2c6833b0-77e9-4a38-a9e6-8875b1bef33d diHITT - Notícias Sou Maluca Sim!: novembro 2013
sexta-feira, 29 de novembro de 2013 4 comentários

PASTOR SE DISFARÇA DE MENDINGO ANTES DE PREGAÇÃO E VEJA O QUE ACONTECEU

 

 


O pastor João Luiz Gimenes Reis caminhou ao redor da igreja por 30 minutos enquanto ela se enchia de pessoas para o culto. Somente 3 de cada 7 das 10.000 pessoas diziam "oi" para ele.
 

O pastor João Luiz Gimenes Reis se disfarçou de mendigo e foi a igreja de 10 mil membros onde ia ser apresentado como pastor principal pela manhã. Caminhou ao redor da igreja por 30 minutos enquanto ela se enchia de pessoas para o culto. Somente 3 de cada 7 das 10.000 pessoas diziam "oi" para ele. Para algumas pessoas, ele pediu moedas para comprar comida. Ninguém na Igreja lhe deu algo. Entrou no templo e tentou sentar-se na parte da frente, mas os diáconos o pediram que ele se sentasse na parte de trás da igreja. Ele cumprimentava as pessoas que o devolviam olhares sujos e de julgamento ao olhá-lo de cima à baixo.


Enquanto estava sentado na parte de trás da igreja, escutou os anúncios do culto e logo em seguida a liderança subiu ao altar e anunciaram que se sentiam emocionados em apresentar o novo pastor da congregação: "Gostaríamos de apresentar à vocês o Pastor Jeremias Steepek". As pessoas olharam ao redor aplaudindo com alegria e ansiedade. Foi quando o homem sem lar, o mendigo que se sentava nos últimos bancos, se colocou em pé e começou a caminhar pelo corredor. Os aplausos pararam. E todos o olhavam. Ele se aproximou do altar e pegou o microfone. Conteve-se por um momento e falou:

“Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que foi preparado para vocês desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’. “Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?’ “O Rei responderá: ‘Digo a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’."

Depois de haver recitado o texto de Mateus 25:34-40, olhou a congregação e lhes contou tudo que havia experimentado aquela manhã. Muitos começaram a chorar, muitas cabeças se inclinaram pela vergonha. O pastor disse então: "Hoje vejo uma reunião de pessoas, não a Igreja de Jesus Cristo. O mundo tem pessoas suficientes, mas não suficientes discípulos. Quando vocês se tornarão discípulos?". Logo depois, encerrou o culto e despediu-se: "Até semana que ____________________________________________________________________________
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Tiago 2:1-26


Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.
Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje,
E atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado,
Porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?
Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?
Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais?
Porventura não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado?
Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis.
Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores.
Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.
Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu pois não cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da lei.
Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade.
Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.
Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo?
E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano,
E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e nào lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?
Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.
Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem.
Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta?
Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque?
Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada.
E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.
Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé.
E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários, e os despediu por outro caminho?
Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.



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ORIGEM DA CONCIÊNCIA HUMANA




Entrevista com um dos maiores neurologistas da atualidade

No campus da Universidade de Iowa, Estados Unidos, o neurologista português António Damásio gasta boa parte do tempo tentando compreender uma das áreas mais nebulosas do conhecimento: a consciência humana. É difícil encontrar um desafio mais instigante para um cientista, diz Damásio. Afinal, o que poderia ser mais fascinante do que conhecer o modo como conhecemos?
Em seus dois livros, O Erro de Descartes e O Mistério da Consciência (editados no Brasil pela Companhia das Letras), Damásio descreve como a consciência abriu caminho para uma verdadeira revolução na natureza, tornando possível o surgimento da religião, da moral, da organização social e política, das artes, da ciência e da tecnologia. Ele tenta encontrar as respostas para as questões mais antigas da filosofia pesquisando o que há de mais novo no conhecimento do cérebro. Depois da polêmica em torno da clonagem humana, ele prevê que os debates mais fervorosos da ciência estarão ligados à possibilidade de manipularmos nossas emoções por meio de uma melhor compreensão da mente.



Qual a origem da consciência humana?
A consciência é fruto da necessidade básica de nos mantermos vivos. É claro que, na natureza, existe uma série de organismos simples que vivem de uma forma basicamente automática. Desde que mantenham cuidados básicos, como evitar perigos e adquirir a energia por meio dos alimentos, a vida desses organismos pode ser preservada. Os seres humanos são mais complexos: além de precisarem manter a vida de uma forma simples, eles têm que se adaptar a um ambiente cheio de dificuldades para obter energia e se expõem a inúmeros perigos e oportunidades. Nesse ambiente que não é apenas físico, mas também cultural, precisamos de um sistema complexo de imaginação, criatividade e planejamento. A consciência surge dessa necessidade.



Existe uma primeira forma de consciência?
Uma forma de consciência inicial aparece quando o homem sente que ele é um ser em si mesmo. É difícil encontrar uma palavra, em português, para definir o processo. Chamo essa consciência de self. É ela que faz que não sejamos um robô, uma máquina manipulável. Podemos guiar a imaginação e conduzir a criatividade por meio dessa consciência. Para compreendermos o que é a dor, o sofrimento, e também o prazer das outras pessoas, precisamos antes ter uma idéia de quem somos. E a consciência self é fundamental para que possamos respeitar os outros.



Como o estudo da consciência pode melhorar a vida das pessoas?
Grande parte do sofrimento humano é causado por conflitos das pessoas consigo mesmas. Quando conhecemos mais a natureza biológica do homem, encaramos esses problemas com outro olhar. Se conhecemos os mecanismos que acionam a ansiedade, a tristeza e a alegria, podemos entender melhor como cada pessoa é e evitar certos problemas. Pense nos conflitos religiosos, políticos e de grupos sociais. É claro que há bases econômicas para eles mas acredito que a compreensão das emoções pode ajudar a mudar a maneira pela qual as pessoas tentam resolver essas disputas. Entender a tendência para a violência, para a competição ou o funcionamento do medo é fundamental para o autocontrole. Posso soar otimista, mas acredito que, quando admitirmos que nossa razão é influenciada por essas emoções, o mundo poderá tornar-se melhor.



A compreensão detalhada da consciência não pode nos tornar mais céticos ao descobrirmos, por exemplo, que há, no cérebro, uma região responsável pelo amor ou outra pela fé?
Mesmo que venhamos a compreender a mente com mais profundidade, será muito difícil desvendar mistérios como a origem do universo ou o que faz com que nos apaixonemos por outra pessoa. É possível que nunca cheguemos a desvendar essas questões talvez nosso cérebro não tenha capacidade para compreender certos enigmas...



Como a crença em Deus...
Exatamente. Acho improvável que a neurociência consiga, um dia, apresentar razões para que as pessoas tenham ou deixem de ter fé numa inteligência superior. Elas podem até deixar de acreditar em milagres. Mas a ciência não tem como concluir que o Criador existe ou deixa de existir. A fé e a origem do universo não são problemas científicos passageiros. Mesmo assim, o conhecimento da mente pode mudar a forma como nos relacionamos com a vida. As pessoas tendem a aceitar a morte em função da complexidade do universo. Acho que deveria ser o contrário: constatando como a vida é frágil, podemos dar mais importância a ela e trabalhar para que seja a melhor possível enquanto dure.

A cada ano surgem um novo antidepressivo e drogas que provocam emoções artificiais.

Você acredita que, no futuro, teremos uma droga que possa acabar com as emoções ruins?
Acho que sim. É uma questão importante, que precisaremos discutir cada vez mais. Imagine uma superpopulação tomando Prozac diariamente. Esse grupo de pessoas alteraria um sistema natural e poderia causar diversos problemas é claro que alguns problemas seriam resolvidos, mas as consequências da proliferação dessa medicação poderiam levar à ruína de uma sociedade. Tem que haver mais investigação sobre como essas drogas serão usadas. É claro que as pessoas deprimidas devem ser tratadas, mas pode ser um erro tomar o medicamento apenas para inibir a timidez e impulsionar a vida social. A ciência precisa trazer mais informações para que esses temas não sejam discutidos pela simples opinião ou intuição de algumas pessoas.



Chegaremos, um dia, a manipular tão bem as áreas do cérebro que poderemos reproduzir com uma pílula a sensação de voar ou de passear numa montanha russa?
É bem provável que isso seja possível. E, sem dúvida, para a sociedade esse será um assunto tão polêmico quanto o da clonagem genética. Vamos ter que decidir o que deve e não deve ser permitido exatamente como na regulamentação da indústria do cinema e da televisão. Há um ponto em que tanto a criação artística quanto a científica precisam ser filtradas pela sociedade. Mas não podemos deixar que um burocrata decida isso. Quanto mais informações forem divulgadas no futuro, inclusive por meio desta revista, mais condições a sociedade terá para tomar suas decisões.



Que outro tipo de realidade virtual poderá ser criada, no futuro, manipulando o cérebro?
Prefiro não especular, tudo ainda não passa de teoria.



O estudo da consciência humana é um campo da ciência à espera de um novo Newton?
O problema da consciência é um tema complexo, que tem sido mal abordado. É evidente que é necessário avançar muito mais. Acho que meu livro O Mistério da Consciência traz alguns avanços importantes sobre o assunto, mas não devemos ter a ingenuidade de acreditar que tudo está resolvido. Há imensos problemas à espera de mais investigação e trabalho. Nos próximos dez ou 20 anos, talvez seja possível resolver boa parte deles.



Como escrever sobre assuntos tão complexos para o público leigo?
Os temas sobre os quais escrevo são importantes demais para ficarem restritos aos cientistas. Escrever sobre o pâncreas ou o fígado pode ser atraente apenas para os médicos, mas o público tem interesse quando falamos da mente, do pensamento, da emoção e do sentimento. É fantástico o retorno que tenho recebido dos leitores dos meus livros em todo o mundo. Interessados em arte, literatura e cinema dizem que essa pesquisa os ajuda a compreender melhor o que fazem nas suas próprias áreas.

ANTÓNIO DAMÁSIO
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EXISTENCIALISMO DE SARTRE


“Não somos aquilo que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós”, ou ainda;"O importante não é o que fazemos de nós, mas o que nós fazemos daquilo que fazem de nós." JEAN PAUL SARTRE (1905-1980).


Antes de chegar nesta tão celebre frase, Sartre passou por toda uma construção anterior desse pensamento desembocando posteriormente no pensamento conhecido como existencialista. Em L´Imaginaire desenvolve um pensamento separativista da percepção e da imaginação, em L´Être et le néant contesta o subconsciente freudiano desvinculando-se do determinismo religioso,e  no qual no decorrer da leitura vê-se o cerne da idéia posterior de responsabilizar o homem pelos seus próprios atos expondo a idéia de liberdade como um aprisionamento do ser (“Não somos livres de ser livres”) já que o homem é o único ser capaz de criar o nada:
 “Ao tomar uma decisão, percebo com angústia que nada me impede de voltar atrás. Minha liberdade é o único fundamento dos valores.”

Desta forma gera no homem a angustia de saber que nada o impede de voltar atrás, o medo de arcar com sua própria liberdade. Assim, condenados a uma liberdade insatisfatória, jamais alcançando o que realmente desejamos sendo, portanto, uma liberdade irrealizável.

A Existência precede a essência?

Para o pensamento de Sartre Deus não existe, portanto o homem nasce despido de tudo, qual seja um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem, o que significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para concebê-la, a única natureza pré-existente é a biológica, ou seja; a sobrevivência, o resto se adquire de tal forma que não vem do sujeito é ensinado a ele pelo mundo exterior.

Se Deus não existe não encontramos, já prontos, valores ou ordens que possam legitimar a nossa conduta. Assim não teremos justificativa para nosso comportamento. Estamos sós, sem desculpas.

É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre (pensamento desenvolvido em o ser e o nada). Condenado, porque não se criou a si mesmo, mas por estar livre no mundo  estamos condenados a ser livres, mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é, ou seja;

“Não somos aquilo que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós”.

O homem é aquilo que ele mesmo faz de si, é a isto que chamamos de subjetividade. Desse modo, o primeiro passo do existencialismo é de por todo o homem na posse do que ele é e de submetê-lo à responsabilidade total de sua existência. Para o existencialista não ter a quem culpar já que Deus não existe, e o subconsciente não existe é o que leva ao pensamento da liberdade não livre, pois, junto com eles, desaparecem toda e qualquer possibilidade de encontrar valores inteligíveis, nem um modelinho pré-definido a ser cumprido.
           
A fórmula "ser livre" não significa "obter o que se quer", e sim "determinar-se a escolher". Segundo Sartre o êxito não importa em absoluto à liberdade. Um prisioneiro não é livre para sair da prisão, nem sempre livre para desejar sua libertação, mas é sempre livre para tentar escapar.
            
Sendo livres somos responsáveis por nossas ações consequentemente somos livres para pensar e conceber nossos próprios paradigmas, não sendo então aquilo que fizeram de nós e sim nos criando a partir do que fizeram de nós. Somos o que escolhemos ser.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013 0 comentários

AULA DE DIREITO



"Primeiro dia de aula, o professor de 'Introdução ao Estudo do Direito' entrou na sala e a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila:
- Qual é o seu nome?
- Chamo-me Nelson, Senhor.
- Saia de minha aula e não volte nunca mais! - gritou o desagradável professor.
Nelson estava desconcertado. Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas e saiu da sala.

Todos estavam assustados e indignados, porém ninguém falou nada.
- Agora sim! - vamos começar .
- Para que servem as leis? Perguntou o professor - Seguiam assustados ainda os alunos, porém pouco a pouco começaram a responder à sua pergunta:
- Para que haja uma ordem em nossa sociedade.
- Não! - respondia o professor.
- Para cumpri-las.
- Não!
- Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.
- Não!
- Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!
- Para que haja justiça - falou timidamente uma garota.
- Até que enfim! É isso, para que haja justiça.

E agora, para que serve a justiça?
Todos começaram a ficar incomodados pela atitude tão grosseira.

Porém, seguíamos respondendo:
- Para salvaguardar os direitos humanos...
- Bem, que mais? - perguntava o professor .
- Para diferençar o certo do errado, para premiar a quem faz o bem...
- Ok, não está mal porém respondam a esta pergunta:
"Agi corretamente ao expulsar Nelson da sala de aula?"
Todos ficaram calados, ninguém respondia.
- Quero uma resposta decidida e unânime!
- Não! - responderam todos a uma só voz.
- Poderia dizer-se que cometi uma injustiça?
- Sim!

- E por que ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para praticá-las? Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais! Vá buscar o Nelson - Disse. Afinal, ele é o professor, eu sou aluno de outro período.

Aprenda: Quando não defendemos nossos direitos, perdemos a dignidade e a dignidade não se negocia."


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VERBO INFINITO

 




















Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar


Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, e ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar


E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito


E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito.

VINICIUS DE MORAES
quarta-feira, 27 de novembro de 2013 3 comentários

ESCOLA AMEAÇA EXPULSAR MENINA POR USAR CABELO "CRESPO E VOLUMOSO"



Escola particular ameaçou expulsar menina de 12 anos caso ela não cortasse e mudasse o estilo de seu cabelo. O prazo para a mudança é de uma semana


Uma menina de 12 anos foi ameaçada de expulsão pela escola particular onde estuda na Flórida, nos Estados Unidos, caso não cortasse e mudasse o estilo de seu cabelo. Vanessa VanDyke tem os cabelos crespos e com volume, e segundo sua família, recebeu o prazo de uma semana para decidir se iria cortar os fios ou deixar a escola, de acordo com a emissora de TV “WKMG”.
O caso gerou muita repercussão nos EUA, e a escola Faith Christian Academy de Orlando disse nesta semana que não está exigindo que a menina corte os cabelos para continuar frequentando o estabelecimento – eles “apenas” querem que ela mude seu estilo.

Escola ameaçou expulsar Vanessa Van Dyke por causa de seu cabelo (Reprodução)


De acordo com a família de Vanessa Van Dyke, na última semana um conselheiro da escola advertiu a mãe da menina para que ela alisasse ou cortasse seu cabelo – ou a criança poderia ser expulsa.
A família não cogitou fazer as mudanças, pois o cabelo da menina faz parte de sua identidade. “Ele mostra que sou única. Eu gosto desta maneira. Eu sei que as pessoas vão me provocar porque ele não é liso, mas eu não ligo”, contou Vanessa.


A escola onde Vanessa estuda tem códigos de vestimentas e regras sobre como os alunos podem usar seus cabelos. “Os cabelos devem estar na cor natural e não devem ser uma distração”, dizem as regras, que citam como exemplos que não podem ser utilizados moicanos e raspados.

“Uma distração para uma pessoa não é distração para outra”, diz a mãe da menina, Sabrina Kent. “Você pode ter uma criança com espinhas no rosto. Você vai chamar isso de distração?”

Vanessa contou que usa seu cabelo longo e armado desde o início do ano, mas ele se tornou uma questão para a escola depois que sua família reclamou das provocações feitas pelas outras crianças.

“Houve pessoas que a provocaram por seu cabelo, e me parece que estão culpando-a por isso”, disse Sabrina. “Vou lutar pela minha filha. Se ela quer usar o cabelo assim, ela vai mantê-lo assim. Há pessoas que podem pensar que usar o cabelo natural não é apropriado. Mas ela é bonita assim.”

Responsáveis pela escola disseram em um comunicado que não estão pedindo que a menina use produtos ou corte seu cabelo, mas que ela o modele de acordo com as regras da escola.


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RACISMO PADRÃO FIFA
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SOBRE ATEÍSMO


Religiosidades a parte, vi esse texto em versos e achei muito interessante. 
Quem quiser dar sua opinião sinta-se à vontade. 


O ateísmo nada tem a me oferecer
ele não me traz conforto ou certeza
Nele não há nenhum ensinamento ou dever
nele não há ilusões de grandeza.

Jamais me disse como devo pensar
jamais me trouxe saber ou inspiração
Ele não me obriga a crer sem duvidar
não me ameaça com eterna punição.

Não torna minha vida mais contente
É indiferente quando imploro
Não promete a cura quando estou doente
e não me traz alento quando choro.

Nele não encontro nenhum conselho
nenhuma resposta nenhuma indagação
Ele não me pede pra cair de joelhos
ou passar a vida pedindo perdão.

Ele não me oferece a tola felicidade
de me achar um escolhido entre tanta gente
Ele não me induz a cometer maldades
para glória de um deus ausente.

O ateísmo não me ensina a odiar
ou discriminar os diferentes de mim
Não proíbe os iguais de amar
não me diz o que é bom o ruim.

Não me diz que a vida vale a pena.
O ateísmo nada me oferece é verdade
mas como a realidade me basta e só quero viver o que sou
Então o ateísmo me oferece tudo.

- Richard Coughlan
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RACISMO PADRÃO FIFA

A FIFA parece não ligar para as inúmeras denúncias de racismo e ameaças de boicote. Como prova mais recente, acaba de substituir Camila Pitanga e Lázaro Ramos por um casal de loiros


lázaro ramos camila pitanga fifa

Jogadores negros ameaçam boicotar a copa do mundo! Assim mesmo, a FIFA decidiu vetar o casal de negros, Camila Pitanga e Lázaro Ramos.

O jogador marfinense, Yaiá Touré, do Manchester City, avisou às autoridades do futebol europeu que os jogadores negros poderão não disputar a Copa do Mundo de 2018, na Rússia. País com histórico de racismo nos estádios.

Touré, em partida este ano contra o CSKA, foi chamado de macaco pela torcida russa. Em 2012, o Yayá Touré e Ballotelli foram ofendidos pela torcida do Porto que cantava hinos racistas. No início deste ano, Balotelli e Robinho foram ofendidos por alguns torcedores da Fiorentina. Outro dia, a torcida do Roma ofendeu tanto os negros Balotelli e Boateng, do Milan, que o árbitro teve que interromper a partida. Boateng já abandonou o campo certa vez por não suportar as ofensas. Acontece o tempo todo. Em muitos estádios europeus, jogadores negros são ofendidos pela torcida adversária com jocosas imitações de macaco, e até bananas são arremessadas nos gramados.

Mesmo assim, a FIFA não aceitou a dupla de negros sugerida pela Globo.

Na semana passada, a torcida do espanhol Bétis, time do brasileiro Paulão, vaiou o nosso patrício e fizeram macaquices. Torcedores do seu próprio time!

Porém, a FIFA não quis saber do casal de negros e escolheu um casal de loiros sulistas para apresentar a cerimônia do sorteio de grupos para a Copa do Mundo do ano que vem.

Lázaro Ramos, um dos grandes atores brasileiros da atualidade, filho do teatro popular, é da Bahia, onde será realizado o evento no mês que vem. A Bahia é o estado que tem o maior contingente negro do Brasil. Mais: a Bahia é o centro da resistência e do orgulho negro no Brasil.

Mas a FIFA preferiu que os mestres de cerimônia do evento, a ser transmitido para todo o mundo, fossem a apresentadora gaúcha Fernanda Lima e o ator catarinense Rodrigo Hilbert.

O futebol brasileiro, até os anos 20, recusava profissionalizar jogadores negros. O presidente Epitácio Pessoa chegou a vetar a presença de negros na Seleção Brasileira no Sul-Americano de 1921. Mas os negros não desistiram e foram conquistando o seu espaço. Primeiro no Vasco, transformando o time em uma potência, depois Bangu, Flamengo, Fluminense…

Em ’34, chegou à seleção brasileira o ousado Leônidas da Silva, o Diamante Negro, inventor da bicicleta, a jogada mais espetacular do futebol, a mais criativa, a mais inusitada. Já na Copa do Mundo de ’38, o Diamante Negro comandou o time que encantou o mundo. Um time com branco, mulato e preto. Quatro décadas depois, um negro surge como o maior nome deste esporte em todos os tempos. Em seguida vieram Romário, Denner, Ronaldos, Rivaldo, Robinho, Neymar…

A questão, portanto, não é que a CBF tenha escolhido um casal loiro. É que ela rejeitou o casal de negros.

Na verdade, mesmo sendo o maior exportador de jogadores para o exterior, e sendo negros a maioria deles, o Brasil ainda tem poucos negros nas situações de comando. Após o negro Barbosa ter levado nas costas toda a culpa pela perda da Copa de ’50, demorou muito para vermos um negro novamente com a camisa de goleiro na seleção.

A FIFA poderia ter sugerido mesclar Fernanda Lima e Lázaro Ramos, ou Pitanga e Hilbert. Mas mesmo fazendo campanhas contra o racismo nos estádios, a FIFA não conseguiu compreender a simbologia de termos ali ao menos um negro representando o Brasil; ou não quis compreender.
Na Copa das Confederações no ano passado, durante o jogo entre Uruguai e Itália, devido ao preço exorbitante dos ingressos, o cara mais negro dentro da Arena Fonte Nova, na negra Bahia, era o italiano Balotelli.

A FIFA já quis proibir a venda de Acarajé durante os jogos, e desproibiu a venda de bebidas alcoólicas nos estádios. Ela faz e acontece. Pode até não se importar com o fato de que, no Brasil, o preço do ingresso pode segregar raças.

Se importará em 2018, se Touré levar o seu ativismo adiante.
Eu fui à varanda olhar para o mar, um pensamento passou com a maresia e eu o agarrei: com mil diabos, mesmo com tudo isso sendo do conhecimento de todos nós, a FIFA recusou o casal de negros e contratou o casal de loiros. E eles aceitaram!

Lelê Teles, Viomundo

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O MUNDO SECRETO DO INCONSCIENTE





Ele ocupa a maior parte do cérebro e controla quase tudo o que fazemos. Mas a ciência já sabe como domá-lo e usar os poderes dele para várias coisas, de guardar senhas a fazer espionagem militar. Conheça as novas descobertas sobre o inconsciente - e veja como elas confirmam a principal teoria de Freud.


Quando tinha pouco mais de cinquenta anos, o médico africano T.N. sofreu dois derrames cerebrais devastadores. Eles destruíram totalmente seu córtex visual, a região do cérebro que nos permite enxergar. T.N. ficou completa e irremediavelmente cego. Mas, ainda no hospital, um grupo de cientistas ingleses decidiu recrutá-lo para um estudo estranho. Colocaram um laptop na frente de T.N. e pediram a ele que identificasse qual figura aparecia na tela, que poderia ser um círculo ou um quadrado. O homem identificou corretamente 50% das figuras - o que é de se esperar num cego, pois esse índice de acerto é o mesmo que se consegue fazendo escolhas aleatoriamente. T.N. estava apenas chutando. Mas aí, num segundo teste, os pesquisadores trocaram as imagens exibidas no laptop. Agora, aparecia uma sequência de rostos, alguns amigáveis e outros hostis. T.N. deveria dizer se cada face era amiga ou inimiga. Para perplexidade geral, ele identificou corretamente dois terços dos rostos. Sorte? Os cientistas repetiram o teste, mas o índice de acerto se mantinha. T.N. estava tendo alguma reação aos rostos. Ele dizia que não estava vendo nada - e, clinicamente, de fato era impossível que enxergasse. Como explicar isso, então? Um fenômeno sobrenatural? Não.


Ser capaz de ler expressões faciais é uma habilidade extremamente importante. Para o homem das cavernas, saber se um indivíduo era amistoso ou hostil poderia significar a diferença entre a vida e a morte. E era preciso fazer isso no ato; não dava tempo de conversar e analisar racionalmente a pessoa para saber se ela era boazinha ou não. Por isso, ao longo da evolução, uma região cerebral se especializou em julgar rostos. Ela se chama área fusiforme e é um pedaço fininho e comprido da parte de baixo do cérebro. Quando você vê uma pessoa pela primeira vez, sua área fusiforme analisa o rosto dela. O processo dura frações de segundo e é inconsciente, ou seja, você não percebe que está acontecendo. Sabe aquela primeira impressão instantânea, que parece puro instinto e sempre temos ao conhecer alguém? É um julgamento feito pela área fusiforme.


No cérebro de T.N., esse pedaço estava intacto. O córtex dele não conseguia processar as imagens enviadas pelos olhos, mas a área fusiforme sim. É por isso que, mesmo estando cego, T.N. ainda conseguia ver rostos. Seu cérebro consciente não enxergava mais nada. Mas o inconsciente dele ainda conseguia ver - e, mais do que ver, julgar os rostos das pessoas.


Há diversos casos como o de T.N., tantos que a ciência até criou um termo para designá-los: blindsight, ou visão cega. Todos seguem o mesmo padrão. Conscientemente, a pessoa está cega - mas partes do cérebro dela ainda conseguem enxergar. A visão cega é apenas uma das demonstrações do poder do inconsciente, que interessa cada vez mais aos cientistas.


Agora, o lado oculto da mente não é apenas um assunto de psicanalistas; ele também virou uma das áreas mais interessantes da neurociência moderna. Essa transformação aconteceu porque as técnicas de mapeamento cerebral finalmente estão permitindo que os cientistas comecem a desbravar o inconsciente - um mundo inexplorado e muito maior que a consciência.


Quão maior? No ano passado, a emissora inglesa BBC fez essa pergunta a sete dos maiores experts do mundo em cérebro e cognição, de quatro grandes universidades (Oxford, Montreal, Columbia e Londres). Cada um deles deu seu palpite - sim, palpite, pois a ciência ainda está longe de ter um catálogo completo dos processos cerebrais. Pelas estimativas dos especialistas, a consciência ocupa no máximo 5% do cérebro. Todo o resto, 95%, é o reino do inconsciente.



CONSCIENTE X INCONSCIENTE
Quando você vê um rosto pela primeira vez, o seu inconsciente decide, em frações de segundo, se aquela pessoa é amiga ou inimiga. É uma habilidade vital para a sobrevivência - e também permitiu que um homem totalmente cego voltasse a enxergar.



Muito do que você faz, o tempo inteiro, é inconsciente. Falar, por exemplo. Você simplesmente pensa no que quer dizer (as ideias), e não precisa selecionar conscientemente as palavras - elas simplesmente aparecem. Isso acontece porque o seu inconsciente trabalha nos bastidores durante o papo, vasculhando o seu vocabulário e abastecendo o consciente para ajudar você a se expressar. Enquanto você escuta outra pessoa falar, acontece algo parecido. Você não precisa analisar e decodificar conscientemente cada palavra do que ela está dizendo - porque o seu inconsciente se encarrega de transformar em ideias os sons que estão saindo da boca dela. Quando você lê um texto, é a mesma coisa: o inconsciente transforma automaticamente os símbolos gráficos (as letras e palavras) da página em ideias, que só então são transmitidas para a sua consciência. É por isso que é tão difícil aprender outro idioma. Quando você começa a falar ou ler textos em outra língua, só usa a consciência - porque o inconsciente ainda não assumiu a tarefa (mais sobre isso daqui a pouco), e você tem de escolher ou analisar as palavras uma por uma. "Falar outro idioma é quase experimentar ser outra pessoa. Precisamos reunir os sentidos usando outra lógica", diz Luiza Surreaux, doutora em estudos da linguagem e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).


O inconsciente se encarrega de tudo o que fazemos sem esforço perceptível, como andar na rua ou escovar os dentes. Por causa disso, ele opera em potência máxima o tempo todo - e é uma exceção no organismo. Se você se levantar e sair correndo, por exemplo, os seus músculos vão gastar aproximadamente 100 vezes mais energia do que se você estivesse imóvel (e coração e pulmão também serão mais exigidos). Mas o cérebro é diferente. Quando você faz alguma coisa mentalmente intensa, como jogar xadrez, ele gasta apenas 1% a mais de energia do que se você estivesse olhando para o teto, sem pensar em nada. Isso acontece graças ao inconsciente - que trabalha freneticamente até quando estamos relaxados. "O cérebro é abastecido pelos olhos, ouvidos e outros sentidos, e o inconsciente traduz tudo em imagens e palavras", diz o psicólogo e neurocientista Ran Hassin, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e um dos autores do livro The New Unconscious ("O novo inconsciente", ainda não lançado no Brasil). "Novo inconsciente", aliás, é o termo que os cientistas têm utilizado para definir essa nova abordagem - que propõe uma explicação puramente neurológica para o lado oculto da mente. Mas também confirma a principal ideia de Freud.



LER X VER
Enquanto lê este texto, você vê uma sequência de símbolos: as letras. Mas é o seu inconsciente que dá sentido a elas.



PSICANÁLISE X CIÊNCIA
Sigmund Freud não foi o "descobridor" do inconsciente. Já durante o Iluminismo, no século 18, se discutia a existência dele - entendido como um pedaço da mente dotado de vontades que escapavam ao controle consciente. A contribuição específica (e enorme) de Freud foi transformar uma noção vaga num conjunto de ideias, teorias e técnicas: a psicanálise. Como explica o biógrafo Peter Gay em Freud - Uma Vida para Nosso Tempo (Companhia das Letras, 2012), Freud acreditava que o inconsciente era "uma prisão de segurança máxima" na qual os traumas sofridos na infância ficavam aprisionados, e nisso estaria a raiz das infelicidades humanas.


A neurociência nunca deu muita bola para a psicanálise. Mas os novos estudos sobre inconsciente trazem comprovação para um conceito central dela. Uma experiência liderada pelo psiquiatra Eric Kandel, que ganhou o prêmio Nobel de Medicina de 2000 por estudos sobre neurotransmissores, mostra como o inconsciente pode funcionar como amplificador das emoções. Antes da experiência, os voluntários preencheram questionários que mediam seus níveis de ansiedade. Depois, enquanto seu cérebro era monitorado pelos cientistas, cada voluntário via uma série de rostos com expressões de medo. Foram duas sessões. Na primeira, as fotos passavam bem devagar, com tempo suficiente para o voluntário analisar os detalhes de cada uma. Na segunda, as imagens passavam tão rápido que os voluntários não conseguiam identificar nada - não tinham nem certeza de ter visto um rosto ou qualquer outra coisa. A intenção de Kandel e seus colegas era provocar emoções conscientes e inconscientes. Quando a foto ficava por um bom tempo na tela, o voluntário tinha tempo de perceber conscientemente a expressão de medo da imagem. No outro experimento, era tudo tão rápido que não era possível ter uma reação consciente. Essas imagens rápidas estimulavam diretamente o inconsciente, e provocavam atividade muito alta no núcleo basolateral da amídala cerebral - área ligada às sensações de medo. Já as imagens lentas, que eram interpretadas de forma consciente, não geravam nenhuma atividade nessa área. Quanto mais ansiosa a pessoa era, maior a diferença entre a interpretação consciente e inconsciente da mesma coisa (as imagens). Para Kandel, o estudo é a comprovação neurocientífica de uma teoria central da psicanálise: a interpretação inconsciente de coisas negativas é a fonte de muitas das aflições humanas. Freud tinha razão.


EXPERIÊNCIA X INFLUÊNCIA
Você é o produto das situações que vive. Mas também sofre uma influência que vem de dentro - e é tão potente quanto elas.



O inconsciente pode ser fonte de angústias - e também de algumas injustiças, cujos efeitos são perceptíveis desde a infância. O queridinho do professor, provavelmente, será o aluno com as melhores notas da classe. Não porque ele seja necessariamente o melhor, mas porque os professores acreditam que seja - e acabam atuando inconscientemente a favor dele. Esse fenômeno, que se chama incentivo inconsciente, tem respaldo em diversos estudos científicos. Um dos mais engenhosos (e mais polêmicos também) foi conduzido na década de 1960 por Robert Rosenthal, hoje um octogenário professor de psicologia da Universidade da Califórnia.


Na experiência, os alunos de uma escola americana foram submetidos a uma prova. Rosenthal e sua equipe disseram aos 18 educadores do colégio que se tratava de um teste especial, desenvolvido na Universidade Harvard para analisar o potencial de desenvolvimento de cada criança. Mentira. Era apenas um reles teste de QI, sem nada de especial. O objetivo da lorota era aumentar as expectativas dos professores. Os alunos fizeram a prova, e a grande sacada de Rosenthal veio na hora de anunciar o resultado. Antes mesmo de calcular a pontuação de cada aluno, os pesquisadores escolheram aleatoriamente três a seis crianças de cada série e disseram aos professores que aqueles alunos haviam se destacado e teriam um desempenho extraordinário nos anos seguintes. Era outra mentira.


No final do ano escolar, a equipe de Rosenthal voltou à escola e repetiu o teste. Os alunos que haviam sido falsamente diagnosticados como gênios haviam ganho, em média, 3,8 pontos de QI a mais que os demais. O resultado foi ainda mais surpreendente entre alunos da primeira série: a diferença entre os ungidos e o resto foi de assombrosos 15,4 pontos de QI a mais. Ou seja: as crianças que haviam sido apresentadas como mais inteligentes de fato se tornaram mais inteligentes - porque inconscientemente, sem querer, os professores haviam dado mais atenção e estímulo a elas. "O resultado mais importante desse experimento foi mostrar como a expectativa dos professores faz toda a diferença para o desenvolvimento dos alunos", analisa Rosenthal. É impossível ser completamente justo e imune a esse tipo de influência, mas existe um antídoto eficaz contra as distorções induzidas pelo inconsciente: saber que ele sempre está pronto para nos enganar.


APRENDER SEM SABER
Se, por um lado, é impossível controlar o inconsciente de maneira consciente, é possível influenciá-lo. "Podemos mudá-lo. Ele é tão maleável quanto a consciência, ou talvez mais", afirma o neurologista Ran Hassin. Como se faz isso? Praticando alguma coisa até que ela se torne uma segunda natureza, ou seja, vire um processo automático. Qualquer profissional de elite, seja um pianista profissional, um jogador da seleção brasileira de futebol, um médico-cirurgião ou uma bailarina do Theatro Municipal, depende de anos de prática para chegar ao topo da carreira. Cerca de dez anos de prática - ou 10 mil horas de treino, segundo uma famosa pesquisa do psicólogo Anders Ericsson, da Universidade da Flórida. Ericsson estudou violinistas de uma das melhores escolas de música de Berlim. Eles começaram com cinco anos de idade, todos no mesmo ritmo. Mas, a partir dos oito anos, as horas de ensaio começaram a variar entre os estudantes. Quando chegaram aos 20 anos, os melhores violinistas haviam somado 10 mil horas de treino, enquanto os demais não passavam de 8 mil horas - e os piores da turma tinham apenas 4 mil horas de estudo.


SENTIR X PENSAR
O consciente e o inconsciente reagem de modo diferente à mesma coisa. O primeiro é racional; o segundo, carregado de emoção.



A dedicação trouxe recompensa porque, quando se pratica muito alguma coisa, ela fica gravada num tipo especial de memória: a memória não-declarativa, que faz parte do inconsciente e registra ações e movimentos do corpo. É ela que permite que o violinista consiga tocar bem. Se dependesse apenas do consciente, ele não daria conta de todos os procedimentos envolvidos na tarefa (ler a partitura, equilibrar o instrumento no ombro, posicionar os dedos, mover o arco, respirar e, ainda por cima, tocar de maneira natural e relaxada). E ninguém conseguiria aprender a falar fluentemente um segundo idioma. Em suma: a chave para ensinar uma nova habilidade ao próprio inconsciente é treinar, treinar e treinar. É um processo bem demorado. Mas já existe gente tentando deixá-lo mais rápido.


CRIA X FALA
Você decide o que quer falar, mas não escolhe as palavras que vai usar - o seu inconsciente faz isso por você. Ele pega as suas ideias e cria a sua fala. Quando você está aprendendo outro idioma, isso não acontece: a consciência tem de se virar sozinha.



AS SENHAS INVISÍVEIS
Elas são um problema típico do mundo moderno. Ou você acaba esquecendo as suas, ou escolhe uma bem bobinha e usa pra tudo - até que, por causa disso, alguém acaba invadindo o seu e-mail ou conta bancária. Um grupo de cientistas da Universidade Stanford tem uma solução melhor: senhas ultrassecretas, que ficam armazenadas no inconsciente. Funciona assim. Primeiro, os cientistas pedem a voluntários que joguem um joguinho no qual bolinhas caem, uma de cada vez, em uma das seis colunas que aparecem na tela. O objetivo é apertar o botão do teclado correspondente à posição da bolinha na tela. Se a bolinha cai do lado esquerdo, por exemplo, a pessoa aperta a letra S (porque ela fica bem à esquerda no teclado). A ordem das bolinhas parece aleatória, mas não é. A pessoa não percebe, mas existe uma sequência que se repete de tempos em tempos - cerca de 90 vezes ao longo de 30 minutos, a duração do jogo. Essa sequência é definida pelo computador e é personalizada, ou seja, diferente para cada jogador. Ela é a senha. E, graças à repetição, acaba sendo gravada no inconsciente da pessoa.


Na segunda etapa da experiência, a pessoa joga o joguinho novamente. E as bolinhas vão caindo na tela do mesmo jeito: sua ordem parece aleatória, mas uma sequência específica (a senha) se repete de tempos em tempos. Como as bolinhas caem bem depressa, o jogador erra muitas. Exceto as bolinhas daquela sequência que ficou gravada no inconsciente dele. Sem perceber nem saber o motivo, a pessoa acerta todas. Está digitada a senha. Ela é reconhecida pelo computador, que libera o acesso. Além de ser conveniente (você nunca mais precisará se lembrar de uma senha), a tecnologia é extremamente segura. "O sistema torna praticamente impossível para um assaltante forçar a vítima a revelar sua senha bancária, por exemplo. Porque a senha está no cérebro da pessoa, mas não está acessível conscientemente a ela", explica Hristo Bojinov, um dos criadores da tecnologia.


Segundo ele, o sistema de senhas inconscientes pode chegar ao mercado dentro de três anos, mas ainda precisa ser aperfeiçoado. Por enquanto, ele é inviável para uso cotidiano - porque é preciso jogar o joguinho durante 5 a 10 minutos até que a senha inconsciente seja digitada. Dez minutos é bastante. Mas é bem menos do que as 10 mil horas do exemplo anterior. Ou seja: a nova técnica mostra que é possível inserir informações simples no inconsciente muito mais depressa do que se acreditava.


O Exército americano já percebeu, e está tentando tirar proveito disso. A ideia é ajudar os analistas de imagens aéreas, funcionários do Pentágono que olham as fotos tiradas pelos satélites espiões dos EUA - e dizem quais delas contêm algo relevante (como um reator nuclear ou uma base militar inimiga, por exemplo). É um trabalho cansativo e difícil, pois são milhares de fotos aparentemente iguais, com diferenças minúsculas. Mas o cientista Paul Sajda, da Universidade Columbia, teve a ideia de monitorar o cérebro de um analista enquanto ele olhava essas fotos. O analista vestiu uma touca de eletroencefalograma (EEG), cheia de sensores que medem a atividade elétrica em determinadas regiões do cérebro. Aí Sajda mostrou a ele uma foto relevante, ou seja, na qual se via claramente uma construção suspeita. O eletroencefalograma registrou um pico de atividade cerebral - pois aquela imagem havia despertado a curiosidade do analista. Normal.


Mas aí os pesquisadores resolveram acelerar as coisas, e começaram a exibir dez imagens por segundo. Algumas das fotos eram relevantes, outras não, mas todas passavam rápido demais para que o analista conseguisse prestar atenção em qualquer coisa. Mesmo assim, quando aparecia uma foto relevante, algo incrível acontecia: o eletroencefalograma registrava um pico de atividade no cérebro dele. O analista não conseguia perceber nada de diferente nas imagens, mas o inconsciente dele sim - e estava identificando as fotos que tinham pontos interessantes. De acordo com Sajda, o novo método permite aumentar em até 300 vezes a eficiência da análise de imagens militares. "Os processos inconscientes são capazes de algum tipo de racionalidade, muito mais do que se pensa, e essa racionalidade pode levar a boas decisões", escreve o neurocientista Antonio Damasio no livro E o Cérebro Criou o Homem.


HANS, O CAVALO ESPERTO
O inconsciente não é apenas um depósito de traumas reprimidos e habilidades incríveis. Ele também é especialista em fazer o contrário: colocar tud o pra fora. O psicólogo Paul Ekman, da Universidade da California, ficou famoso por ter catalogado mais de 10 mil conjuntos de "microexpressões" - expressões faciais que fazemos inconscientemente enquanto conversamos, e que podem revelar nossas verdadeiras emoções. Inclusive se o seu interlocutor for um cavalo.


Em 1904, o alemão Wilhelm von Oster ficou famoso por suas apresentações com Hans - um cavalo que era capaz de "quase tudo, menos falar". Segundo o dono, Hans fazia cálculos matemáticos complexos. Quando perguntavam a raiz quadrada de quatro, o bicho respondia batendo o casco duas vezes no chão. A conexão era tanta que Hans acertava o resultado mesmo quando seu mestre não fazia as perguntas em voz alta - e apenas pensava nelas. Havia quem jurasse de pés juntos que o cavalo lia a mente de Von Oster. A dupla rodou a Alemanha em apresentações fantásticas, e deixou estudiosos debruçados sobre o mistério durante anos. Em 1907, o psicólogo Oskar Pfungst publicou um estudo que solucionava a charada. Hans só acertava os resultados quando seu `entrevistador¿ (no caso, Von Oster) já sabia a resposta certa. Pfungst descobriu um padrão: Von Oster se inclinava levemente para frente quando terminava de propor uma questão. Esse era o sinal. Hans entendia e começava a bater o casco no chão. Quando atingia o número certo de batidas, algum outro movimento do dono denunciava a hora de parar. Von Oster era um charlatão, então? Talvez. Mas muitas outras pessoas, que não sabiam de nada, desafiaram Hans com problemas matemáticos. O cavalo acertou todos. É que elas, sem saber, também coordenavam com movimentos inconscientes as respostas dele. Ou seja: cavalos talvez não saibam fazer contas, mas podem ser capazes de ler o inconsciente alheio com mais precisão do que muito humano.


ROTINA X MUDANÇA
Um estudo neurológico provou que o inconsciente exagera as coisas ruins - e confrontá-lo pode ser a chave para superar angústias.


Ainda não existe uma fórmula que permita controlar o que dizemos de forma inconsciente. Emitimos sinais inconscientes o tempo todo - a ponto de sermos transparentes até para cavalos. É por isso que é tão difícil fingir: todo mundo percebe quando achamos que uma festa está meio chata, por exemplo. Mas não vá culpar o seu inconsciente por isso. Se não fosse ele, você sequer conseguiria dançar e conversar ao mesmo tempo.



Memória subliminar
Como funciona o sistema que permite gravar senhas de computador no inconsciente


1. Você joga um game em que bolinhas caem na tela - e o objetivo é apertar a letra do teclado correspondente à coluna na qual a bolinha está caindo.


2. A ordem das bolinhas parece aleatória, mas não é. Você não percebe, mas existe uma sequência de 30 letras que se repete várias vezes durante o jogo. Ela é a senha - e, de tanto ser repetida, fica gravada no seu inconsciente.


3. Para acessar o computador, você joga novamente o game. Como as bolinhas caem bem rápido, você erra muitas delas - exceto aquela sequência de 30, que o seu inconsciente gravou, e por isso você acerta. A máquina reconhece a senha e libera seu acesso.



Percepção acelerada
Exército dos EUA já sabe usar o poder do inconsciente para turbinar a visão humana


1. O militar veste uma touca de eletroencefalograma (EEG), aparelho que mede as correntes elétricas do cérebro.


2. Uma tela mostra dez imagens por segundo. É rápido demais para que a pessoa tenha qualquer reação consciente.


3. Mas quando aparece uma imagem relevante (mostrando uma base militar inimiga, por exemplo), o inconsciente percebe - e o EEG registra um pico de atividade cerebral.


4. A técnica permite que um analista militar processe até 36 mil imagens por hora - e com três vezes mais precisão do que se estivesse usando a consciência.

Reportagem:
Alexandre de Santi e Sílvia Lisboa
terça-feira, 26 de novembro de 2013 0 comentários

NOTA DE FALECIMENTO - GLEISE NANA





 A ativista Gleise Nana, 33 anos, que havia denunciado o sargento Emerson Veiga, do 15 BPM de Duque de Caxias, faleceu na madrugada dessa segunda-feira, 20 de novembro, após um incêndio suspeito no apartamento da ativista.

A poetisa e diretora teatral havia denunciado o sargento após ele ter postado insultos no inbox da ativista. Em um deles o PM a chamava de "maconheira,vagabunda e anarquista de merda, responsável pela desordem no Rio de Janeiro." Com medo, Nana repassou as mensagens para os amigos. Passou, desde então, a receber telefonemas estranhos.

Com a ativista também havia muitas filmagens dos conflitos desde o começo, em junho. Nana tinha um vasto material com denuncia sobre abuso de PMs. Em um deles, o tenente-coronel Mauro Andrade admite que a PMERJ se excedeu.

Em um incêndio suspeito, no dia 18 de outubro, a ativista teve 35% do seu corpo queimado. O misterioso incêndio em seu apartamento também afetou os órgãos internos de Nana. Após quase 40 dias de coma, a ativista não resistiu e faleceu.

Cabe frisar que, num primeiro instante, a Polícia Civil trabalhou apenas com a hipótese de incêndio acidental. Mas após insistência de amigos e o trabalho dos advogados da Comissão dos Direitos Humanos da OAB, a própria Polícia Civil admitiu que o incêndio pode ter sido criminoso.

Resta agora um empenho de todos para que a apuração ocorra da maneira mais transparente possível, pois sabemos que existem jogos de interesse escondidos por trás desse misterioso acidente.

Nossos sinceros sentimentos...

Pedimos aos nossos leitores que compartilhem essa nota de falecimento para que mais pessoas saibam a verdade.

Texto:Israel Montezano
Foto: O dia
SEPULTAMENTO HOJE, ÀS 13.HORAS, NO CEMITÉRIO SÃO FRANCISCO XAVIER (CAJU), CAPELA C. 
NOSSO ADEUS A GLEISE NANA
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CORRER RICOS


Rir é correr risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Estender a mão é correr o risco de se envolver.
Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu.
Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas.
Amar é correr o risco de não ser correspondido.
Viver é correr o risco de morrer.
Confiar é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada.
Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade.
Somente a pessoa que corre riscos é livre!


                                                         Sêneca(orador romano)



Links indicados: SOBRE OS POETAS E A MENTIRA

DIFICULDADE PARA A BUSCA DA VERDADE

ESPANQUEMOS OS POBRES!

ILHA DAS FLORES (curta)
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A TUA PONTE



Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar,
para atravessar o rio da vida.
Ninguém, exceto tu, só tu.

Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes,
e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio;

mas isso te custaria a tua própria pessoa;
tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho
por onde só tu podes passar.

Onde leva?
Não perguntes, segue-o!

FRIEDRICH NIETZSCHE
segunda-feira, 25 de novembro de 2013 1 comentários

GAL COSTA -Acustico MTV (completo)




 1. Baby
• 2. Barato Total
• 3. Só Louco
• 4. Coração Vagabundo
• 5. Não Identificado
• 6. London, London
• 7. Força Estranha
• 8. Folhetim
• 9. Lanterna dos Afogados
• 10. Teco-Teco
• 11. O Amor (Sobre o Poema de Vladimir Maeakovski)
• 12. Pérola Negra
• 13. Vaca Profana
• 14. Paula e Bebeto
• 15. Falsa Baiana
• 16. Camisa Amarela
• 17. Vapor Barato
• 18. Sua Estupidez
• 19. Você Não Entende Nada
• 20. Aquarela do Brasil

domingo, 24 de novembro de 2013 1 comentários

BURRO SEM RABO




Saia pela manhã bem cedo puxando com os próprios braços sua fiel companheira. Uma carroça que insistia em chamar de burro sem rabo. Por ser criança não entendia as razões que levavam meu avô a dar esse nome para a carroça que o acompanhava em seu dia a dia de trabalho.

Quando perguntava,Vô por que burro sem rabo?
Com o suor pingando do rosto ele respondia rindo:
- Porque é o burro que vai na frente.

E seguia o caminho puxando a carroça, sorrindo e catando ferro.

 Muitos se obrigados ao trabalho do meu avô sentiriam vergonha, no entanto ele chegava até a se divertir. E eu mais ainda quando era carregada por ele, era como brincar de carro.

No fim da tarde vô João sempre voltava para casa  com alguma história nova para contar. Perdi as contas de todos os "causos" que ouvi e das risadas dadas sentada na varanda enquanto minha avó preparava o café.

Esse homem foi boia- fria, cortador de cana, mineiro, carroceiro catador de ferro, pipoqueiro...

Viveu lamentando por não ter tido oportunidade de estudar ao longo da vida. Não queria passar para seus filhos e netos o legado de assinar documentos com o polegar. Sua única vergonha confessada.

Infelizmente vô João faleceu sem aprender a ler e eu estou aqui escrevendo para vocês. 

Para aqueles que medem o valor das pessoas apenas pelo que elas possuem (dinheiro) meu avô foi somente o seu João do ferro velho, ou no máximo, um burro de carga,  mas para mim ele é um grande exemplo de dignidade, assim como muitos outros brasileiros desprezados pelas classes sociais abastadas.
sábado, 23 de novembro de 2013 1 comentários

Carta de Jean-Paul Sartre recusando o Prêmio Nobel de Literatura

Posted by:  Márwio Câmara , outubro 26, 2013


Jean-Paul Sartre foi um dos maiores pensadores franceses do século XX. Escreveu livros de gênero existencialista, filosófico, teatral, ensaístico e até biográfico. Aos 49 anos, o intelectual de obras marcantes como A imaginação (1936), A náusea (1938), O muro (1939), O ser e o nada (1943), entre outras, foi consagrado com o Prêmio Nobel de Literatura, mas, para a surpresa de todos, recusou-o em 22 de outubro de 1964, no mesmo ano de publicação de As palavras, escrevendo uma longa carta publicada no jornal Le Fígaro, explicando os motivos para tal atitude.
A mesma carta foi traduzida e publicada também pelo jornal Última Hora, do Rio de Janeiro, em 23 de outubro de 1964.

Confira o texto da carta na íntegra abaixo:


Lamento vivamente que este assunto tenha tomado a aparência de um escândalo; um prêmio foi concedido e alguém o recusa. Isto se deve ao fato de que não fui informado devidamente a tempo do que se preparava. Li no “Le Figaro Litteraire”, de 15 do corrente mês, sob a assinatura do correspondente sueco deste jornal, que a maioria na Academia Sueca era a meu favor, mas não havia sido ainda definitivamente fixada, pelo que bastava escrever uma carta à academia, o que fiz no dia seguinte, para pôr um ponto final ao assunto e não mais se falasse dele. Eu ignorava, então, que o Prêmio Nobel é outorgado sem que se peça a opinião ao interessado e pensei que ainda era tempo de impedi-lo. Mas compreendo muito bem que quando a Academia Sueca faz sua escolha, já não pode voltar atrás. As razões pelas quais renuncio ao prêmio não se referem nem à Academia Sueca, nem ao Prêmio Nobel em si, como já expliquei em minha carta à Academia.

Nela invoquei duas espécies de razões; razões pessoais e razões objetivas. As razões pessoais são as seguintes: minha negativa não é um ato improvisado. Sempre recusei as distinções oficiais. Quando, depois da guerra, em 1945, me propuseram a Legião de Honra, recusei-a, apesar de possuir amigos no Governo. Igualmente nunca aceitei ingressar no Colégio de França como sugeriram alguns de meus amigos. Esta atitude é baseada em minha concepção do trabalho do escritor. Um escritor que assume posições políticas, sociais ou literárias somente deve agir com meios que lhes são próprios, isto é, com a palavra escrita. Todas as distinções que possa receber expõem seus leitores a uma pressão que não considero desejável. Não é a mesma coisa se eu assino Jean-Paul Sartre que se eu assino Jean-Paul Sartre, Prêmio Nobel. O escritor que aceita uma distinção deste gênero compromete, também, a associação ou instituição que a outorga: minhas simpatias pelos guerrilheiros venezuelanos somente a mim comprometem, mas se o Prêmio Nobel Jean-Paul Sartre toma partido pela resistência na Venezuela, arrasta consigo todo o Prêmio Nobel como instituição.

 Nenhum escritor deve deixar-se transformar em Instituição, mesmo que isto se verifique pela mais honrosa forma, como no caso presente. Esta atitude é inteiramente pessoal e, evidentemente, não representa nenhuma crítica contra aqueles que já foram premiados. Tenho muita estima e admiração por muitos dos laureados que conheci pessoalmente. Mas minhas razões objetivas são as seguintes: – O único combate atualmente possível no campo da cultura é o da existência pacífica das duas culturas, a do Leste e a do Oeste. Não quero dizer com isso que seja necessário que se deem abraços. Sei perfeitamente que o confronto entre estas duas culturas deve, por necessidade, adotar a forma de um conflito, conflito que deve ter lugar entre homens e entre culturas, mas sem intervenção de instituições. Sinto pessoal e profundamente as contradições entre as duas culturas: sou feito dessas contradições. Minhas simpatias vão inegavelmente, para o socialismo e para o que se chama o Bloco do Leste, mas vivi e me eduquei numa família burguesa e numa cultura burguesa. Isto me permite colaborar com todos aqueles que querem aproximar ambas as culturas.

Espero, naturalmente que a melhor ganhe, isto é, o socialismo. Por isso é que não posso aceitar nenhuma distinção concedida pelas altas instâncias culturais, tanto de Leste como do Oeste, mesmo que admita sua existência. Embora todas as minhas simpatias vão para o campo socialista, seria impossível para mim aceitar, por exemplo, o Prêmio Lênin, se alguém quisesse me conceder, o que não se dá. Sei muito bem que o Prêmio Nobel, por si mesmo, não é um prêmio literário do campo ocidental, mas se transforma no que se faz dele e podem suceder coisas que os membros da Academia Sueca não podem prever. Por isto que, na situação atual, o Prêmio Nobel se apresenta objetivamente como uma distinção reservada aos escritores do Oeste ou aos rebeldes do Leste. Não se premiou Neruda, que é um dos maiores escritores americanos. Nunca se pensou seriamente em Aragon, que bem o merece. É lamentável que se tenha concedido o prêmio a Pasternak e não a Cholokhov e que a única obra soviética coroada seja uma editada no estrangeiro, proibida em seu país. Poder-se-ia ter estabelecido um equilíbrio mediante um gesto análogo no outro sentido.

 Durante a guerra da Argélia, quando assinamos o Manifesto dos 111 eu teria aceito o prêmio com reconhecimento, porque ele não teria honrado somente a mim, mas à liberdade pela qual lutávamos. Mas isso não aconteceu e é somente no fim dos combates que se entregam os prêmios. Na motivação da Academia Sueca se fala de liberdade: é uma palavra que se presta a numerosas interpretações. No ocidente, se fala de liberdade num sentido geral. Entendo a liberdade de uma forma mais concreta, que consiste no direito de ter mais de um par de sapatos e de comer pão menos duro. Parece-me menos perigoso declinar do prêmio do que aceitá-lo. Se o aceitasse, me prestaria ao que se pode chamar de uma ‘recuperação objetiva’. Afirma o artigo do ‘Le Figaro Litteraire’ que ‘não se teria em conta meu passado político discutido’. Sei que este artigo não exprime a opinião da Academia Sueca, mas ele mostra claramente em que sentido seria interpretada minha aceitação em certos meios de direita. Considero este ‘passado político discutido’ como ainda válido, mesmo se disposto a reconhecer certos erros passados perante meus camaradas.

 Não quero dizer que o Prêmio Nobel seja um prêmio ‘burguês’, mas esta seria a interpretação burguesa que dariam inevitavelmente os meios que conhecemos. Finalmente, resta a questão do dinheiro. É verdadeiramente grave que a Academia coloque sobre os ombros do laureado, além da homenagem, uma soma enorme. Este problema me atormentou. Ou bem se aceita o prêmio e com a soma recebida se apoiam movimentos ou organizações que se consideram importantes – de minha parte seria o Comité Apartheit de Londres – ou bem se recusa o prêmio em vista de virtude de princípios gerais, e se priva este movimento ao apoio que necessita. Renuncio, evidentemente, às 250.000 coroas porque não quero ser institucionalizado nem ao Leste nem ao Oeste. Não se pode pedir que se renuncie, por 250.000 coroas, aos princípios que não são unicamente nossos, mas compartilhados por todos os nossos camaradas. Foi isto que tornou tão penoso para mim tanto a atribuição do prêmio como a recusa que manifestei. Quero terminar esta declaração com uma mensagem de simpatia ao povo sueco.

Fonte: homo literatus


Links indicados: A Existência precede a essência

Carta de Jean-Paul Sartre recusando o Prêmio Nobel de Literatura

EXISTENCIALISMO DE SARTRE
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PEQUENO MANUAL DA VIDA MAL RESOLVIDA





Eu estou em crise. Assim como a economia europeia, a Síria ou a política de combate a enchentes no Rio. Em épocas assim, as pessoas perguntam o que está acontecendo, como tudo começou, qual a perspectiva de melhora.


Contando a mesma história para muita gente e passando a vida a limpo, numa espécie de sessão de terapia contínua, o resultado pode ser bastante confuso: não percebi o que estava acontecendo? Errei? Não me controlei? Não sou madura o suficiente?


De todo esse período, venho sistematizando algumas ideias, que vão contra a corrente dos livros de autoajuda, mas que me parecem mais atadas à minha realidade do que pregam os gurus do autocontrole e da “vida bem resolvida” (e aqui crio uma rima pobre por falta de sinônimo melhor para a expressão). Eu não espero que você, caro leitor, concorde com todas – nem mesmo com uma delas. O objetivo deste texto, assim como todos os outros deste blog, acredito, é compartilhar pensamentos e propor reflexões. Certo ou errado não são os tópicos aqui.


“É preciso ser forte”: como disse uma amiga minha, eu quero é ser fraca. Chorar, sofrer, desabafar fazem parte das rotinas humanas e não é vergonha nenhuma dizer que a dor está muito forte e que está difícil de segurar. Deixar lágrimas escorrerem em público, querer passar um dia triste, sentir que está sem chão naquele momento não fazem de você uma pessoa frágil e que não agradece pelos inúmeros momentos de felicidade que vive.


Do mesmo jeito que o corpo dá sinais de alerta, com dores, para nos dizer que há algo errado, nossa mente e nossas emoções mostram que há pontos complicados na vida. E, assim como o físico, não há cura para tudo – mas também há sempre algo que ajuda a diminuir o peso. Em todos os casos, buscar tratamento – e ser firme nele, até os últimos recursos – também é sempre possível.


“Viver não é complicado. Somos nós que complicamos a vida”: mentira deslavada (ou sem-vergonha, que é um sinônimo mais saboroso, mas muito menos conhecido da palavra). Viver é complicado, sim. Amar alguém, e ser amado por ela, não torna as relações fáceis. Escolher uma profissão e gostar do que faz não evita que queiramos jogar a toalha às vezes. Amar os filhos não anula erros na criação. Amar os pais não impede que possamos ofendê-los quando queremos que eles se cuidem. Ver avós morrendo, seguindo a trajetória natural da vida, não torna a separação menos sofrida. Somos bichos complicados, inseguros, com medo de fazer escolhas erradas, traumatizados pelos eventos do passado. Isso implica que vamos errar, ferir, ofender, distorcer, recuar, mudar, tantas vezes quantas forem necessárias no meio do caminho.


Pedir desculpas não vai adiantar, mas também mal não irá fazer. Dizer que aquilo serviu de aprendizado para não fazer de novo é meia verdade, porque sempre podemos errar novamente – mas, como meia verdade, isso também tem, obviamente, seu lado genuíno.


“Seja firme nas suas decisões”: não sei se acontece com todos, mas às vezes eu passo longos minutos olhando o cardápio, penso seriamente em que prato pedir, faço a escolha confiante e, quando chega a refeição, percebi que me enganei: o molho não era o que eu pensava. Seria ótimo se longos momentos de reflexão garantissem a decisão mais acertada, mas, se isso não é assim nem com a comida, que dirá com as emoções, com as relações, com os gostos.


Eu detecto em minha vida algumas certezas: amo algumas pessoas, aprecio fazer determinadas coisas, quero cumprir certos objetivos (de vida profissional e de mudança ou evolução de personalidade). São pontos que não têm mudado com o tempo, mas, para continuarem assim, elas precisam ser cultivadas a cada novo dia. Então, eu não sou firme com as minhas decisões: eu as repito todo dia. Entende a diferença?


“Mantenha o autocontrole”: adoraria ser capaz disso, o tempo todo. Se algum leitor consegue, por favor, avise. Eu busco evoluir, e nesse período crítico passei por várias situações em que gostaria de ter tido a esperteza de me enfiar em um buraco e esperar a raiva e o desespero passarem antes de fazer alguma coisa. Estou cotidianamente buscando melhorar nesse sentido, mas confesso que retrocedo várias vezes ou cometo o mesmo erro outras tantas, ainda que eu reflita, ore, faça terapia, escreva sobre isso…


Se houver algum ser humano que consiga nunca dar uma resposta mais seca; nunca dizer algo desnecessário e que machuque; ou mesmo nunca hesitar em dizer o que tem de ser dito no momento, por favor, me ensine o caminho.


Se houver um modo mais fácil de ser humano, imperfeito, emotivo, confuso e inseguro, serei a primeira a segui-lo. No momento, apenas sigo sendo humana, ciente do que é sê-lo, mas sem a certeza de que conheço tudo da minha própria humanidade.

JULIANA DORETTO
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A NECESSIDADE DO OUTRO




Aos 11 anos, quando entrei no ginásio e ganhei do meu pai uma caneta Parker com meu nome gravado, senti que algo muito sério havia ocorrido comigo. Virei ginasiano , dizia o pai que, criado em Manaus, foi um orgulhoso aluno do Ginásio Amazonense Pedro II. Naquele tempo, era comum o uso do paletó e no seu inútil bolsinho de fora usava-se um lenço combinando com a gravata e, no canto do bolso, como enfeite e sinalizador social, enfiava-se uma caneta! Éramos um país de analfabetos antes de sermos um país de subletrados e de burros doutores ideologicamente pautados. A caneta de ouro compondo a figura do doutor (substituto do aristocrata) sugeria que o sujeito assinava o nome.


Compreendi o significado da caneta demarcadora de minha passagem para o curso secundário quando, já universitário e querendo ser revolucionário, um colega politizado relacionou a nossa geração aos privilégios e a contrastou com os oprimidos sem escola que escreviam de modo hesitante, desenhando as letras, traçando-as no papel ao contrário do que manda a caligrafia clássica.


Escrever à tinta , como se dizia, era algo ritualizado que ia da escolha do papel para o que se ia dizer, pois a caneta-tinteiro borrava e sua escrita não era facilmente apagada.


Escrever com a minha Parker preta listrada de dourado era fazer a passagem do transitório e barato lápis, cujas pontas gastavam e quebravam e cuja escrita não resistia a uma banal borracha, para o definitivo: para a escrita à tinta . Que responsabilidade eu tinha quando pegava essa caneta para escrever e foi com ela que tracei as sempre mal traçadas linhas da minha primeira carta de amor. Um amor a ser tão eterno quanto a tinta e que não durava mais do que um long-play de Frank Sinatra.


Ali eu vivi um inexorável sentimento de passagem do tempo. Estava ficando velho. E velho fui ficando quando alguma passagem ocorria na minha vida. Todas as primeiras e últimas vezes foram marcadas e eu só tive consciência delas porque algo ou alguém as assinalava.


A sensação de transitar por várias etapas críticas do meu ciclo existencial que começou com o nascimento e o batismo; seguiu para a infância do time de futebol e da primeira comunhão; prosseguiu para puberdade dos bailes, do primeiro namoro e beijo; desembocou no casamento; foi agraciado com a paternidade e um dia virá com a morte - o evento mais crítico de todos o qual, infelizmente, será o único que eu não vou poder compartilhar com vocês, meus queridos leitores - foram todos construídos por outras pessoas.


Foram todos urdidos de fora para dentro, por meio de conversas, presentes, admoestações, rituais, aprovações, elogios e reparos feitos por um outro. Acentuo esse outro porque, sem ele, eu não seria capaz de saber que tento ser simultaneamente um individuo autônomo e livre; e uma pessoa devedora de muitas pessoas e relações as quais despertaram os vários eus que convivem dentro de mim.


O individualismo do anglo-eurocentrismo, adotado com a santa ignorância de tudo o que chega de fora no Brasil, pensa que pode ficar preso ao velho e inconsciente solipsismo do só eu sei o que sei passou comigo e portanto ninguém melhor do que eu para falar da minha vida , como revelou com o viés dos censores o rei Roberto Carlos, numa entrevista recente. Mas o holismo que sustenta e legitima o individualismo e pretende proteger a vida pessoal dos que vivem se expondo por meio de seus talentos criativos diz que nós só sabemos quem somos quando ganhamos de presente uma caneta; quando um amigo nos corrige; ou quando somos atingidos por uma opinião cuja maior virtude é mostrar algo não visto ou oculto de nós mesmos.


Por isso as autobiografias são tão fantasiosas quanto as biografias. Pois elas só existem como artefatos construídos e qualquer compromisso com a liberdade de falar do outro com liberdade - como argumentou um mestre do gênero, Ruy Castro, na Folha de S.Paulo do dia 1º do corrente - não é só um dado básico da visão de fora (o ponto de vista do outro), mas da própria vida social que, em todas as suas dimensões, requer e precisa do outro. Seja como um aliado, seja como um advogado, seja como um contrário e, mais que isso, como um alternativo. Aquele que passou pelo que passamos e que, com os mesmos eventos e experiências, construiu um quadro diverso do nosso. Tentar controlar e reduzir a visão de fora é uma violência porque é um ato de negação do outro. Esse outro que é o sal e, como dizia Sartre, o inferno da vida.


Não fossem esses atos externos eu não mudaria de ideia e de hábitos. Jamais saberia que tenho sido muitos. Mas mesmo na dúvida e no sofrimento da revelação das minhas limitações ou da minha pusilanimidade eu sei que o outro é básico na produção da minha vida. Se eu fosse um cantor, eu saberia pela prática que é esse outro (o chamado público) quem me consagra e me dá como um dom a incrível relação chamada sucesso.

ROBERTO DaMATTA
 
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