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sábado, 11 de janeiro de 2014 0 comentários

COMO DIZIA O POETA


Quem já passou por essa vida e não viveu 
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu 
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu 
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não 
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão 
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir 
Eu francamente já não quero nem saber 
De quem não vai porque tem medo de sofrer 
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão 
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não

(Vinícius de Moraes e Toquinho)
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Friedrich Nietzsche

Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas.(Friedrich Nietzsche)

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Britney Spears e Miley Cyrus em 'Work Bitch' e 'Wrecking Ball'


Vi a notícia na internet que a as emissoras francesas estão sendo aconselhadas pelo Conselho Superior de Audiovisual para não exibirem os vídeo clips 'Work Bitch' e 'Wrecking Ball'  das cantoras Britney Spears e Miley Cyrus em razão das imagens serem consideradas inapropriadas para o público jovem.

Oras, o que esperavam do trabalho dessas cantoras que ganham seu espaço na mídia não pelo talento, mas pelo acumulo de escândalos.

Bem, para mim pareceu um pouco mais do mesmo. Vídeos pobres em conteúdo, de  sexualização forçosa com objetivo de deixarem os vídeos mais comerciais agradando a punheteiros e lésbicas de plantão.

Me agrada a ideia de transgressão, afinal quem já não quis ou quebrou regras. No entanto, não sei se consigo encarar isso como arte e como mulher acho deplorável que nossa feminilidade seja explorada dessa forma banal a ponto do ridículo.

Não sei se por está ficando velha, esse tipo de videoclipe  mesmo quando passados para jovens não me escandalizam (Vide Madonna), acho apenas apelativo. E no contexto atual sem sentido.


Mas um golpe publicitário!






sexta-feira, 10 de janeiro de 2014 0 comentários

INVENÇÃO DA ALEGRIA

O que distingue uma coisa da outra é a capacidade
de nos deslumbrar que as formas tenham


Fui ao Paço Imperial, aqui no Rio, para ver a exposição de Wilma Martins. Fazia muito tempo que não via seus trabalhos, mas guardara deles a melhor das impressões. Agora, nesta visita que fiz, aquela impressão se confirmou e, devo admitir, mostrou-se mais rica e fascinante.

Uma das boas coisas que ganhei nessa visita foi conhecer trabalhos anteriores da artista, suas gravuras em madeira, onde já se revelava particularmente criativa e original. Diante daquelas composições, onde a linha gravada e as relações de treva e luz nos fascinaram, só confirmei tratar-se de uma artista de rara originalidade.

Mas essa gravadora, que explorava um universo noturno e delirante, tornou-se depois a desenhista diurna, de desenho limpo e lúcido, que parece constituir o ápice de sua aventura estética.

Essa fase de Wilma está entre as melhores coisas que a arte brasileira produziu nestas últimas décadas. Isso se deve, creio eu, de um lado, ao despojamento da linguagem figurativa e, de outro, à imaginação poética que a faz trazer para o espaço doméstico --povoado de objetos próprios a esse espaço-- seres selvagens como corças, ursos, elefantes e, com eles, a floresta mesma. Ela opera uma subversão poética da realidade banal da casa. E tem mais, ali não aparecem os moradores, os habitantes do espaço doméstico; não, só os objetos.


O mais surpreendente, porém, nessas obras de Wilma, é o fato de que os objetos da casa são meros contornos, sem consistência real, enquanto os animais que ali surgem inesperadamente são coloridos e tratados conforme a linguagem realista da pintura convencional. Ou seja: o que é real --os objetos da casa-- é representado abstratamente, enquanto o que é sonho --as aparições da selva-- é tratado com realismo.

E o mais curioso é que, não muito depois, Wilma Martins passa a pintar paisagens, isto é, a natureza que se insinuava em seu universos gráfico de desenhista torna-se o tema exclusivo do quadro.

No mesmo Paço, numa sala do andar térreo, há outra exposição. Trata-se de uma instalação, com máquinas que produzem vento e um tubo de plástico ora inflado pelo vento que a máquina produz, fazendo desagradável barulho. Não se percebe ali qualquer preocupação com beleza e acabamento; pelo contrário, a impressão é de algo improvisado, feito de qualquer modo. Mas, afinal, que nos diz aquilo? Que o vento infla o plástico? Mas quem não sabe disso?

Não é por não se valer da linguagem da pintura, do desenho ou da escultura, que não se faz arte, pois arte pode ser também a invenção de linguagens novas ou inovadoras, que nos fascinam e encantam.

Este é o caso de Yayoi Kusama, artista japonesa que expõe atualmente no Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio. Nascida em 1929, ela começou a criar na época da pop art, inspirada nos trabalhos de Andy Warhol. No entanto, ao contrário dos artistas daquela tendência, que tomavam por tema objetos, figuras e fatos banais da vida moderna, Yayoi nos arrasta a um deslumbrante universo de cores, formas e luzes.

E essa capacidade de deslumbrar está em tudo o que ela faz, até mesmo nas telas que pinta fora do que estamos habituados a ver. Isso, sem falar nas salas em que penetramos como se passássemos a outra dimensão do real. Não por acaso, filas intermináveis de visitantes se formam no CCBB para experimentar esse encantamento. A sala de luzes, com centenas de lâmpadas que mudam de cor a cada momento, parece levar-nos a um passeio pelo espaço cósmico, fervilhante de estrelas.

Mas a criatividade de Yayoi é inesgotável, já que, no oposto dessa sala noturna, há outra, diurna, constituída de dezenas de volumes brancos com pintas vermelhas, que se multiplicam refletidos nas paredes de espelho. O que significa isso? Não se sabe, mas não importa, não é preciso saber, uma vez que a obra é seu próprio significado. É que tudo tem expressão, seja um tubo de plástico, seja uma sala de luzes ou formas coloridas. O que distingue uma coisa da outra é a capacidade de nos deslumbrar que as formas tenham. Mostrar a banalidade é mostrar o óbvio. A arte é a superação da banalidade.

FERREIRA GULLAR
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FORMIGUINHAS


Aí você acorda às 3 da manhã morrendo de sede e com a boca seca, percebe que não deixou na mesinha de cabeceira aquele copo de água salvador da madrugada e tem que se levantar como um zumbi e ir até a cozinha torcendo para isso não tirar seu sono em definitivo. E, de repente, você está lá, tomando a água mais gostosa do mundo quando repara, iluminada pela luz da geladeira, que na parede há uma filinha de formigas vindas não se sabe de onde e tomando não se sabe qual rumo. São microformiguinhas, inofensivas, mas que fizeram da sua casa uma rota alternativa. Você procura entender para onde vão e vai seguindo com o olhar aquela trilha. Depois volta para saber de que pequeno buraco veem esse (qual o coletivo de formigas?) mundo de insetinhos. Não há o que fazer. Você volta a dormir.

Nos dias que se seguem, você tenta de tudo: coloca cravo da índia nos cantos da cozinha porque sua vó lhe disse que era bom. Pó de café. Passa álcool nas paredes. Joga inseticida no começo e no fim. Tapa o buraco com Durepoxi. Só falta atear fogo na casa. E o que acontece no dia seguinte? Elas voltam. Elas dão um jeito, fazem um malabarismo qualquer e continuam usando sua cozinha de passagem. E elas são infinitas.

Nem adianta perder o seu dia esmagando uma a uma com seu maldoso dedão, porque elas não acabam. E depois de tentar de tudo, inclusive de tentar conviver com elas pacificamente, você resolve tomar uma atitude. Aquela atitude que você deveria ter tomado desde aquela primeira noite. Se mudar de casa? Não. Chamar um dedetizador. Ele vem, você paga um X que você não queria pagar desde o início, porque achou que resolveria do seu jeito, ele dá o "jeito" dele e no dia seguinte o que acontece? As formiguinhas não estão mais lá. Simples assim.

No Brasil, todos nós sabemos de onde vêm as formiguinhas e para onde vão. É conhecido por qualquer brasileiro de onde entra a droga no País e qual o seu destino final. Sabemos quem são os políticos corruptos e como eles fazem para roubar. Sabemos quem são as autoridades sempre subornadas, como são subornadas, qual o esquema delas e como funciona seu mecanismo. Sabemos quem são as torcidas organizadas, quem são os assassinos que vão aos estádios para arranjar briga, inclusive sabemos a data, hora e o local das confusões. Sabemos que a educação vai mal. Sabemos que os hospitais não têm infraestrutura. Sabemos que a polícia é mal paga. Sabemos em que ruas ficam as cracolândias. Sabemos quais são os lugares perigosos da cidade. Sabemos onde moram os bandidos. Sabemos que a tributação no País é a maior do mundo. Sabemos que o dinheiro pago com os impostos é muito e, misteriosamente, não dá conta de resolver nenhum problema.

Sabemos que cartórios são inúteis e verdadeiros cartéis. Sabemos que tudo é superfaturado e sabemos o porquê. Aqui, o governo acompanha as formiguinhas com olhares muito atentos, mas ninguém se dá ao trabalho de levantar a bunda do sofá, pegar o telefone e ligar pra uma dedetizadora.

FABIO PORCHAT




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NÃO DIGA TUDO O QUE SABES


Não diga tudo o que sabes
Não faças tudo o que podes
Não acredite em tudo que ouves
Não gaste tudo o que tens

Porque:

Quem diz tudo o que sabe,
Quem faz tudo o que pode,
Quem acredita em tudo o que ouve,
Quem gasta tudo o que tem;

Muitas vezes diz o que não convém,
Faz o que não deve,
Julga o que não vê,
Gasta o que não pode.

(Provérbio árabe)
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EU PERDOO


Questionaram a razão pela qual eu perdoo tão facilmente, e eu respondi: eu desculpo, perdoar é mais difícil. Mas acabarei sempre por perdoar, reagindo a minha maneira. 

Não porque sou ingênua ou quero mostrar que sou boa pessoa, mas sim para mostrar que sou superior a todas as pedras e punhais que a vida me irá por a enfrentar.
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014 0 comentários

DE QUEM É A VIDA, AFINAL?



Ser “proprietário” da própria existência presume a possibilidade de escolher o que contar sobre si e também a aceitação de que os outros tenham esse mesmo direito

A recente discussão sobre os limites e direitos envolvendo a publicação de biografias opõe argumentos razoáveis das duas partes. Os biografados defendem uma espécie de direito autoral primário sobre sua própria vida, que se traduz tanto pela ingerência e aprovação do processo de redação da biografia, quanto pelo recebimento de valores relativos a seu uso e comercialização. Os escritores postulam que seu trabalho deve se realizar segundo a cláusula maior do uso livre da palavra, que sua tarefa tem custos e que esta não pode depender de manipulações comerciais que ao final sempre podem resultar em veto e favorecimento da “versão oficial” da pessoa a respeito de quem se escreve.

A questão parece variar substancialmente quando se trata de um artista ou um político, que incitam regimes distintos de relação entre vida e “obra”. O quadro muda rapidamente de figura quando se trata do próprio interessado ou de seus herdeiros. E altera-se outra vez quando pensamos na vida íntima de pessoas comuns, expostas em sua privacidade, ou quando consideramos a existência de representantes legais, como no caso de uma criança. Imagine você o caso de um criminoso, que vai amealhar riqueza contando seu crime, ou empreitando que alguém o faça.

Este impasse é formado pelo exagero dos biografados e pela ignorância dos escritores, de uma verdade tácita com a qual ambos operam, sem se dar conta: cada um é dono de sua própria vida... enquanto ela dure; mas cada vida é feita de outras. Ser proprietário ou usuário de uma vida pode implicar também que a vida dos outros faz parte da sua, e que este entremeado de existências pertence a todos nós.

Com essas considerações em mente fui visitar o museu a céu aberto de Inhotim, na cercanias de Belo Horizonte. E lá estava a incrível instalação de Cildo Meireles, com seus quase 100 metros quadrados, composta por cercas, balaustradas, cortinas, barreiras e demais obstáculos que temos de atravessar, pisando sobre vidro quebradiço, para chegar ao núcleo gigante composto por uma massa plástica, vazia e artificial. A cada passo lembrava-me de T. S. Eliot e sua terra devastada. A cultura feita de escombros e ruínas, que nos leva ao centro de uma vida sem centro, à essência de uma vida sem essência. E concluía que se a vida fosse uma obra, deveria ser coletiva. E que se minha vida é composta dos outros que dela fazem parte e nela pisam, os autores das biografias têm razão em exercer sua arte ou sua ciência sobre vidas alheias com a liberdade que lhes é própria, descrevendo com cuidado os labirintos de uma experiência da qual eles não serão exatamente os donos, pois outras biografias virão.

Foi então que encontrei outra instalação, talvez mais majestosa ainda, posto que egressa do Louvre. Tunga dispunha um esqueleto gigante desprovido de crânio, em uma rede que atravessa a sala, assim como o rio Averno, pelo qual as almas eram transpostas pelo barqueiro Aqueronte, em troca de duas moedas. De um lado agrupavam-se os crânios, lembrança de nosso fim comum, de nossa pretensão de superar a morte, essa mestra absoluta. De outro, as cabeças enredadas dos deuses gregos e latinos, absorvidas antropofagicamente de sua passagem pelo museu francês. E concluía então que os biografados têm razão. É preciso pagar para morrer como pessoa, para tornar-se um personagem da própria vida, que teria então deixado uma obra, que justificaria a biografia. Mas não nessa moeda, já que a arte não é indiferente à matéria que ela arruína.

Christian Ingo Lenz Dunke
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DESEJOS FEITOS DE PALAVRA



Poeta tetraplégico constrói relação de
desejo e afeto com sua terapeuta sexual


Paralisado desde os 6 anos pela poliomielite, o escritor, poeta e jornalista Mark O´Brien só podia mexer a cabeça e passava a maior parte do dia dentro de um tubo de ferro para estimular seus pulmões. Com esses dados, parece fácil deduzir que o filme As sessões, inspirado em uma história real, apresente toques de melodrama. Mas é justamente ao afastar-se desse caminho óbvio que o diretor australiano Ben Lewin – que, aliás, assim como o personagem principal, é também um sobrevivente da pólio – promove a discussão sobre as infinitas possibilidades humanas e lembra que a sexualidade ultrapassa os limites do corpo.

A despeito das dificuldades que enfrenta, aos 38 anos O´Brien é um homem bem-humorado e criativo, embora perseguido pela curiosidade na experiência sexual. Sua formação católica – diz ser religioso “por achar intolerável não acusar alguém por tudo isso” – o leva a longas conversas com o padre da paróquia, na busca de uma autorização espiritual que o livre da culpa pelo desejo. Numa relação afetuosa e despojada, o sacerdote o apoia na árdua tarefa de perder a virgindade.

Estamos, então, no início da década de 80, uma época em que terapêuticas sexuais corporais ganham espaço. É importante lembrar que os anos 60 e 70, marcados pelo pós-guerra e pelas revoluções culturais, foram cenários de verdadeiras explosões sociais, ideológicas e artísticas. Proliferavam estudos voltados ao prazer e à liberação sexual. Autores como Masters e Johnson contribuíram significativamente para aliviar a repressão de alguns tabus arraigados e trouxeram melhora na qualidade de vida das pessoas. Na Califórnia não faltavam cursos e dinâmicas de grupo voltados à autoliberação. Nesse contexto, o atendimento com a terapeuta sexual Cheryl Cohen Greene, especializada em pessoas com sérias deficiências físicas, interpretada no filme por Helen Hunt, é indicado a O´Brien por uma professora universitária que estuda o tema.

Na vida real, Cheryl de fato fazia esse tipo de trabalho. Didaticamente, a personagem do filme esclarece não se tratar de prostituição, mas de processo terapêutico com objetivos específicos, argumentando, por exemplo, que “a prostituta busca manter um vínculo de dependência e nossos encontros têm número de sessões previamente estabelecido”. Mais que essa diferenciação, bastante questionável, chamam a atenção a atitude profissional, a busca da objetividade, o estabelecimento do contrato e os registros feitos após cada sessão. Surpreende o encontro singular e generoso entre o paciente e a terapeuta, sem espaço para a vitimização. Um laço emocional necessário se faz presente durante as sessões de sexo. À medida que olhares e toques se estendem além da fisiologia e dos fluidos do corpo, a ansiedade e a insegurança do iniciante são, aos poucos, aliviadas pela experiência. E a despeito de limitações tão explícitas, os dois constroem uma relação peculiar. “Tudo é ao mesmo tempo inesperado e natural”, descreve O’Brien.

Há mais de um século Freud preocupava-se em descrever as pulsões como forças ligadas às relações de objeto, o que faz inevitavelmente do homem um ser em relação. O que nos torna sujeitos depende da qualidade e da dinâmica dos vínculos estabelecidos desde os primeiros momentos de vida. A ideia do outro está presente mesmo na fantasia. Onde há relação, está inevitavelmente presente algum tipo de afeto. Podemos deduzir, então, que O’Brien soube encontrar em Cheryl aspectos sutis que favoreceram a vivência de empatia e intimidade.

O mundo contemporâneo tem valorizado as imagens num processo que o escritor francês Guy Debord (1931-1994) chamou de “sociedade do espetáculo”. Corpos expostos e apelos sexuais parecem banalizar o contato com o outro, num incentivo ao hedonismo vaidoso. Apesar do acesso à informação e dos apelos do sexo, as questões relativas à sexualidade e subjetividades são menos lembradas. Não é à toa que tantos autores reconhecem e destacam os contornos narcisistas e depressivos da contemporaneidade.

Em As sessões os objetivos tecnicamente previsíveis não mascaram inevitáveis ansiedades e expectativas que acompanham desejos intensos. Apesar do corpo paralisado, a vontade de experimentar permanece viva. O artigo “Encontros com uma substituta sexual”, que inspirou o filme, e as histórias de amor vividas – ou fantasiadas – por O’Brien brotam na sensibilidade de sua poesia: “Deixa-me tocar-te com minhas palavras, pois minhas mãos jazem caídas como luvas vazias, deixa minhas palavras acariciarem teus cabelos, pois minhas mãos leves, mas inertes como tijolos, ignoram minhas vontades e se recusam a realizar meus desejos mais silenciosos”.

 Erane Paladino
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A LINGUAGEM DO AMOR



Casais com bom relacionamento costumam usar o mesmo tipo de palavras funcionais – preposições, pronomes, artigos e conjunções – e com frequência equivalente.

Casais apaixonados ou que mantêm um relacionamento de longo prazo não raro se atribuem apelidos carinhosos ou mudam o tom de voz quando falam um com o outro. Segundo pesquisadores da Universidade do Texas em Austin, a identidade afetiva por meio das palavras não para por aí. Um estudo conduzido pelo psicólogo James Pennebaker mostra que pares “bem-sucedidos” ou com mais chances de sê-lo costumam usar o mesmo tipo de palavras funcionais – preposições, pronomes, artigos e conjunções – e com frequência equivalente. Usados em vários contextos, esses termos são, em geral, processados de forma rápida e inconsciente.

Para chegar a essa conclusão, o psicólogo reuniu 80 homens e mulheres e solicitou que cada um conversasse com alguém do sexo oposto por alguns minutos. Em seguida, questionou-os sobre a possibilidade de saírem juntos. Curiosamente, os pares que usaram tipos similares de palavras funcionais se mostraram mais inclinados a marcar outro encontro – mesmo aqueles que declararam não ter muitos pontos em comum.

Em outro estudo, Pennebaker analisou o conteúdo de mensagens de celular enviadas por 86 casais e perguntou aos voluntários quão felizes eles se sentiam com o compromisso assumido. Três meses depois, o pesquisador verificou se os pares ainda estavam juntos. Ele observou que os pares estáveis eram os que trocavam torpedos com mais palavras funcionais em comum. O curioso é que isso se aplicou também a quem declarou estar insatisfeito com o companheiro, na primeira fase da pesquisa.

Agora os pesquisadores querem entender se o vocabulário em comum provoca atração ou se na verdade as pessoas adaptam sua forma de falar, ficando parecidas com o outro. Os dois processos são possíveis, mas Pennebaker acredita que o último seja mais provável: “A linguagem prediz o sucesso dos relacionamentos porque reflete a forma como os casais ouvem um ao outro e se entendem”, reforça o psicólogo.

Universidade do Texas, Austin.
 
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