
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LUTHER KING E A CRUZ QUEIMADA (foto histórica)



O líder negro Martin Luther King, com o filho, em 1960, removendo uma cruz queimada de seu quintal, provavelmente colocada e queimada por algum racista da época.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013 1 comentários

É PROIBIDO PROIBIR

 

"Eu digo não ao não. Eu digo. É proibido proibir.

É proibido proibir. É proibido proibir. É proibido proibir."



As repetições não são minhas. São de Caetano Veloso, em música-hino contra a censura e a ditadura, em 1968. Franzino e rebelde, ele reagia às vaias no festival gritando: "Os jovens não entendem nada. Querem matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem".


Caetano hoje é a favor - com Chico Buarque, Gilberto Gil, Erasmo Carlos, Milton Nascimento, Djavan e Roberto Carlos - de proibir biografias sem autorização prévia dos biografados ou de seus herdeiros. Essa aliança entre a Tropicália e a Jovem Guarda quer liberar só as biografias chapa-branca. Nossa "intelligentsia" musical é formada por mitos enrugados e calejados por seus atos e desatinos. São músicos brilhantes, mas péssimos legisladores.


Claro que Caetano tem o direito de mudar de campo e querer proibir. A idade mudou e, com ela, a cor dos cabelos. Aumentou o tamanho da sunga e a conta no banco. Anda com lenço e documento. Pode mudar o pensamento. Por que não? Não seria o primeiro. Quem não se lembra da admiração tardia de Gláuber Rocha por Golbery do Couto e Silva? Depois do exílio, em 1974, antes de voltar ao Brasil, Gláuber disse achar Golbery "um gênio". Pagou por isso.


Caetano só precisa sair do armário. Abraçado a Renan Calheiros e aos podres poderes do reacionarismo - hoje travestidos, na América Latina, de defensores do povo. Na Venezuela, na Argentina, no Equador, na Bolívia, o movimento é o mesmo de nossos compositores no Olimpo. A liberdade de expressão é relativa e tem de ser monitorada e pré-censurada.


Arauto da vanguarda, Caetano tem o direito de reescrever sua história. Em vez de matar o amanhã, o chefão da máfia do dendê quer matar o passado, quando for clandestino e incômodo. Ele agora diz sim ao não. As lembranças privadas, quando tornadas públicas, podem incomodar a sesta depois do vatapá.


O grupo de músicos contra biografias não autorizadas foi intitulado "Procure saber". Deve ser uma licença poética da MPB, porque significa o oposto: "Procure esconder". Ou, quem sabe: "Procure aparecer". Querem acossar nossa Constituição, favorável à liberdade de expressão, com um artigo pernicioso do Código Civil. O Artigo 20 estabelece que textos, palavras e livros poderão ser proibidos por qualquer pessoa, "a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais".


Os termos são tão subjetivos que poderiam ser usados para cortar e censurar colunas e composições de nossos músicos combativos. Muita gente já sentiu sua honra ferida pela verve da MPB e pelas polêmicas de Caetano na imprensa. Incomoda, portanto, a contradição do libertário provocador. Só ele pode dizer o que pensa sem pedir permissão?


Há outro detalhe que explica a patrulha contra Caetano. Um detalhe moreno de 1,73 metro de altura, coxas fortes e cabelos compridos. É sua ex, Paula Lavigne, que aos 13 anos começou a namorá-lo. Hoje produtora e empresária, Paula ocupa o cargo pomposo de "presidente da diretoria do grupo Procure Saber", que ela chama de "uma plataforma profissional de atuação política em defesa dos interesses da classe"...


É a mesma que arremessou um BMW blindado contra a garagem do flat onde se hospedava Caetano logo após a separação. Barrada pelos seguranças, derrubou o portão de 270 quilos. Gaba-se de ter multiplicado a fortuna de Caetano. Passou depois a produzir filmes, discos e shows. Presenteou os fãs com uma foto, em rede social, de Caetano pelado. Nu frontal.


Paula tenta ler reportagens antes da publicação, porque acha que pode. Age como imperatriz louca da Tropicália. Sua resposta, no Twitter, a uma colunista da Folha de S.Paulo, dizendo que "mulher encalhada é f...", não faz jus a seu cargo. "Tw ñ paga minhas contas", tuitou Paula, isso é "muita baixaria" (!). Ter um porta-voz como ela é suicídio para qualquer causa. Feliz é Chico que se casou com Marieta Severo, atriz com luz própria, discrição, inteligência. Quem acredita no discurso de Paula, de que a preocupação dos músicos é com os lucros do biógrafo e com o sensacionalismo? No Brasil, biógrafo nenhum fica rico com os livros.


O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que vetar a publicação de biografias que não tenham autorização prévia é "censura" e, por isso, "inadmissível" no estado de direito. Disse que qualquer eventual calúnia ou difamação deve ser reparada pelo Judiciário. O músico Alceu Valença concorda: "Arrisco em dizer que cercear autores seria uma equivocada tentativa de tapar, calar, esconder e camuflar a história no nosso tempo e espaço".


Em seus artigos, Caetano costuma perguntar se nós, brasileiros, perdemos nossa capacidade de indignação. Ele diz que detesta demagogia. Nós também. Detestamos demagogia, caretice e obscurantismo. Apesar de vocês, amanhã há de ser outro dia.

RUTH DE AQUINO
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GREGÓRIO



Domingos de Oliveira me pagou um grande elogio outro dia. Ele disse que a minha geração inventou um novo tipo de mulher, algo jamais visto nos 70 anos de vida dele: a cinquentona gostosérrima. Tenho 48, estou a caminho.


Citei Dina Sfat, Norma Bengell e todas aquelas deusas da safra dele. Tentei argumentar, mas o Domingos bateu o pé e garantiu que o fenômeno era recente. Aceitei o gabo sem concordar. Já cheguei à idade de querer ser reconhecida não pelo intelecto, mas pelas curvas.


A dieta balanceada, a falta de excessos, o pilates, a ioga, os cremes, os ácidos, o lifting e o laser, o arsenal de madame de que se pode dispor para adiar os efeitos devastadores do tempo, talvez expliquem a sobrevida das que nasceram na década de 60.


No seriado Tapas e Beijos, Andréa Beltrão e eu gozamos da companhia de dois atores dez anos mais jovens do que nós duas, os irresistíveis Vladimir Brichta e Fábio Assunção. Débora Bloch acaba de emplacar um par romântico com o vampiro de Gabriel Braga Nunes. Gabriel eu vi criança, na casa do pai dele, Celso Nunes, grande parceiro de teatro dos meus pais.


Eu já estava satisfeita com a minha situação quando, em um comercial para a internet, me vi sentada em um sofá ao lado do Gregório Duvivier. Seríamos supostamente casados. Ri do par e perguntei, por curiosidade, o ano de seu nascimento. “Oitenta?”, arrisquei, já achando absurdo. “E seis”, ele respondeu. “Oitenta e seis.” Quando Gregório veio ao mundo, eu já estava na estrada havia 21 anos, estrelava Selva de Pedra e recebia a Palma de Ouro em Cannes.


O Gregório não tem idade, é difícil defini-la. Apesar do humor característico, neutro, sofisticado, ele é capaz de se adaptar aos mais diversos estilos, como o mais clássico dos atores. Eu me surpreendi ao vê-lo no musical Como Vencer na Vida sem Fazer Força, em que executava com rigor de Broadway sua rotina em cena, sem demonstrar suor ou afetação.


É muito raro divertir-se gravando comercial. Os roteiros são amarrados, deve-se enaltecer a funcionalidade do produto e o tamanho das falas raramente cabe nos segundos de exibição. Pois eu gostei de passar a tarde com o Gregório.


Compusemos cinco tipos, um casal de hippies, outro de mergulhadores, dois velhos, dois punks, duas crianças de escola, além de nós mesmos. O Gregório ficou com o pesado, coube a ele a explanação técnica e a mim, a mímica. No início do dia, vestido de septuagenário, avisou que não faria vozes. Não importava a fantasia, o tom era o mesmo, o que acentuava a comicidade da ação. Gregório é como Luiz Fernando Guimarães, um ator que sabe que não deve nunca dar 100%.


No dia seguinte ao da gravação, recebi o link de uma propaganda que o Gregório fez para o livro do Paulo Leminski Vida, com as biografias de Cruz e Souza, Bashô (poeta japonês), Jesus e Trotsky. A peça é uma obra-prima sobre um divulgador que desconhece que o autor de Vida está morto há mais de vinte anos. Vale a pena conferir.


De quebra, o moço lança um livro de poesias pela Cia. das Letras até o fim do ano.


Enquanto você dormia peguei

Uma caneta e liguei os pontos

Sardentos das suas costas…


É que ele estudou no Lycée Français.

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O QUE É SUCESSO?



Rir muito e com frequência; ganhar o respeito de pessoas inteligentes e o afeto das crianças; merecer a consideração de críticos honestos e suportar a traição de falsos amigos; apreciar a beleza, encontrar o melhor nos outros; deixar o mundo um pouco melhor, seja por uma saudável criança, um canteiro de jardim ou uma redimida condição social; saber que ao menos uma vida respirou mais fácil porque você viveu. Isso é ter tido sucesso.

Ralph Waldo Emerson
quinta-feira, 17 de outubro de 2013 0 comentários

PCdoB x MILICIANOS




Para mim tratando-se da militância, lembrando que segundo as cartilhas do PCdoB a militância DEVA ser a base do partido a forma de ação política deveria ser realizada por meio de um trabalho de formiguinha, convencendo 

diariamente pessoa por pessoa, família por família em um trabalho continuo, que a pesar de lento frutifica, ramifica, cria raízes. Mas na maioria das vezes não é isso o que acontece.

O método mais direto, rápido e menos trabalhoso, é chegar na mão de um miliciano ou “autoridade” local e largar uma boa grana nas mãos desses. O efeito é rápido e incerto.
Porque as “autoridades” sempre fecham seus acordos com quem dá mais dinheiro.

Supomos que você ofereça R$ 100 mil. Ai eles colocam suas placas e na hora de distribuir a cesta básica ao povo eles dizem que foi você (o político) o responsável pela goiabada e saco de fubá que veio a mais.
Porém, aparecendo outro candidato que pague R$ 150 mil você perde o dinheiro que já deu e se "ferra". Porque as suas plaquinhas irão simplesmente sumir de um dia para o outro e o novo bambambã do pedaço será o candidato dos R$ 150 mil.

Foi o que aconteceu na campanha do Kique Carvalho ou Melhor Carlos Henrique Carvalho da OAB. Que teve sua campanha gerenciada por seu próprio irmão João Carlos de Carvalho que numa primeira remessa de dinheiro liberou a quantia de R$ 200,000,00 para o pagamento de milicianos em campanha com direito a recibos assinados. Ao que parece na duvida de qual o melhor método para arrecadar votos o PCdoB opta pelos 2.
Pagar e caro para as “autoridades” prestigiarem os seus candidatos e ao mesmo tempo mantém uma militância ativa a custo "0".

Essa militância, a que aqui me refiro são pessoas como Eu, lobotomizadas, que se dedicam ao partido e na maior parte do tempo não ganham um único centavo para isso. E ainda que realizem um grande trabalho conseguindo conquistar para o partido expressivas quantidades de votos e outros militantes de qualidade, não receberá nem ao menos o reconhecimento por essa proeza.
Provavelmente terá algum Mané filho de não sei quem, ou amante, ou compadre de... que receberá os louros em seu lugar.

É triste infelizmente encontrar campanhas que não respeitam a militância, o cidadão, e que ainda fazem associações das mais absurdas no desespero de conquistar o maior número de votos.
Ainda é pior quando isso ocorre em um partido que usa do emblema Comunista. Que ESQUERDA é essa minha gente? Isso é o PCdoB.

Esse tipo de campanha geralmente é dirigida por pessoas oportunistas, de ações baseadas em proveito próprio. E infelizmente é esse tipo de gente e campanha que o PCdoB tem defendido e constituído seus quadros. Do contrário o que explica João Carlos de Carvalho como dirigente honorário do PCdoB sem que ninguém tome atitude contra isso?

Links indicados: INTRODUÇÃO!


Veja aqui a lista de nomes dos dirigentes estaduais do PCdoB e fique atento no que eles estão fazendo de verdade! E não se esqueçam: o exemplo deve vir de cima.
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Senado dos EUA aprova acordo fiscal para encerrar crise da dívida


, 16 Out (Reuters) - O Senado dos Estados Unidos aprovou na noite desta quarta-feira um acordo para acabar com a crise política que paralisou parcialmente o governo federal e levou a maior economia do mundo à beira de um calote da dívida que poderia ter provocado uma calamidade financeira global.

A Câmara dos Deputados, controlada pelos republicanos, deve analisar a legislação mais tarde nesta quarta-feira, depois que o presidente da Casa, John Boehner, desistiu dos esforços do partido de relacionar a medida de gastos às mudanças na lei de saúde do presidente Barack Obama.
O acordo, no entanto, oferece apenas uma solução temporária e não resolve as questões fundamentais de gastos e déficits que dividem republicanos e democratas.

A lei emergencial financia o governo até 15 de janeiro e eleva o teto da dívida até 7 de fevereiro, quando os norte-americanos correm o risco de enfrentar outra paralisação do governo.
O mercado acionário dos EUA subiu, quase atingindo o patamar mais alto de todos os tempos, com a notícia do acordo.

O impasse entre republicanos e a Casa Branca sobre o financiamento do governo forçou a suspensão temporária do pagamento de centenas de milhares de trabalhadores federais a partir de 1 de outubro e gerou preocupação de que a crise política seria o "novo normal" em Washington.
O senador John McCain, cujos colegas republicanos desencadearam a crise com a exigência de que a lei de saúde sancionada por Obama, conhecida como "Obamacare", deixasse de receber fundos, disse nesta quarta-feira que o acordo marcou o "fim de uma odisseia angustiante" para os norte-americanos.

"É um dos capítulos mais vergonhosos que já vi nos anos que passei no Senado", disse McCain, que havia alertado repetidamente aos republicanos para não vincular suas demandas de mudanças no Obamacare ao projeto de lei sobre o limite da dívida ou gastos do governo.
O Senado aprovou a medida por 81 votos a favor e 18 contra, e a Câmara deve seguir o exemplo, abrindo o caminho para Obama sancioná-la o mais tardar na quinta-feira, quando o Tesouro diz que irá atingir o teto da dívida de 16,7 trilhões de dólares.

Falando depois que o Senado encerrou o impasse fiscal, Obama disse que sancionará a legislação assim que ela chegar à Casa Branca. "Podemos começar a levantar esta nuvem de incerteza e inquietação das nossas empresas e do povo norte-americano."
Reabrir o governo totalmente deve levar vários dias. Enquanto as funções essenciais, como defesa e controle de tráfego aéreo, foram mantidas, parques e agências nacionais, como a Agência de Proteção Ambiental, fecharam.

Embora o acordo estenda a capacidade de endividamento dos EUA até 7 de fevereiro, o Departamento do Tesouro terá ferramentas para prolongar temporariamente essa capacidade para além desta data se o Congresso não agir no início do ano que vem.



Por Richard Cowan e Thomas Ferraro

Senado dos EUA aprova acordo fiscal para encerrar crise da dívida
quarta-feira, 16 de outubro de 2013 0 comentários

Entenda causas e consequências de possível calote dos EUA


Não é provável, mas é possível. Se o Congresso dos Estados Unidos não entrar num acordo até a meia-noite desta quarta-feira, o dia 17 de outubro de 2013 ficará marcado na história como aquele em que o então maior império econômico de todos os tempos pulou no abismo fiscal, dando calote sem precedentes no mercado financeiro.

Mas, antes do choro e do ranger de dentes, vamos a uma breve explicação:

Todo governo faz dívidas para se financiar - todo, sem exceção. E essa dívida é contraída com a venda dos chamados "títulos de dívida". É com venda desses papéis que são bancadas, por exemplo, aposentadorias. Na prática, funciona como um empréstimo. Um país toma dinheiro emprestado e o emprestador consegue seu dinheiro de volta com os juros incidentes após determinado período - há títulos de 2, 5 e 10 anos nos Estados Unidos.

No caso americano, é o Congresso quem decide quanto de empréstimo pode ser tomado pelo governo. Ou seja, são deputados e senadores republicanos e democratas, em eterno pé de guerra, quem dão a palavra final sobre quanto de dívida o governo pode fazer. Esse limite está hoje em US$ 16,7 trilhões.

Na próxima quinta, esse teto será atingido. A partir de então, caso não haja acerto entre republicanos e democratas, o governo não poderá mais tomar "empréstimos". Faltará dinheiro tanto para tocar o barco interno do país como para pagar seus credores externos, detentores dos títulos de dívida.

Infographics
Bem, como nunca aconteceu um calote dessa magnitude, não dá para saber ao certo a gravidade desse hipotético cenário apocalíptico. Mas o professor Antonio Manfredini, da Fundação Getulio Vargas, especialista em economia internacional, vislumbra três cenários possíveis:

1) Falta de liquidez no sistema financeiro mundial. Ninguém nunca duvidou da capacidade dos Estados Unidos de pagar os retornos dos seus títulos de dívida. Por isso, uma das formas de investimento mais seguras do mundo, de retorno certo, sempre foram esses títulos. Assim, esses papéis são utilizados em transações financeiras entre bancos do mundo todo, como se fossem dinheiro. Transações avaliadas em US$ 500 bilhões são feitas com os ativos todos os dias. Agora, se os Estados Unidos declaram o calote, é como se esse dinheiro fosse para o ralo, sumisse.

E o medo já é real. O Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) disse nesta terça-feira, 15, que bancos credores dos Estados Unidos venderam nas últimas duas semanas ao menos metade dos títulos americanos prestes a vencer que detinham.

2) Hierarquizar pagamentos. Sem poder fazer mais dívidas para se financiar, os Estados Unidos ainda terão suas receitas em impostos. Mas esse montante não basta para pagar os credores internacionais e manter seus gastos internos. É a boa e velha faca de dois gumes apontada para a cara do governo dos Estados Unidos.

Digamos que, num primeiro cenário, a escolha seja pelos os credores. Ótimo. Um colapso mundial de falta de liquidez será evitado por algum tempo. Mas o efeito eleitoral seria catastrófico para o presidente Barack Obama - e pegaria de surpresa os cerca de 40% de americanos que, segundo institutos de pesquisa, acreditam que o calote da dívida não seria tão apocalíptico assim. São 2 milhões os funcionários públicos que dependem do governo - e que já estão sem receber desde a paralisação do Orçamento. E são 1,4 milhão de militares. Sem falar de milhões e milhões de aposentados e pensionistas. É um quadro impensável.

Num segundo cenário, podemos imaginar que o governo opte por não pagar os credores. O problema não é apenas a falta de liquidez que poderia vir. O dinheiro das receitas não bastaria. Mas, ora, os Estados Unidos são o que são por, sobretudo, terem o poder de imprimir a moeda mais forte do mundo, o dólar. Mas o Fed não pode imprimir dólares a torto e a direito para pagar credores. Nesta hipótese maluca, os Estados Unidos, aí sim, estariam de vez afundados para sempre numa crise de credibilidade dificilmente contornável.

3) Recessão sem precedentes. O Estados Unidos podem resolver arcar com todos os seus compromissos, internos ou externos. Mas, para isso, precisariam não só frear seu crescimento, mas diminuir a riqueza gerada por seus bens e serviços. Ou seja, teriam de fazer sério plano de austeridade, nos moldes dos feitos por países como a Grécia. Fazendo isso, calcula-se que o PIB americano passaria, de cara, por um corte de 4% ao ano. O efeito bola de neve de uma ruptura como essa faria das crises de 1929 e de 2008 - essa última parece ainda durar - meras tempestades de verão.

Enfim, não é nada não é nada, não será nada disso mesmo se alguma decisão sair das cabeças de democratas e republicanos em breve. Mas, pelo histórico recente, mesmo que seja afastado o perigo, não será para sempre. Mesmo que chegue uma solução, o medo do calote americano ainda deve voltar a assombrar os mercados internacionais.

Entenda causas e consequências de possível calote dos EUA
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REFLEXÕES SOBRE O BEM E O MAL

Tão importante quanto o orgulho pelo que se realiza

é a humildade de ver o quanto ainda está inacabado



O mundo não acabou e estamos aqui, vésperas de mais um Natal. Foi um ano importante para a física e a cosmologia. O tão procurado bóson de Higgs foi encontrado, se bem que não sabemos ainda que bóson é ele. Existem dúvidas que só mais dados podem sanar.


Seja o Higgs esperado ou um seu primo, vejo isso como um assunto a ser celebrado por toda a humanidade. Não porque a descoberta vá mudar a vida de muita gente, ou porque uma nova tecnologia que resolverá os problemas mundiais de fome e energia vira daí.


O Higgs representa o triunfo de nossa imaginação e empreendimento, o casamento entre criatividade e engenhosidade que representa o que há de melhor em nossa espécie.


Pense que a ideia de uma tal partícula veio do cérebro de um punhado de físicos trabalhando na Europa e nos EUA em meados dos anos 1960, quando o Brasil entrava pelo longo túnel da ditatura militar.


Mas, em ciência, uma ideia só ganha aceitação quando é verificada por experimentos. Isso deveria ser óbvio, já que o objetivo principal da ciência é explicar (ou pelo menos descrever) como funciona o mundo que vemos e medimos.


Passaram-se quase cinco décadas até que a tal partícula, ou algo como ela, fosse encontrada, num esforço que envolveu milhares de cientistas e engenheiros e que custou bilhões de dólares.


Esse tipo de empreendimento, caro e envolvendo tanta gente empenhada em um atingir um objetivo comum, não deixa de ter semelhanças com as construções das grandes obras da humanidade, de Stonehenge e das pirâmides egípcias às catedrais medievais e ao Telescópio Espacial Hubble.


Provamos, a cada vez que obtemos sucesso, que somos mesmo uma espécie única, capaz de grandes feitos quando trabalhamos juntos, seja por livre e espontânea vontade, como no Grande Colisor de Hádrons, a máquina construída na Suíça onde foi descoberto o Higgs, e até sob condições violentas, como ocorria no antigo Egito.


A cada obra concluída o espírito humano se renova, orgulhoso com o que fez. Mas tão importante quanto esse orgulho é a humildade de ver o quanto ainda não foi feito, o quanto ainda continua inacabado ou incompreendido.


Se um dos objetivos da ciência é aliviar o sofrimento humano, seria inocente acreditar que tal objetivo será um dia alcançado. Livrar-nos das iniquidades sociais não seria suficiente, mesmo se possível.


Temos a Natureza, com sua força indomável, sempre a nos pegar de surpresa, como no caso do furacão Sandy aqui nos EUA neste ano, provavelmente uma indicação do tipo de clima extremo que está por vir. Exemplos no Brasil não faltam. Temos também a natureza humana, encalhada numa luta perene entre o bem e o mal, como vemos nas ações tão belas de uns e nas horripilantes de outros.


Dentro dessa constante polaridade que é nossa existência, o que de melhor podemos fazer, acho eu, é afirmar nossa convicção de que podemos melhorar, de que novas belas obras estão sendo construídas, e não só as de grande porte. Do esforço de cada um vem a esperança de que o bem, mesmo se inevitável contraparte do mal, tem ao menos a chance de superá-lo.

MARCELO GLEISER
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CONVERSANDO COM DEUS



Nestes tempos de loucura guerreira, a gente deve buscar refúgio também nas crianças. Elas são sempre a conseqüência trágica das guerras. Mesmo quando não estão no campo das mesmas. Fui criança em 1940 e hoje, sessenta anos depois ainda me recordo do rádio de meu pai, com notícias da Segunda Guerra Mundial e do meu susto pois não sabia o que queria dizer "lá longe". Acreditava que “longe” era o que ficava além do Túnel Novo.
                                  
Mas recebi de um mensageiro da Internet chamado Müller (não deu outras informações acerca de si mesmo) esta deliciosa tradução de algumas frases de crianças. Nada tem a ver com a guerra. É só para vermos como são criativas as crianças e pensarmos nas que morrem por causa dos delírios humanos, o maior dos quais é a guerra e seu estúpido cortejo de destruição.
                                  
CARTINHAS PARA DEUS: cartas reais para Deus escritas por crianças
(traduzidas de original em inglês):
                                  
1. Querido Deus, Eu não pensava que laranja combinava com roxo
  até que eu vi o pôr-do-sol que Você fez terça- feira. Foi demais! (Eugene)
                                  
 2. Querido Deus, Você queria mesmo que a girafa se parecesse assim ou foi um acidente? (Norma)


3. Querido Deus, Em vez de deixar as pessoas morrerem e ter que fazer outras novas, porquê você não mantêm aquelas que você tem agora? (Jane)


4. Querido Deus, Eu fui a um casamento e eles beijaram dentro da igreja. Tem algum problema com isso? (Neil)
                                  
5. Querido Deus, Obrigado pelo meu irmãozinho, mas eu orei por um cachorrinho. (Joyce)


6. Querido Deus, Choveu o tempo todo durante as nossas férias e como meu pai ficou zangado! Ele disse algumas coisas sobre você que as pessoas não deveriam dizer, mas eu espero que você não vá machucá-lo. Seu amigo (mas eu não vou dizer quem eu sou)


7. Querido Deus, Por favor, me mande um poney. Eu nunca te pedi nada antes, Você pode checar. (Bruce)
                                  
8. Querido Deus, Eu quero ser igualzinho ao meu pai quando eu crescer, mas não com tanto cabelo no corpo. ( Sam)


9. Querido Deus, Eu penso em Você de vez em quando, mesmo quando não estou orando.(Elliott)


10. Querido Deus, Eu aposto que é muito difícil para você amar a todas as pessoas no mundo. Na nossa família tem só quatro pessoas e eu nunca consigo... (Nan)
                                  
11. Querido Deus, Meus irmãos me falaram sobre nascer de novo, mas soa muito estranho. Eles estão só brincando, não é? (Marsha)
                                                                    
12. Querido Deus, Se Você olhar para mim na igreja domingo, eu vou te mostrar meus sapatos novos. (Mickey)


13. Querido Deus, Nós lemos que Thomas Edison fez a luz. Mas na escola dominical nós aprendemos que foi Você. Eu acho mesmo que ele roubou sua idéia. Sinceramente, (Donna)
                                  
14. Querido Deus, Eu não acho que alguém poderia ser um Deus melhor que você. Bem, eu só quero que saiba que não estou dizendo isso porque você já é Deus. (Charles)


 15. Querido Deus, Talvez Caim e Abel não matassem tanto um ao outro se eles tivessem seu próprio quarto. Isso funciona com meu irmão. (Eddie)

ARTUR DA TÁVOLA
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FELICIDADE É AMAR




Quanto mais envelhecia, quanto mais insípidas me pareciam as pequenas satisfações que a vida me dava, tanto mais claramente compreendia onde eu deveria procurar a fonte das alegrias da vida. Aprendi que ser amado não é nada, enquanto amar é tudo.


O dinheiro não era nada, o poder não era nada. Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder, e mesmo assim era infeliz.

A beleza não era nada. Vi homens e mulheres belos, infelizes, apesar de sua beleza.


Também a saúde não contava tanto assim. Cada um tem a saúde que sente.

Havia doentes cheios de vontade de viver e havia sadios que definhavam, angustiados pelo medo de sofrer.


A felicidade é amor, só isto.

Feliz é quem sabe amar. Feliz é quem pode amar muito.

Mas amar e desejar não é a mesma coisa.

O amor é o desejo que atingiu a sabedoria.


O amor não quer possuir.

O amor quer somente amar.

HERMANN HESSE
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O MAGO



Vontade, Força de Vontade, Destreza, Energia, Constância, Criatividade, Dedicação aos ideais, Busca do conhecimento.
terça-feira, 15 de outubro de 2013 2 comentários

EU PREFIRO A MORTE A TER DE RENUNCIAR Á FILOSOFIA



Sabemos que os poderosos têm medo do pensamento, pois o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo mundo aceitar as coisas como elas são, ou melhor, como nos dizem e nos fazem acreditar que elas são.


Para os poderosos de Atenas, Sócrates tornara-se um perigo, pois fazia a juventude pensar. Por isso, eles o acusaram de desrespeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. Levado perante a assembleia, Sócrates não se defendeu e foi condenado a tomar um veneno - a cicuta - e obrigado a suicidar-se.

 Por que Sócrates não se defendeu?


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ESPANQUEMOS OS POBRES!

ILHA DAS FLORES (curta)
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MEMÓRIA



Amar o perdido
 deixa confundido
 este coração.

Nada pode o olvido
 contra o sem sentido
 apelo do Não.

As coisas tangíveis
 tornam-se insensíveis

 à palma da mão
Mas as coisas findas
 muito mais que lindas,
 essas ficarão.


Carlos Drummond de Andrade
segunda-feira, 14 de outubro de 2013 0 comentários

PAROLAGEM DA VIDA






Como a vida muda.
 Como a vida é muda.
 Como a vida é nula.
 Como a vida é nada.
 Como a vida é tudo.
 Tudo que se perde
 mesmo sem ter ganho.
 Como a vida é senha
 de outra vida nova
 que envelhece antes
 de romper o novo.
 Como a vida é outra
 sempre outra, outra
 não a que é vivida.
 Como a vida é vida
 ainda quando morte
 esculpida em vida.
 Como a vida é forte
 em suas algemas.
 Como dói a vida
 quando tira a veste
 de prata celeste.
 Como a vida é isto
 misturado àquilo.
 Como a vida é bela
 sendo uma pantera
 de garra quebrada.
 Como a vida é louca
 estúpida, mouca
 e no entanto chama
 a torrar-se em chama.
 Como a vida chora
 de saber que é vida
 e nunca nunca nunca
 leva a sério o homem,
 esse lobisomem.
 Como a vida ri
 a cada manhã
 de seu próprio absurdo
 e a cada momento
 dá de novo a todos
 uma prenda estranha.
 Como a vida joga
 de paz e de guerra
 povoando a terra
 de leis e fantasmas.
 Como a vida toca
 seu gasto realejo
 fazendo da valsa
 um puro Vivaldi.
 Como a vida vale
 mais que a própria vida
 sempre renascida
 em flor e formiga
 em seixo rolado
 peito desolado
 coração amante.
 E como se salva
 a uma só palavra
 escrita no sangue
 desde o nascimento:
 amor, vidamor!


Carlos Drummond de Andrade
domingo, 13 de outubro de 2013 0 comentários

METAMORFOSES



Não há coisa alguma que persista em todo o Universo. Tudo flui, e tudo só apresenta uma
imagem passageira. O próprio tempo passa com um movimento contínuo, como um rio... O
que foi antes já não é, o que não tinha sido é, e todo instante é uma coisa nova. Vês a noite,
próxima do fim, caminhar para o dia, e à claridade do dia suceder a escuridão da noite...

Não vês as estações do ano se sucederem, imitando as idades de nossa vida? Com efeito, a
primavera, quando surge, é semelhante à criança nova... A planta nova, pouco vigorosa,
rebenta em brotos e enche de esperança o agricultor. Tudo floresce. O fértil campo
resplandece com o colorido das flores, mas ainda falta vigor às folhas. Entra, então, a quadra mais forte e vigorosa, o verão: é a robusta mocidade, fecunda e ardente.


 Chega, por sua vez, o outono: passou o fervor da mocidade, é a quadra da maturidade, o meio-termo entre o jovem e o velho; as têmporas embranquecem. Vem, depois, o tristonho inverno: é o velho trôpego, cujos cabelos ou caíram como as folhas das árvores, ou, os que restaram,
estão brancos como a neve dos caminhos. Também nossos corpos mudam sempre e sem
descanso... E também a Natureza não descansa e, renovadora, encontra outras formas nas
formas das coisas.
Nada morre no vasto mundo, mas tudo assume aspectos novos e
variados... Todos os seres têm sua origem noutros seres.


Existe uma ave a que os fenícios dão o nome de fênix. Não se alimenta de grãos ou ervas, mas das lágrimas do incenso e do
suco da amônia. Quando completa cinco séculos de vida, constrói um ninho no alto de uma
grande palmeira, feito de folhas de canela, do aromático nardo e da mirra avermelhada. Ali
se acomoda e termina a vida entre perfumes. De suas cinzas, renasce uma pequena fênix,
que viverá outros cinco séculos... Assim também é a Natureza e tudo o que nela existe e
persiste.


Ovídio, Metamorfoses.



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