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segunda-feira, 14 de maio de 2012 0 comentários

As Aventuras de João em A Campanha do Kiki Baralho


Kiki Baralho naquele momento era vice presidente da comissão de direitos humanos da OAB- ra RJ e acabou saindo como candidato a deputado federal pela legenda do PCdeB (partido corrupto de bosta).

A realidade é que ele jamais teria condições de ganhar aquela eleição do ano de 2010, mas dada a oportunidade porque não tentar! Para cumprir esse objetivo seu organizador de campanha, ou seja, a pessoa mais importante depois do próprio candidato e realmente responsável, foi o seu irmão mais velho João Carlos de Baralho.

João Carlos de Baralho vivia do meio político, mas sempre as sombras de alguém. Nunca teve autonomia para nada e por mais que não disse-se, isso o incomodava bastante.

A possibilidade de torna-se o organizador daquela campanha política caiu do céu. Seria sua oportunidade de demonstrar a os familiares e amigos que ele era capaz, e ainda melhor, talvez resolvesse definitivamente os seus problemas financeiros.

Sentia-se falido desde que perdera sua vaguinha como assessor parlamentar.

Ainda nos tempos de escola militou no movimento estudantil e já estava sobre as sombras do seu irmão Kiki. Enquanto Kiki era mais articulado, mais popular, sendo o preferido pelas moças, João tentava esconder a custo sua inveja e acompanhar a tudo.

Recebeu com contentamento a campanha do irmão. Gostaria de ser ele mesmo o candidato, mas teria grandes problemas se sua imagem fosse divulgada amplamente na mídia. Entre outras coisas Kiki era melhor para isso. João Carlos sempre foi o homem dos bastidores. Querendo ou não.

Ele estava com quase 50 anos de idade, pensava que quando chegasse a essa idade já estaria aposentado e vivendo de renda, suas únicas preocupações seriam viagens e lazer, porém isso não ocorreu.

Conquistou formação como advogado, seu diploma foi comprado em uma faculdade particular. Decisão tomada apenas depois de perceber seu irmão kiki obtendo algum êxito nessa profissão.

Apesar de o partido PCdeB permitir a ele acumular cargos públicos e ocupar cargo de direção em diversas instituições, não possuía grandes bens. E ria internamente quando pensava em suas falta de recursos nesse sentido, pois se ainda tivesse alguma coisa, suas 6 ex-mulheres já teriam lhe arrancado tudo, até mesmo as cuecas.

Nossa, 50 anos!

Sem aposentadoria, sobrevivendo de aparência, vivendo a sobra dos outros e muitas vezes precisando de ajuda para manter seu fantasioso padrão de vida, sem êxito também na vida amorosa e o pior começava a sofre de problemas de ereção. Agora não podia se valer nem daquilo que se achava bom.

Bendita campanha que veio em boa hora.

Bendita campanha da salvação!


Continua...

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O LADO B do PCdoB


Rio de Janeiro, 11 de abril de 2012

"Ou se é Comunista, ou se é militante do PCdoB. Bem, como todos sabem sou Comunista e sempre serei"

No momento em que escrevo essas linhas ainda sou militante do PCdoB, mas provavelmente quando os Senhores estiverem lendo eu não serei mais. E para eu será o mesmo que ganhar carta de alforria.

Passei 12 anos de minha vida dedicados ao Partido Comunista do Brasil. Como muitos outros militantes eu tinha em meu coração a utopia de querer mudar o mundo, criar uma nova ordem social mais humana e igualitária. Mas ao final do processo descobri que a igualdade tantas vezes mencionadas em inflamados discursos de assembléias e convenções partidárias eram apenas blefes, para os menos esclarecidos e principalmente para o convencimento daqueles que como eu são mais pobres.

Ainda estou em choque por todos os absurdos que presenciei e outros que tomei conhecimento, sendo assim, perdoem-me se em muitos momentos Eu vier a extrapolar em sentimentalismo.

Digo aos corruptos ordinários dirigentes do PCdoB, que infelizmente mesmo diante de montantes e mais montantes de dinheiro não consegui por minha dignidade a venda.

Canalhas peguem o dinheiro que vocês desviaram do CEPERJ e enfiem nos seus próprios rabos, principalmente os senhores João Carlos de Carvalho e Carlos Anjos Estrela. Canalhas!

Todo político tem uma história triste para contar é uma forma de forçar a simpatia do eleitor. Ao ser candidata a deputada estadual em 2010, não precisei inventar a minha, a vida se encarregou disso por mim.

Minha criação foi dada por meus avôs maternos, dois nordestinos que tenho a mais profunda admiração. Ambas foram bóias frias, mas minha avó Maria (conhecida como D.Mocinha) não gosta muito que falemos sobre isso. O que eu tenho a dizer aos Senhores é que meu avô João foi um entre esses muitos brasileiros, de costas cortadas pela palha da cana. Se eu fosse contar aqui, a começar pela seca nordestina, todos as dificuldades que esse casal superou ao longo da vida, teria de reescrever algo como a Odisséia. O importante é que mesmo diante das maiores dificuldades fui criada por pessoas dignas e seus exemplos foram passados a minha pessoa.

Hoje os dirigentes do PCdoB principalmente do Estado do Rio de Janeiro tentam humilhar-me tendo por alvo principal a minha origem e posição social, porém jamais conseguirão. Não me envergonho de ser negra, menos ainda de ser pobre filha e neta de nordestinos. Tenho orgulho de onde vim e da criação que recebi. Meus avôs quase sem nenhuma instrução, Sem sequer sonharem com o mundo acadêmico me passaram lições que muitos dos nossos governantes deviriam ter aprendido:

antes de tudo, humildade e respeito ao próximo.

Link indicado:

O LADO B DO PCdoB parte2

O LADO B DO PCdoB parte3

O LADO B PCdoB PARTE4


quinta-feira, 10 de maio de 2012 0 comentários

Retrato de Claudia parte 7




Os dias foram passando e volta e meia Claudia ouvia falar da tal Jaqueline. Essa insistia em denuncia o golpe sofrido e outros absurdos que ocorriam no partido, como: favorecimentos escusos e desvios de verba publica.
Todos conheciam os fatos, mas ninguém se importava. Muito menos Claudia.
“Onde se viu uma negrinha exigindo ética. Deve ser alguma piada.
Minha querida você é negra não merece moral, ética. Coloque-se no seu lugar. Quanta petulância.”
As denuncia feitas por Jaqueline avolumavam-se, ganhavam notoriedade pública. A mocinha tornou-se um problema para o partido. Era preciso fazê-la calar. Para isso várias tentativas foram feitas sem grandes êxitos.
Jaqueline nos seus 20 e poucos anos, mesmo estando em situação claramente desfavorável, principalmente por ser pobre e negra, não se deixava intimidar. Mesmo quando ameaçada de morte não se calou, continuou exigindo justiça.
Claudia não estava acostumada com aquilo. Em todo o seu tempo de política não viu nada igual.
Tentaram encontrar qualquer coisa que vinhe-se a desmoralizar Jaqueline. Ficha criminal, alguma situação onde ela tirou vantagem de alguém. Ligação com lavagem de dinheiro. Qualquer coisa que pudesse ser usado contra ela. Não se encontravam absolutamente nada.
Tem de haver alguma coisa. Todos que estão na política estão na sujeira por mais que tentem esconder, mas de Jaqueline não encontravam nada. E essa não se calava.
Dada a proporção do problema não era mais possível iguinora os apelos da moça, então, os dirigentes estaduais e municipais do partido decidiram montar uma comissão que receberia Jaqueline com o pretexto de acatar a suas denuncias e instalar uma investigação sobre aquilo que a muito tempo era de conhecimento de todos.
No entanto a verdadeira intenção dessa comissão era arrumar alguma forma de incriminar ou desmoralizar Jaqueline. De preferência algo que justifica-se uma expulsão do partido da forma mais vexatória possível.
Claudia por ser mulher e negra era Vital, para fazer Jaqueline se sentir a vontade e não desconfiar das verdadeiras intenções daquele grupo de extermínio. Aquilo já tinha ido longe demais. Se depende-se do empenho de Claudia a neguinha iria se arrepender do dia em que tinha nascido. Passou a ser uma questão pessoal.
lINKS INDICADOS:
quarta-feira, 9 de maio de 2012 0 comentários

Retrato de Claudia parte 6



Não conseguiu dormir bem essa noite. As costas doíam um pouco, porém levantou-se cedo.
Tomou apenas um café preto, sentou-se lentamente, Abriu sua caixa de emails como era de costume.
Um email em particular chamou-lhe a atenção. Ao que parece havia sido enviado por uma mulher de nome Jaqueline. Essa dizia está em grandes dificuldades financeira em razão de um golpe dado por um dirigente do partido político de Claudia. A mulher transcorria que era grande o seu desespero e que naquela madrugada teria sido acordada por volta das 3 horas da manhã por seu filho mais velho, reclamando de muita dor no estomago, por causa da fome.
Seu único alimento durante o dia teria sido meio pão, que dividiu com o irmão mais novo. E um único parto de comida com um punhado de arroz e ovo.
Inconformada, Jaqueline encerrava o email pedindo ajuda e providencias das verdadeiras lideranças do partido.
Ao acabar de ler Claudia achou tudo muito engraçado.
Que mulherzinha ridícula, pensou!
Não se recordava muito bem da mulher em questão, mas com certeza era mais uma vadizinha querendo chamar a atenção para se dar bem. Esse jogo com Claudia não rolava, conhecia bem todas as artimanhas. Havia testado quase todas.
E oras! Se realmente sofreu um golpe o problema era dela. Como todas as outras mulheres do partido faziam, que engoli-se o sapo. Não deveria mandar email ridículo para ninguém. Negócios de partido são resolvidos a portas fechadas.
Saiou do email e começou a se arrumar para o trabalho.
terça-feira, 8 de maio de 2012 0 comentários

Retrato de Claudia parte 5



Pela primeira vez pode soltar seus cabelos sem culpa, usá-los bem cheios, propositadamente para o alto.
A principio não se agradou muito, mas foi preciso assumir integralmente esse papel, já que agora, assumia a liderança de um movimento negro.
Alguém que jamais assumira sua negritude passou a ser responsável por defender os direitos e integridade dos negros.
Claudia a muito tempo perdera sua personalidade, apenas interpretava o papel que se fizesse preciso.
Não conseguia ser gente.Não conseguia se aceitar como negra, mas também, não conseguia ser branca.
Envolvida por seus complexos, tornou-se uma pessoa de interesses fúteis e amargurada, preocupada apenas consigo mesmo.
Necessitava se fazer notar, assumiu um estilo espalhafatoso, unhas compridas. O sorriso que já era forçoso, passou a transparecer cinismo.
Frequentava festas, comprava roupas caras, viajava. Porém, nada foi capaz de trazer de volta sua humanidade.
Claudia era uma mulher seca. Dona de uma secura profunda, que vinha do útero. Estéreo não se permitia a compaixões.
Quem teve a oportunidade de conhecer melhor a pobre Claudia só descobriu vazio.
O trabalho que se confundia com as suas atividades políticas tornara-se seu refugio.
As amigas de trabalho a tratavam bem, algumas até a bajulavam, mas bastava dar-lhes as costas e os murmúrios começavam.
Quando tentava ser simpática acabava tendo o seu nome envolvido em alguma fofoca. Ninguém gostava verdadeiramente de Caudia, apenas a toleravam.
Defendia-se dizendo para si mesma e para quem quisesse ouvir que não se importava. Fingia acreditar que tudo não passava de inveja.
Porém, muitas noites chorou, agarrada ao travesseiro, cansada e sentindo-se profundamente sozinha.
Fazia-se de forte mais tinha muitos medos. Deu para pensar em morte. Sentia-se velha e passou a esconder a idade.
Havia uma espécie de relógio cuco em sua cabeça dizendo:
Tempo, tempo... tempo!
Claudia agora revoltava-se contra a vida!


Lins indicados:


segunda-feira, 7 de maio de 2012 0 comentários

Retrato de Claudia parte 4


O mundo político tornou-se campo fértil para os interesses completamente sem escrúpulos de Claudia. Era a sua chance real de pertencer a Super Classe, sobre tudo a grande vingança por tudo que tinha passado.

Se ela estava na política é porque possuía poder. Ao menos, era isso que Claudia gostaria que todos pensassem. Principalmente suas antigas colegas de escola, brancas, de cabelos insuportavelmente lisos, perfeitas e bem sucedidas na vida.

Claudia negligenciava a sua cor e tentava a todo modo, meios de se clarear.O evidente mau caráter era sua forma de gritar ao mundo que era alguém.

Como tudo tem seu preço e sendo ela uma pessoa política. Claudia se via obrigada a demonstrar em seu sorriso o que nunca conseguiu ser:

Feliz!

Sorria muito e sempre tentava disfarçar a amargura que os anos a trouxeram.

Seus esforços foram muitos, porém não conseguiu chegar nem perto do que gostaria.

O resultado é que não conseguiu transforma-se nem em princesa, nem Barbie. E o pior de tudo, estava envelhecendo!

Tentava todo tipo de dieta, nada adiantava.

O corpo esquio e bem desenhado, agora, tornara-se gordo. Os quadris largos que antes atraiam os olhares masculinos, assumiram uma forma exagerada, tornando-se desproporcionais.

Diante do espelho percebia a cara inchada, a pele lisa e tão elogiada começando a enrugar. Em um processo continuo e inevitável.

A juventude e a beleza não eram mais suas aliadas. Perdera essas armas e o tempo passou a ser um inimigo.

Continua...


Ohooo pobre Claudia! Para ser feliz é preciso dançar na chuva quando a chuva vem!

Links indicados:

Retrato de Claudia parte 1

Retrato de Claudia parte 2

Retrato de Claudia parte 3

sexta-feira, 4 de maio de 2012 0 comentários

Retrato de Claudia parte 3



Começando

Estava quase terminando o fundamental quando precisou mudar de escola.
Não se aceitava como negra e tão pouco consegui se livrar dos já habituais apelidos. no entanto a maioria dos alunos a recebeu bem na nova escola.
Logo descobriu a presença de outros negros, porém preferiu não se envolver muito com eles.
já tinha problemas demais sozinha imagine se começasse a andar com um bando de negrinhos. Não sabia nem o porque, mas não gostou de nenhum deles, porém sentia-se mais confortável por não ser a única negra da escola.

Mesmo se achando feia, nas aulas de educação física Cláudia começava a chamar claramente a atenção dos rapazes. Bem verdade que quase não tinha muito busto, porém o contraste da cintura fina com os quadris largos lhe caiam muito bem.

Vieram os primeiros namorados, os primeiro amores. Todos devidamente de pele branca e preferencialmente de famílias endinheiradas. E  já não existiam amores, apenas troca de interesses.
Afina,l Claudia  continuava desejando torna-se uma princesa!

A experiência da maturidade lhe mostrava que dinheiro e poder atenuavam e muito qualquer diferença de raça, cor.

Aos pouco e com muito esforço foi conquistando espaço numa vida social. Na busca por obter exito a qualquer preço, se sujeitou a um pouco de tudo e sofreu humilhações ainda piores do que as do tempo de escola.

Por muitas vezes se viu obrigada a usar do único artificio que possuía: o corpo escultural de negra.
|Para conquistar o que queria por muitas vezes teve de se deitar na cama com homens asquerosos, que a causavam nojo. 

Mas tudo ficaria esquecido quando ao final ela se tornasse Barbie.

E agindo dessa forma e conquistando algumas indicações conseguiu adentra no mundo da política.



Imagem: cartunista Ziraldo

quinta-feira, 3 de maio de 2012 0 comentários

Retrato de Claudia parte 2



Claudia entende...

Nervosa e cansada de tantas ofensas se envolveu em uma confusão no pátio.
Acabou empurrando bruscamente uma mocinha que puxava insistentemente seus cabelos enroladinhos, enquanto a chamava de carrapinha.
A mocinha se assustou com a reação inesperada de Claudia, mas não deixou barato e disse:

- Quem você pensa que é sua neguinha?

- Nesse dia foi desfeito o mistério. Claudia entendeu tudo. O problema não era o cabelo, mas ser neguinha. E para isso não havia remédio.

Ficou deprimida, teve febre, não foi para a aula.
Sentiu-se a pior das criaturas. Desejou até mesmo morrer. O mundo era muito injusto e feito para os brancos.

Suas colegas de classe eram todas perfeitas e brancas enquanto ela era apenas a neguinha.


quarta-feira, 2 de maio de 2012 0 comentários

Retrato de Claudia parte 1




Sou a barbie girl

Claudia nunca passou por muitas dificuldades na vida. A pobreza para ela foi uma desconhecida, mas também nunca foi rica.
Quando criança possuía muitas bonecas e suas preferidas eram as Barbies. Claudia as carregavam para todos os lados e com elas reproduzia nas suas brincadeiras inocentes, o mundo que um dia gostaria de ter.

O que ninguém percebeu, nem mesmo os seus pais é que além da admiração infantil aquelas bonecas causavam uma certa inquietação no coração de Claudia.
Todas eram princesas ao seu modo, mas nenhuma se parecia com Claudia ou algum parente direto, nem mãe, nem tia.

Claudia muito se esforçava, porém não conseguia entender o porque isso acontecia. Suas queridas bonecas eram invariavelmente brancas, magras e não importava a cor dos cabelos, eram sempre lisos. No máximo ondulados e Claudia tinha os cabelos crespos.

Passou a se achar feia. Tornando-se mais moça criou uma verdadeira obsessão por cabelos lisos, mas nada dava o resultado desejado.

Em um momento de maior revolta pensou em rapar a cabeça.
Melhor ser careca doque ter cabelos tão feios que não combinavam em nada com ela.
Algumas vezes antes do banho, trancada no banheiro a salvo dos olhares curiosos, Claudia jogava uma toalha na cabeça, corria para o espelho e fingia serem os seus cabelos lisos.

Foi estudar em uma boa escola e além de feia passou a ser tratada como diferente.
Já não tinha mais nome, somente apelidos maldosos: pichaim, palha de aço, cabelo ruim. E o que ela mais detestava, por ser muito magra e de cabelos crespos suas colegas passaram a chama-la de charuto.

Sentia muita raiva daquilo tudo, odiava a escola os apelidos. Odiava os malditos cabelos que a faziam diferente e inferior diante dos outros.

CONTINUA...

sexta-feira, 20 de abril de 2012 0 comentários

lois Soares-parte6/final


Adelaide contou miudamente ao amigo de seu pai os sucessos que a obrigavam a não preencher a condição da carta póstuma confiada a Anselmo. Em conseqüência desta recusa, a fortuna devia ficar com Anselmo; a moça contentava-se com o que tinha.

Não se deu Anselmo por vencido, e antes de aceitar a recusa foi ver se sondava o espírito de Luís Soares.

Quando o sobrinho do major viu entrar por casa o fazendeiro suspeitou que alguma coisa houvesse a respeito do casamento. Anselmo era perspicaz; de modo que, apesar da aparência de vítima com que Soares lhe aparecera, compreendeu ele que Adelaide tinha razão.

Assim pois tudo estava acabado. Anselmo dispôs-se a partir para a Bahia, e assim o declarou à família do major.

Nas vésperas de partir achavam-se todos juntos na sala de visitas, quando Anselmo soltou estas palavras:

— Major, está ficando melhor e forte; eu creio que uma viagem à Europa lhe fará bem. Esta moça também gostará de ver a Europa, e creio que a srª D. Antônia, apesar da idade, lá quererá ir. Pela minha parte sacrifico a Bahia e vou também. Aprovam o conselho?

— Homem, disse o major, é preciso pensar…

— Qual pensar! Se pensarem não embarcarão. Que diz a menina?

— Eu obedeço ao tio, respondeu Adelaide.

— Além de que, disse Anselmo, agora que D. Adelaide está de posse de uma grande fortuna, há de querer apreciar o que há de bonito nos países estrangeiros a fim de poder melhor avaliar o que há no nosso…

— Sim, disse o major; mas você fala de grande fortuna…

— Trezentos contos.

— São seus.

— Meus! Então sou algum ratoneiro? Que me importa a mim a fantasia de um generoso amigo? O dinheiro é desta menina, sua legítima herdeira, e não meu, que aliás tenho bastante.

— Isto é bonito, Anselmo!

— Mas o que não seria se não fosse isto?

A viagem à Europa ficou assentada.

Luís Soares ouviu a conversa toda sem dizer palavra; mas a idéia de que talvez pudesse ir com o tio sorriu-lhe ao espírito. No dia seguinte teve um desengano cruel. Disse-lhe o major que, antes de partir, o deixaria recomendado ao ministro.

Soares procurou ainda ver se alcançava seguir com a família. Era simples cobiça na fortuna do tio, desejo de ver novas terras, ou impulso de vingança contra a prima? Era tudo isso, talvez.

À última hora foi-se a derradeira esperança. A família partiu sem ele.

Abandonado, pobre, tendo por única perspectiva o trabalho diário, sem esperanças no futuro, e além do mais, humilhado e ferido em seu amor-próprio, Soares tomou a triste resolução dos covardes.

Um dia de noite o criado ouviu no quarto dele um tiro; correu, achou um cadáver.

Pires soube na rua da notícia, e correu à casa de Vitória, que encontrou no toucador.

— Sabes de uma coisa? perguntou ele.

— Não. Que é?

— O Soares matou-se.

— Quando?

— Neste momento.

— Coitado! É sério?

— É sério. Vais sair?

— Vou ao Alcazar.

— Canta-se hoje
fg(41,’Barbe-Bleue‘)
Barbe-Bleue, não é?

— É.

— Pois eu também vou.

E entrou a cantarolar a canção de Barbe-Bleue.

Luís Soares não teve outra oração fúnebre dos seus amigos mais íntimos.
Machado de Assis
Publicado Originalmente em Jornal das Famílias (1864)
 
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