2c6833b0-77e9-4a38-a9e6-8875b1bef33d diHITT - Notícias Sou Maluca Sim!: julho 2017
sexta-feira, 28 de julho de 2017 0 comentários

OKJA FILME



Vi o filme OKJA achando que seria um filme fofo para passar uma tarde tranquila, só que não! Após assistido ficou um sentimento de culpa e a vontade de nunca mais comer carne na minha vida.
QUE SAUDADE DO MEU FALECIDO CACHORRO!!!



AGORA PELO AMOR DE DEUS. O BICHO ALÉM DE FOFO É INTELIGENTE E TEM OLHOS HUMANOS. Isso acaba com o coração da gente. 


quinta-feira, 27 de julho de 2017 0 comentários

A REALIDADE TRANSFIGURADA



Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. O que te direi? te direi os instantes. Exorbito-me e só então é que existo e de um modo febril. Que febre: conseguirei um dia parar de viver? ai de mim, que tanto morro. Sigo o tortuoso caminho das raízes rebentando a terra, tenho por dom a paixão, na queimada de tronco seco contorço-me às labaredas. A duração de minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa. Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios. 
Para me interpretar e formular-me preciso de novos sinais e articulações novas em formas que se localizem aquém e além de minha história humana. Transfiguro a realidade e então outra realidade, sonhadora e sonâmbula, me cria. E eu inteira rolo e à medida que rolo no chão vou me acrescentando em folhas, eu, obra anônima de uma realidade anônima só justificável enquanto dura a minha vida. E depois? depois tudo o que vivi será de um pobre supérfluo. 
Mas por enquanto estou no meio do que grita e pulula. E é sutil como a realidade mais intangível. Por enquanto o tempo é quanto dura um pensamento. 

Clarice Lispector, in 'Água Viva' 
sexta-feira, 14 de julho de 2017 0 comentários

EU ENTENDO TODA A DEFESA QUE SE FAÇA DO LULA ...



Eu entendo toda a defesa que se faça do Lula, exceto ler gente inteligente dizendo que agora (e somente agora) nossa democracia é uma farsa, nossa justiça é classista, o sistema financeiro dá as cartas, a mídia é golpista, o STF é um escárnio, o Congresso é vendido e vivemos num estado de exceção.

Por que o STF não era um escárnio quando o PT indicou 7 dos 11 atuais ministros?
Por que a mídia não era golpista quando Hélio Costa era ministro das Comunicações e os governos petistas encharcavam a Globo de dinheiro?

Por que a nossa justiça não era classista quando, durante os governos petistas, o número de presos aumentou enormemente, sendo a maioria de pretos e pobres e 41% em prisão preventiva?

Por que o sistema financeiro passou a dar as cartas agora, com Meirelles na Fazenda, e não dava as cartas antes, com Meirelles no Banco Central?

Por que o Congresso passou a ser vendido agora e não era nos tempos da "governabilidade"?
Defender Lula é uma coisa. Ignorar nossa história como se as injustiças sociais começassem ontem com a sentença de Lula é outra coisa bem diferente.

Por Gustavo Gindre
domingo, 9 de julho de 2017 0 comentários

EM QUE CONSISTE A INTIMIDADE?



A intimidade consiste em uma adorável sensação de proximidade e cumplicidade com uma pessoa especial: um amigo sincero, um parente, um parceiro sentimental. Ela só se constrói em determinadas condições especiais, sendo que a mais importante delas tem a ver com o modo como se constituiu nosso modo de pensar.

Cada um de nós desenvolveu um jeito de correlacionar as palavras e os pensamentos que é mais original do que pensamos. Apesar de todos falarmos a mesma língua, nem sempre o que dizemos corresponde exatamente ao que o outro ouve; e, o que é o principal, muitas vezes não está em sintonia com aquilo que estava em nossa mente. Ou seja, como cada cérebro é único, não é raro que aquilo que estou escrevendo aqui agora – e que é o fruto de um esforço de transformar em palavras o que se passa em minha mente – não corresponda ao que você, leitor, estará entendendo. Isso não se deve apenas à uma eventual dificuldade minha de me comunicar e sim a diferenças relevantes entre os nossos modos de pensar.

Em contrapartida, há vezes em que o que falamos ou escrevemos parece corresponder exatamente ao que nosso interlocutor entendeu. A sensação é extremamente agradável, uma vez que nos sentimos devidamente entendidos e isso define uma importante afinidade no sistema de pensar, condição indispensável para que se constitua um relacionamento íntimo. Quando ocorre essa comunicação bem sucedida nossa sensação é de aconchego, de não estarmos tão sozinhos nesse mundo.



Ao longo do convívio com alguém cujo modo de pensar é suficiente parecido com o nosso, é claro que podem surgir divergências de pontos de vista e mesmo de atitudes diante das várias condições objetivas da vida de cada um dos que são íntimos.

É indispensável que esse canal fluente e fácil de comunicação não se feche, o que exige certos cuidados muito relevantes. O primeiro deles diz respeito ao modo como colocamos nossas diferenças: o melhor caminho consiste no uso da primeira pessoa do singular e não a terceira pessoa, uma vez ela que pode facilmente provocar a sensação de cobrança, crítica ou acusação.

Se algo me desagrada no outro, posso dizer a ele que “eu fico triste quando acontece isso ou aquilo entre nós” em vez de “não acho que você deveria fazer isso ou aquilo”; ou pior ainda: “não aceito – não admito – que você faça isso ou aquilo”.

Ninguém tem o direito de exigir nada de ninguém, muito menos dos mais íntimos. Temos o direito e mesmo o dever de informá-los sobre os desdobramentos de seus atos: “quando você age dessa ou daquela maneira, isso provoca em mim tantas e tais sensações e emoções”. Se o outro quiser nos agradar certamente tenderá a evitar as condutas que nos entristecem. Se não for esse o caso, cabe a nós decidir se aceitamos ou não o convívio com essa pessoa.

Outro ingrediente que considero fundamental para a continuidade dos relacionamentos baseados em respeito e intimidade é a ausência de críticas.

Quando uma pessoa relevante nos censura, nossa sensação é muito desagradável; e é especialmente ruim se esperávamos algum tipo de compreensão ou alívio de um desconforto que nós mesmos estejamos sentindo por termos cometido algum erro.

Quando esperamos colo e recebemos uma reprimenda, tendemos a nos calar; e não só naquela dada situação específica, mas também em qualquer outra que venha a ser passível de algum tipo de reprimenda.

Um exemplo: se eu contar para o meu parceiro sentimental algo no qual eu tenha falhado – ou algum sonho ou pensamento não muito abonador – eu não gostaria de ouvir algo do tipo “nossa, nunca pensei que você fosse fazer essa bobagem ou ter tal tipo de pensamento”. É claro que da próxima vez que eu fizer algo que possa ser censurável ou pensar algo não tão agradável não mais contarei o que se passou comigo.

Assim, o que mais comumente interrompe a comunicação e impede a intimidade são atitudes críticas e reprovadoras vindas de parceiros cuja aceitação nos é tão importante.

Se ao invés de críticas ouvirmos algo do tipo “você sabe que em uma dada ocasião fiz algo parecido e sei muito bem como é chato errar e imagino como você deva estar se sentindo; mas não se aflija, pois isso logo passa”, é claro que a intimidade cresce e se fortalece.


Em síntese, as boas relações de companheirismo acontecem entre aqueles que possuem modos de ser e de pensar assemelhados, que sejam muito cautelosos ao colocar suas divergências – sempre dando prioridade para a descrição da repercussão das ações do outro sobre si mesmo – e, mais que tudo, entre pessoas que não se arvorem em juízes e que sejam acima de tudo cúmplices.

 Flávio Gikovate
 
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