2c6833b0-77e9-4a38-a9e6-8875b1bef33d diHITT - Notícias Sou Maluca Sim!: O ENAMORAMENTO, SEGUNDO SCHOPENHAUER.
terça-feira, 13 de maio de 2014

O ENAMORAMENTO, SEGUNDO SCHOPENHAUER.



Tese: O sentimento de amor é central para o homem. Certamente o tema mais abordado por todas as artes e pela cultura em geral.
A filosofia deve ocupar-se do amor, afirma Schopenhauer. Mas exatamente nesse elevado nível, em que o homem parece exprimir melhor a própria individualidade e espiritualidade, descobre-se uma ilusão. Por trás de toda manifestação de amor, mesmo a mais pura, sincera e sutil, está o instinto procriador. Uma determinação biológica voltada ao acasalamento e à reprodução da espécie. 

A tese de Schopenhauer, que terá grande interesse para Freud e Jung, é de que não existe amor sem sexualidade. O enamoramento está voltado para a continuidade da espécie, onde o amor é um mero instrumento da natureza. De fato, se o homem não fosse movido por um instinto erótico jamais colocaria filhos no mundo. Ninguém seria tão maldoso a ponto de desejar que qualquer ser viva neste vale de lágrimas. O orgasmo é uma tática para driblar a culpa de gerar uma nova vida. 

Todo o enamoramento, por mais que queira se mostrar etéreo, tem a sua raiz unicamente no instinto sexual; ou melhor, em tudo e por tudo, é somente um impulso sexual determinado, especializado e rigorosamente individualizado...
O êxtase encantador que arrebata o homem à vista de uma mulher cuja beleza lhe apraz e que o leva a imaginar a união com ela como o supremo bem é exatamente o sentido da espécie, que, reconhecendo o seu caráter claramente impresso nela, desejaria perpetuá-lo com a mesma. Dessa decidida inclinação para a beleza depende a conservação do tipo da espécie: por isso ele age
com tamanha força... 

Portanto, o homem é realmente guiado por um instinto que tende ao melhoramento da espécie, mesmo que se iluda ao pensar que busca somente um aumento do próprio prazer. De fato, o que temos é um instrutivo esclarecimento sobre a íntima essência de todo instinto, que quase sempre, como aqui, coloca o indivíduo em movimento para o bem da espécie...
Em conformidade ao exposto caráter do assunto, todo enamorado, depois do gozo finalmente alcançado, experimenta uma estranha desilusão e se surpreende de que aquilo que tão ardentemente desejou não ofereça nada mas do que qualquer outra satisfação sexual; tanto que agora já não se sente mais por ele impelido. 

Com freqüência se vê um homem de boa constituição, espirituoso e delicado ser preterido em favor de um outro feio, estúpido e grosseiro. Igualmente são feitos casamentos por amor entre pessoas extremamente diferentes sob o ponto de vista do espírito:por exemplo, ele é rude, forte e estúpido; ela, delicada, impressionável, instruída, de pensamento refinado, senso artístico; ou então ele, é muito sábio, talentoso enquanto ela é uma néscia. Como a sensibilidade, a boa constituição e a sabedoria são características femininas, as mulheres rejeitam tais qualidades nos homens pois elas mesmas podem passar à prole. Por isso as mulheres rejeitam freqüentemente os eruditos, pois o amor é questão de instinto e não de razão, intelecto ou bom senso.
Logo, aquele desejo estava para todos os seus demais desejos na mesma relação em que a espécie está para o indivíduo –ou seja, entre uma coisa infinita e finita. A satisfação, ao contrario, só se realiza propriamente para o bem da espécie e não cai, portanto, na consciência do indivíduo, o qual, animado pela vontade de espécie, servia com todo o sacrifício a um fim que não era o seu próprio. 

Imaginava-se que o instinto tinha pouco império sobre o homem, ou que pelo menos não se manifestava mais quando o recém nascido instintivamente tratava de procurar e sugar os seios de sua mãe. Porém, na realidade, há um instinto muito determinado, muito atuante, e muito complexo que nos guia na eleição tão fina, tão séria, e tão particular da pessoa que se ama, e de possuí-la com tal voracidade. Por sinal, esta relação instintiva ao nascer deve ser muito marcante. Isso explicaria a causa de quase todos os homens se interessarem por mulheres dotadas personalidade parecida com a da mãe.
Schopenhauer divide a natureza da Vontade em três níveis de importância: Vontade (geral); vontade individual e vontade da espécie.

Vontade - A Vontade é o único elemento permanente e invariável do espírito, aquele que lhe dá coerência e unidade, que constitui a essência do homem. A vontade seria o princípio fundamental da natureza, independente da representação, não se submetendo às leis da razão. Schopenhauer afirma que o real é em si mesmo cego e irracional, enquanto Vontade. "A consciência é a mera superfície de nossa mente, da qual, como da terra, não conhecemos o interior, mas apenas a crosta". O inconsciente apresenta assim, um papel
fundamental na filosofia de Schopenhauer. A vontade é, acima de tudo, uma vontade de viver e de viver na máxima plenitude. Desde que o mundo é essencialmente vontade, não pode deixar de ser um mundo de sofrimento. A vontade é um índice de necessidade, e como ela é imperecível, continua sempre insatisfeita. A aparente satisfação da vontade conduz ao tédio. A satisfação de um desejo é como a esmola que se dá ao mendigo, só consegue manter-lhe a vida para lhe prolongar a miséria. Por isso mesmo a vontade é um mal e a origem de todos os males.

Vontade de Individual - É o poderoso impulso que impele todo ser a perpetuar o máximo possível a sua existência e condição na condição atual. Está presente de modo consciente, como instinto de sobrevivência, no homem e nos animais. Uma de suas características é sua luta contra o devir(mudança) e à própria morte.

Vontade da Espécie - Como o mundo é um constante devir, a vida, para continuar existindo, precisa igualmente mudar para evitar o perecimento. Para tanto criou as espécies e as dotou de uma vontade própria de conservação e vida. É através do instinto das espécies que os seres singulares podem adiar ou sacrificar suas vontades individuais em prol da perpetuação da espécie e da vida.

Bibliografia:
SCHOPENHAUER, Metafisica del Amor. Madrid: Don Quijote, 1993.
NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia. São Paulo: Editora Globo, 2005.

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