2c6833b0-77e9-4a38-a9e6-8875b1bef33d diHITT - Notícias Sou Maluca Sim!: julho 2013
terça-feira, 30 de julho de 2013 0 comentários

O CASTIGO


Depois que sofri o estupro tomei pavor do tal Paulo, namorado da minha mãe. Não sei explicar exatamente o porque, mas também fiquei com muito nojo a ponto de nem mesmo querer beber água no mesmo copo que ele tivesse bebido. 

Não preciso dizer que se minha mãe me tratava mal antes do ocorrido depois tudo ficou muito pior. Era tortura mesmo.
E infelizmente eu não tinha como escapar disso, pois minha avó me obrigava a ir com minha mãe e a verdade é que meus parentes não estavam disposto a se envolverem em um caso desses, então só restava aguentar firme a situação.  Mesmo a intervenção do meu tio durou por pouco tempo por não agradar a esposa dele.  

Minha mãe me beliscava, me batia com o cuidado de não deixar muitas marcas, e quando alguém notava as marcas ela dizia que tinha sido algum tombo ou algo assim.  Me deixava trancada dentro do banheiro.  Muitas vezes  me  deixava sem comer o dia inteiro, coisa que me acostumei com o passar do tempo. E palavras como puta, vadia, eu já considerava como apelidos de tanto que eu era chamada assim. 

Minha mãe sempre foi uma pessoa criativa e talvez por isso tenha arranjado tantas formas diferente de me humilhar. Uma a qual me recordo bem foi o DIA DA CADELA.

 Cadela era um dos apelidos carinhosos que recebi de mamãe, principalmente, por ter mordido o Paulo. Então para que eu não esquecesse e todos ficassem sabendo que eu era uma cadela, minha mãe apanhou 5 ossos cozidos de costela e me obrigou a andar para todo canto carregando esses ossos nas mãos. E se por acaso ela me visse sem eles eu apanhava novamente. 

Nesse dia que sucederam muitos outros eu fui colocada na vila desde de cedo para brincar com as outras crianças. Quando meus primos me viram com os ossos, que eu não podia soltar, riam, debochavam... e eu ali segurando os ossos. 

 Minha tia N... chegou a perguntar a minha mãe sobre os ossos, minha mãe respondeu que eu adorava ficar roendo ossos (claro que isso foi ironia), e que eu teria dormido mastigando um e quase morrendo sufocada com o osso atravessado na garganta. Então para que eu não roesse mais osso era esse o motivo do castigo. 

Depois disso minha tia passou a ser fiscal dos ossos. Se por alguma razão eu me descuidasse deles ela através da zombaria acompanhada pelo coro dos meus primos me fazia apanha-los imediatamente e comunicava o meu desleixo a minha mãe que me humilhava, batia e ameaçava me matar se eu abrisse a boca para contar o que fosse para alguém. 

Você que está lendo isso deve está pesando que minha mãe era o capeta, mas se engana completamente. Minha mãe era muito dissimulada. Bonita e quase sempre agradável a todos.

Link indicado: ALGUMA INTERVENÇÃO
terça-feira, 23 de julho de 2013 0 comentários

ALGUMA INTERVENÇÃO



Não sei bem o que foi conversado, mas lembro da minha tia perguntar porque eu estava andando daquele jeito. 

Resultado 

Minha mãe me jogou encima da mesa tirou a parte de baixo da minha roupa na frente de todo mundo, incluindo o monstro, e disse:

- Fala N...(nome da minha tia) o que você está vendo ai? Essa filha da P... está enganando você. Ela não tem nada.

- Mas L...( como minha mãe era chamada) ela está machucada.

- Machucada? Machucada como? Isso é assadura porque essa porca não se limpa direito. Essa putinha está mentindo, não vale nada, mas se você quiser pode levar ela para a sua casa. Fica com ela que você vai ver o que é bom.

A pesar da pouca idade senti muita vergonha de ficar pelada de pernas abertas na frente de todos. Minha avó me criou de forma que era pecado até colocar as mãos nas partes intimas.

A mando do meu tio, minha tia me levou para a casa dela onde dormir aquela noite na paz de Deus.

Continuei indo os fins de semana para a casa da minha mãe, mas toda vez que o monstro estava lá meu tio vinha me apanhar para dormir na casa dele.

Tio A... Muito obrigada por me salvar. Não sei o que teria acontecido sem a sua intervenção.


Link indicado: MEDO
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MEDO



De manhã bem cedo com o dia amanhecendo o monstro foi embora. 

Nesse dia minha mãe me chamou pelos piores nomes que se possa imaginar e me bateu muito. Muito mais que o normal. Me deixou vestida só de calcinha, colocou em mim uma bolsinha que ela usava para carregar os cigarros, abriu a porta e me jogou do lado de fora porque ela não queria puta dentro da casa dela.

Passei toda a manhã do lado de fora, mas dentro da vila. Sem comer, sem beber água.

Esse vila era bem dizer só de parentes, mas parece que ninguém deu conta ou não quis dar conta do que estava acontecendo. Ou talvez já estivessem acostumados com a confusões da minha mãe, não sei.
Não bati na porta de ninguém para pedir ajuda princialmente por medo. se abrisse a minha boca para falar qualquer coisa minha mãe me mataria.

Fiquei nessa situação até uma prima mais velha chegar da escola e perguntar porque eu estava apenas de calcinha e do lado de fora de casa. Ela chamou a minha mãe e não me recordo o que ela respondeu. Minha prima entrou para a casa dela , mas em poucos minutos voltou e me levou para a casa dela onde me deram a tarde o que seria o almoço.

Não preciso dizer que por conta da dor que eu estava sentido não estava conseguindo andar de forma natural e acho que foi isso acabou chamando a atenção da minha tia. Pois juro que o medo não me permitia dize nada a respeito.

Quando foi a noite essa minha tia e mais uma outra foram conversar com minha mãe e o monstro tinha voltado. Ele estava dentro de casa.

Meu Deus que medo eu tive naquele momento. só eu sei.

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VAZIO


Até que certa noite minha mãe saiu me deixando sozinha com o monstro. Ele foi tomar banho e deixou a porta do banheiro aberta. uma porta que sempre se fechava por conta do peso. Eu não sabia nem porque, mas já tinha medo dele. Quando a gente é criança não entende bem as coisas,mas o medo se fez presente não sei explicar exatamente o porquê.

Ele saiu do banheiro apenas com uma toalha branca na cintura. Eu estava no quarto assistindo TV.

Ele me puxou pela cabeça e queria que eu colocasse minha boca nas partes intimas dele. Como me neguei a fazer ele me agarrou a marra e tampou a minha boca. Me debati, desesperada tentei me saltar de todos os mode e ainda consegui morder a mão dele, mas não adiantou ele conseguiu me machucar e minha mãe chegou bem na hora do ato.

Ela ficou enfurecida e perguntou o que estava acontecendo. Eu corri para o lado oposto da cama e senti muita dor. Eu estava sangrando.

Me recordo dos dois começarem a discutir e ele mostrou que eu havia o mordido. Minha mãe me arrastou bruscamente pelo braço até o banheiro me deu banho.

Essa noite eu dormi no chão e os dois dormiram juntos na cama.
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TRISTEZA


Minha mãe tinha arrumado mais um namorado. Esse chamava-se Paulo e morava no bairro do Flamengo em um apartamento com vista para o mar.Trabalhava no cais do porto, lugar onde eles se conheceram. Até hoje não sei o que ele fazia exatamente, mas lembro que estava sempre armado.

Minha mãe estava com os seus 30 e poucos anos e ele com 42.Lembro dos comentários maliciosos que ouvia quanto a isso.

Ele trazia muitos presentes para a minha mãe e ao que parece ajuda a pagar umas contas.

Como namorado ele tinha livre acesso a casa que ficava na rua Comendador Siqueira em Jacarepaguá.

Como nunca tive uma cama minha nem na casa da minha mãe, nem na casa da minha avó dormíamos os três na mesma cama.

E me recordo de acordar uma noite com ele passando a mão entre as minhas pernas.

Falei com a minha mãe, mas ela não deu qualquer importância. Foi apenas o começo de um tristeza que eu carrego até os dias de hoje.
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ANIVERSÁRIO CHEGANDO


No próximo dia 12 de agosto completarei 30 anos. Parece até ironia, 30 anos de um aborto que não deu certo, 30 anos da filha do Fuscão.

Não pensei que chegaria tão longe, mais aqui estou e me despedindo de alguns demônios. Não chegarei aos meu 30 anos sufocando o grito de dor.

Hoje eu sei quem sou e tenho maturidade de pessoa adulta.

Digo a mim mesma contrariando a tudo que me foi imposto pelos que me cercavam:

eu não sou responsável por ter sofrido estupro a os 5 anos de idade.

eu não sou responsável por ter sofrido estupro a os 5 anos de idade.

eu não sou responsável por ter sofrido estupro a os 5 anos de idade.

eu não sou responsável por ter sofrido estupro a os 5 anos de idade.

eu não sou responsável por ter sofrido estupro a os 5 anos de idade.

eu não sou responsável por ter sofrido estupro a os 5 anos de idade.

eu não sou responsável por ter sofrido estupro a os 5 anos de idade.

eu não sou responsável por ter sofrido estupro a os 5 anos de idade.

eu não sou responsável por ter sofrido estupro a os 5 anos de idade.

eu não sou responsável por ter sofrido estupro a os 5 anos de idade.

EU NÃO SOU CULPADA

CHEGAAAAAAAAA!
segunda-feira, 22 de julho de 2013 0 comentários

CAIXÃO OU A MORTE


Está é a carta da transformação, renascimento e renovação.

Muitos a consideraram uma carta de perdas e realmente é, A PERDA DO PASSADO E DAS VELHAS OPINIÕES.Essa carta fala das transformações de crenças e mudança de padrão de comportamento. É mais uma questão psicológica, por tratar-se de um novo olhar, ou seja, resinificar os paradigmas.


O caixão representa as mudanças que fogem ao nosso controle,é a verdadeira transformação, pois são reações da vida, ou melhor, uma fase que necessita acontecer,já que ela fala de fins, de separações, perdas, mudanças, enfim, tudo aquilo que não deve continuar, que não tem mais vida mais utilidade hoje vão ficar no passado.
Costumo dizer quando tiro o Arcano XIII-A morte no baralho cigano é o dia da faxina.
AQUELE DIA EM QUE TUDO QUE FOR INÚTIL DEVE SER ELIMINADO.

Outro significado desta carta é o mundo interno do consultante, pois o caixão anuncia (ou denuncia) como o consulente se sente, como o consulente se encontra no momento da consulta com As Cartas Ciganas.

Às vezes o consulente encontra-se no meio do olho do furacão, num verdadeiro turbilhão, por encontrar-se numa forte transição em sua vida. Às vezes se sente perdido ou inseguro, mas não sabe como demonstrar isso e acaba se fechando. Outras vezes o consulente está paralisado, por não saber como agir.


Sabe aquelas decisões que você está se arrastando a muito tempo para tomar, pois então você demorou tanto que a vida está tomando a decisão por você, mas Olhe para a frente, vislumbre uma nova etapa com valores renovados e atitudes mais positivas.Não tenha medo das transformações, pois elas são necessárias para o seu amadurecimento.
Outra coisa: tenha muita atenção e guarde segredo de projetos importantes.
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ELOGIO DA DISTÂNCIA



Na fonte dos teus olhos
vivem os fios dos pescadores do lago da loucura.
Na fonte dos teus olhos
o mar cumpre a sua promessa.


Aqui, coração
que andou entre os homens, arranco
do corpo as vestes e o brilho de uma jura:

Mais negro no negro, estou mais nu.
Só quando sou falso sou fiel.
Sou tu quando sou eu.

Na fonte dos teus olhos
ando à deriva sonhando o rapto.

Um fio apanhou um fio:
separamo-nos enlaçados.

Na fonte dos teus olhos
um enforcado estrangula o baraço.

Paul Celan
sábado, 20 de julho de 2013 0 comentários

NOTAS ESSENCIAIS


Como é bom poder tocar um instrumento! Já dizia mano Caetano.
 Não toco um instrumento. Adoraria.

Meus pais me ofereceram a oportunidade, bem me lembro. Fiz uma aula experimental de piano, meu pai dizia que eu tinha mãos de pianista. Era um professor careca e de óculos, que, por infelicidade do destino, estava gripado naquele dia.

De quando em quando, caía um pingo de seu nariz sobre as teclas. Ele pedia desculpas, pegava o lenço, mas foi o suficiente. Eu não quis mais voltar. A coriza do velho professor cegou de vez a menina de nove anos para toda a felicidade que poderia estar por trás daquelas teclas molhadas.

Muito tempo depois, tentei até destrinchar um violãozinho, mas não consegui ir adiante. Canto no chuveiro.

Na escola dos meus sonhos, aprender a tocar um instrumento deveria ser matéria obrigatória.

Quiséssemos ou não, com professores gripados ou não, todos nós deveríamos sair da escola sabendo reproduzir uma frase musical qualquer, no mínimo compreendendo a mecânica da música, ainda que não fizéssemos nada com ela. Produzir música é capacidade humana que enriquece, sensibiliza e alegra qualquer um. É como saber ler. Merece ser cultivada. E mais: é necessidade.

Acho que todos os povos da humanidade produziram algum tipo de música. Estive certa vez no maravilhoso museu de antropologia da Cidade do México e fiquei encantada com a quantidade de instrumentos esquisitos produzidos por cada tribo ancestral. O que me faz crer que comer, beber, reproduzir-se, cantar e dançar são coisas essenciais à nossa existência.

Mãe esforçada que sou, ofereci desde cedo aulas de música aos meus pequenos. Matriculamos os dois na iniciação musical e, assim que foi possível, eles começaram as aulas de piano.

Agora, nosso caçula toca guitarra. Quer dizer, tínhamos dúvidas, porque só ouvíamos atrás da porta. Se entrávamos no quarto, ele parava.

Mas, faz alguns dias, o rapazinho começou a andar com sua guitarra pela casa e nos brinda displicente com alguns acordes, desde que não demonstremos atenção.

No outro dia, eu passava pela sala apressada procurando meu celular dentro da bolsa, quando fui surpreendida por um legítimo Led Zeppelin saindo de suas cordas. Nossa sala foi invadida por uma atmosfera encantada. Continuei procurando o celular como se nada fosse, mas não queria encontrá-lo nunca mais. Eu, que não posso subir a Teodoro Sampaio sem brilhar os olhos por seus violões, não consegui conter as lágrimas. Meu filho produz música.

DENISE FRAGA
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O MAL


Sou fascinado pela afirmação de que 'ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância'

"As crianças nascem más, elas melhoram crescendo, pois a cultura pode civilizá-las." Ao ler essa frase, apareceu-me a velha questão da "verdadeira essência" da nossa espécie.

Rousseau, filósofo suíço, século 18, achava que nossa natureza era originalmente boa, e que a cultura a corromperia (o "bom selvagem", como se os nascidos na selva não tivessem cultura).

Hobbes, filósofo inglês, século 16, acreditava na infinita capacidade de violência do ser humano, obrigado a contê-la para viver na civilização (na cidade, encontrando desconhecidos sem poder matá-los, como seria seu impulso de origem).

A frase não segue Hobbes, portanto. Ela seria mais o inverso perfeito da crença de Rousseu. Nossa espécie teria uma essência má, que a bondade da cultura amorteceria... um pouco.

Que maldade é essa? O que é o mal? O tema é vasto. Vamos pensar apenas na maldade humana. Ela teria a ver com infligir dano e sofrimento de maneira intencional e injusta (se você mata em legítima defesa, não praticou o mal).

No entanto, encontrar justificativa para a prática do mal é a coisa mais comum, não à toa Hannah Arendt escreveu sobre a banalidade do mal ao perceber que o nazista Adolf Eichmann acreditava que seu trabalho de extermínio de judeus era completamente justificado como o correto exercício do dever, e que não conflitava com o bom chefe de família que ele era.

A ética contempla os costumes. Depois do julgamento de Nuremberg não mais se justificam atos danosos pelo "cumprimento de ordens" --assim como, na época em que foi composta, "Nega do Cabelo Duro" não ofendia ninguém.

Lembrei-me dos pecados capitais: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. O curioso é que eles não são pecados em si, mas "capitis" (cabeça) de pecados, daí "capitais". Todos temos, como Hobbes observou, capacidade para eles, mas só quando a partir deles causamos dano/sofrimento intencional, cometemos pecado (ou crime), fazemos o mal com eles.

Mas, fazer o mal com a preguiça? Sim, pela omissão, pelo dane-se. A ganância está contida na avareza; a humilhação dos outros na soberba; os vícios na gula; a maledicência na inveja; o estupro na luxúria e assim por diante.

E a maldade das crianças, onde reside? Numa tira de quadrinhos (C. Schulz), o pequeno Linus, no recreio, fica fascinado com uma coleguinha linda, vai se aproximando dela devagar e finalmente, quando está junto a ela, não se contém e... Dá-lhe um soco no nariz! Maldade?

Não. Falta de instrumentos adequados para expressar a intensidade dos sentimentos que lhe assoberbavam. Como um bebê que chora por não saber falar.

Sou fascinado pela afirmação de Sócrates de que "ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e a virtude são inseparáveis."

Ela sugere que poderíamos prevenir o mal através do cultivo de instrumentos de expressão mais eficientes de nossos desejos e insatisfações. Do maior conhecimento de si mesmo e do outro. De maior sabedoria, que leva à consideração e à compaixão.

Sem excluir as leis e a cadeia, claro.

FRANCISCO DAUDT

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MENAGEM DE AMOR


Antes de amar-te, amor, nada era meu Vacilei pelas ruas e as coisas:  Nada contava nem tinha nome: O mundo era do ar que esperava.  E conheci salões cinzentos, Túneis habitados pela lua, Hangares cruéis que se despediam, Perguntas que insistiam na areia. Tudo estava vazio, morto e mudo, Caído, abandonado e decaído, Tudo era inalienavelmente alheio, Tudo era dos outros e de ninguém, Até que tua beleza e tua pobreza De dádivas encheram o outono.

Pablo Neruda
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O AMOR ANTIGO



O amor antigo vive de si mesmo,  não de cultivo alheio ou de presença. Nada exige nem pede. Nada espera, mas do destino vão nega a sentença.  O amor antigo tem raízes fundas, feitas de sofrimento e de beleza. Por aquelas mergulha no infinito, e por estas suplanta a natureza.  Se em toda parte o tempo desmorona aquilo que foi grande e deslumbrante, a antigo amor, porém, nunca fenece e a cada dia surge mais amante.  Mais ardente, mas pobre de esperança. Mais triste? Não. Ele venceu a dor, e resplandece no seu canto obscuro, tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade
sexta-feira, 19 de julho de 2013 0 comentários

MÃOS DADAS


Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro. 
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. 
Entre eles, considero a enorme realidade. 
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. 

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, 
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. 
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes, 
a vida presente.

Neste poema o poeta reafirma a sua consciência da existência de outros homens, seus companheiros. Com eles é que se sente de mãos dadas, e renunciou aos seus temas pessoais: uma mulher, uma história, a paisagem vista da janela. Não mais se refugiará na solidão porque o que lhe interessa é o tempo presente em que se acha inserido, e os homens que o cercam.

O poema "Mãos dadas" anuncia a utópica e festiva solidariedade humana. Como um ativista dos direitos humanos Drummond muitas vezes nega a influência do mundo moderno em sua obra, é o fugir do individual e o olhar para o coletivo e a solidariedade.

Como vimos, em "Mãos Dadas", Drummond diz: "Não serei o poeta de um mundo caduco / também não contarei o mundo futuro.". Isto é, o poeta não é arcaísta nem invencionista. E prossegue: "Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem da janela / Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicidas." O poeta afirma que não há espaço para o lirismo contemplativo, o escapismo romântico ou o pessimismo decadentista em sua poesia.

Carlos Drummond de Andrade
quarta-feira, 17 de julho de 2013 0 comentários

O PROCESSO- Analise critica


A obra é uma crítica direta do sistema judiciário, mas ficar somente nesta interpretação limita a toda uma extensão de pontos de vista que pode ser analisado.

Como uma crítica ao sistema judiciário, podemos nos atentar a este aspecto, pois esta é a primeira interpretação que se observa. Na época e no local onde viveu Franz Kafka imperava um Estado autoritário (primeiramente Tchecoslováquia e logo o Império Austro-húngaro) e havia constantes lutas pelo poder e o ambiente da Primeira Guerra Mundial proporcionava ações arbitrárias pelas autoridades. Assim observamos que é compreensível esta obra ser apresentada de tal forma, como uma crítica ao sistema judiciário.

É fácil encontrar nos livros de História e em depoimentos de muitas pessoas a mesma situação vivida por Josef K., basta lembrar de como os direitos individuais são tolhidos em sociedades como de Cuba de Fidel Castro; nas prisões de Abu Ghraib, no Iraque, e de Guantánamo, em Cuba, todas estas comandadas pelo “democrático” Estados Unidos da América; e  as seguidas torturas de chechenos por parte dos russos. São todos exemplos de sistemas judiciários que, como o da história de Josef K., não respeitam as leis e operam acima delas.

Porém este cenário não ocorreu somente em países a milhares de quilômetros de distância do Brasil. Temos histórias de torturas na maioria dos países da América do Sul e, não diferente, no Brasil também. Principalmente na ditadura militar, várias famílias viram homens com “traje negro e justo” retirem seus pais, filhos, maridos e esposas de suas casas, antes mesmo do café, para serem torturados por acusações que nem conheciam. Igualmente a história de Josef K.

Contudo eu interpretei esta obra, não somente como um retrato fiel do sistema judiciário despótico, e como a burocracia e a justiça são falhas. Interpretei também fazendo um paralelo entre a vida de Josef K. e as nossas, seres humanos na prisão que é o mundo, apesar de não parecer. Sofrendo de alienação, e sendo controlados o tempo todo, sem achar respostas e explicações para nada, frente à um sistema doutrinador que estamos inseridos, e que a todo o momento lançam informações que nós temos de engolir sem ao menos revisar e saber o porquê.

Enfim, analiso a obra de Franz Kafka como uma história que está aberta a várias interpretações, sendo que algumas delas de uma complexidade ilimitada.
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O PROCESSO - Livro



Autor: Franz Kafka

Resumo do Livro:

O Processo é um romance de Franz Kafka, que conta a história de um bancário que é processado sem saber o motivo, este é Josef K.

O perfil de K. era de um funcionário exemplar, sendo que trabalhava num famoso banco e tinha um cargo de grande responsabilidade. Desempenhava sua função com muita dedicação, razão que o levou, em pouco tempo, a crescer na empresa.

Porém na manhã em que completara 30 anos, Josef K. foi detido em seu próprio quarto por dois guardas, que tomaram o café que devia ter sido dele, e depois, sugeriram estarem sendo subornados. Neste momento inicia o pesadelo de Josef K., que foi detido sem ter feito mal algum. De principio, imaginava ser uma brincadeira de seus colegas de banco, pois não podia acreditar no que estava acontecendo.

Josef K. acreditava que todo o mal entendido seria esclarecido e ao ser convocado para um interrogatório viu a oportunidade de isto acontecer. Estava errado. Deparou-se com um inspetor rude e agressivo que o ameaçava e fazia chantagens. Contudo K. exigia esclarecimentos, porém inutilmente, já que nem o inspetor e nem os guardas sabiam sobre o motivo de sua detenção.

E toda narrativa segue sem que se conheça quem teria denunciado Josef K. às autoridades e o motivo de estar sendo preso. Apesar disso, o personagem central luta o tempo todo para descobrir do que estava sendo acusado, quem o acusava e com embasamento em que lei. Contratou um advogado na esperança de ter alguma saída e também para obter informações sobre o seu caso, mas logo ele foi dispensado, pois não estava dando muita atenção ao processo dele.

Tentou entrar em contato com o judiciário, mas teve pouco sucesso, o que encontrou foram muitos processos, sendo o dele apenas mais um que ficaria esperando por muito tempo. Todo o desenrolar do processo não lhe parecia verdadeiro, os acusadores e as testemunhas tinham atitudes duvidosas e absurdas, até crianças eram chamados a prestar depoimentos.

No final, Josef K. se encontrava sem ânimo para prosseguir lutando contra um processo que ele nada conhecia, estava apático e indiferente. Pode-se interpretar que no capítulo X: O fim, Josef K. combinou para que dois senhores o matassem, e assim foi feito.

“(...) as mãos de um dos senhores seguraram a garganta de K. enquanto o outro lhe enterrava profundamente no coração a faca e depois a revolvia ali duas vezes.” (KAFKA, 2004, p. 254).

Este é o fim de Josef K.



Fonte: Cola da Web
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O PROCESSO DE KAFRA


Trecho de "O processo" de Kafra, fala sobre a burocracia e como a vida de todos é limitada por ela:

"Diante da lei está parado um porteiro. Um homem do campo chega até esse porteiro e pede para entrar na lei. Mas o porteiro diz que ele não pode permitir sua entrada naquele momento. O homem reflete e pergunta, em seguida, se ele poderá entrar mais tarde. "Até é possível", diz o porteiro, "mas agora não". Uma vez que a porta para a lei está aberta como sempre, e o porteiro se põe de lado, o homem se acocora a fim de olhar para o interior. Quando o porteiro percebe o que está acontecendo, ri e diz: "Se te atrai tanto, tenta entrar apesar da minha proibição. Mas nota bem: eu sou poderoso. E sou apenas o mais baixo entre os porteiros. A cada nova sala há novos porteiros, um mais poderoso do que o outro. Tão-só a visão do terceiro nem mesmo eu sou capaz de suportar".
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O HOMEM É LOBO DO HOMEM



Thomas Hobbes (1588/1679)

Para o filósofo inglês da Idade Moderna, o "Homem é o lobo do Homem".
No que ele chama de "Estado de Natureza", os homens são perfeitamente iguais, desejam as mesmas coisas e têm as mesmas necessidades, o mesmo instinto de auto-preservação.
Por isso, o estado natural é conflito..é guerra...
As guerras existem porque as pessoas querem as mesmas coisas...
Como adquirir a paz?
Apenas através de um Contrato, um pacto formal entre pessoas iguais que renunciam suas liberdades em troca de tranquilidade.
Pelo contrato as pessoas desejam o Bem Comum ..isso é feito através do Direito Positivo que se mantém pelo legislativo.
Hobbes pertence ao período filosófico chamado de "Contractualismo", período onde filósofos acreditaram que apenas um Contrato, um acordo coletivo faria o homem evoluir...

- Vc concorda que as pessoas precisem de um pacto universal para que o Estado seja pacífico? Ou...por esse prisma..o mundo precisa de um único pacto?
- As pessoas são iguais na base natural?
- Nossos instintos nos tornam agressivos? É o conforto da tecnologia e da civilização que nos mantém além dos instintos?
- É instintivo que uns tenham mais poder que outros? O mais forte?
- A Constituição seria um exemplo de Pacto?

O homem literalmente se "mata" para ter dinheiro, status, sucesso e poder consumir, mas e a qualidade de vida?

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HOMEM


Homem não é aquele que diz que ama hoje e amanhã te trai, não é aquele que está cheio de bens matérias, mas com a ALMA vazia, pois os bens matérias são apenas acessórios do ser humano e que depois que morrerem vai ficar tudo.
Homem da valor pra quem está ao seu lado, garotos dão valor quando perdem!
Homem luta pelo o que acredita, garotos correm desesperadamente atrás da merda feita.
Homem se encanta por um sorriso, se apaixona por um olhar e quando ama, ama de verdade, não ama pela metade.
Garotos se encantam por um par de bundas, se apaixonam por mulheres "gostosas" e amam? Claro que amam uma a cada dia da semana.
Um homem vai estar ao seu lado em todos os momentos da sua vida, irá fazer planos com você, irá crescer junto.
Um garoto não tem nada a ver com homem, então não confunda.

Um homem está nas suas atitudes, no seu caráter. Um homem tem a alma branda, o coração puro e acima de tudo, tem princípios.
Não estou com o intuito de santificar os homens, claro que não, pois ninguém é a perfeição em pessoa, entretanto há suas exceções. Logo, não iremos generalizar.
Com isso tudo dizem que home é um bicho complicado, e o bicho Mulher? Não é nem um pouco, claro que não, porque seria?
Por isso que eu não tento mais compreender, é a melhor coisa a se fazer.
Pois existem Homens e garotos, assim como Mulheres e garotas.
Como diz a 'Clarice Lispesctor' "Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”
Portanto vamos viver gente, mais como um homem de verdade, pois homens CONQUISTAM Mulheres e Garotos Pegam as Garotas.

(Kelven de castro) Rio, setembro de 2012.



terça-feira, 16 de julho de 2013 0 comentários

O MEDÍOCRE




O medíocre. De regra, ser implacável e capaz de crítica feroz e aguçada. De regra, uma reprodução implacável de falas alheias.

Ao medíocre, nada é mais prazeroso que rir das grandes obras ou idéias que falharam. Pois sabe-se incapaz de pensar as últimas e covarde por demais para tentar as primeiras.

Para o medíocre, os grandes de espírito, na verdade, são portadores de distúrbios de personalidade. Em geral megalômanos. Pois qualquer coisa que vá além do nascer, crescer, consumir e morrer é certamente delírio incorrigível.

E que não se ouse debater com o medíocre. Ou 'vence-nos' por não compreender os argumentos, ou vence-nos pelo cansaço, eis que, acima de tudo, o medíocre é um incansável.

Logo, ao leitor atento e sábio, recomendo contra o medíocre apenas um argumento. O único capaz de cala-lo: "É... tens razão...".

Iran Necho.
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MEDO E CONTROLE



Os atuais momentos íntimos poderão não ser mais tão íntimos. Nada de gravador debaixo da cama, primitivo e arriscado . Essa estupidez inqualificável perpetrada em Boston aviva o receio de um futuro de insegurança, desconfiança e medo para toda a Humanidade. Grande parte dela já enfrenta isso, mas todos podemos esperar um futuro bem diferente do que os que cresceram no século passado imaginavam.

Acreditávamos possível uma vida privada, sem partilhar com ninguém nosso comportamento pessoal, práticas, idiossincrasias e mesmo esquisitices que não fossem da conta alheia. Encarávamos como um pesadelo distante e evitável o mundo descrito por George Orwell em1984, com sua omnipresente teletela sempre ligada e a vida dos governados escrutinada em todos os detalhes.

Hoje a tecnologia prevista por Orwell parece saída das velhas séries de Flash Gordon e a aspiração a uma vida privada, ao menos parcialmente livre do controle do Estado e de grandes organizações, não passa agora — e no futuro muito mais — de uma utopia ou lembrança nostálgica. Estamos só começando, mas a tecnologia marcha aceleradamente e as mudanças chegam sem aviso, para só as percebermos quando se torna claro que vieram para ficar. Muitos de nós entontecemos com essa velocidade, gostaríamos que houvesse mais tempo para assimilar as novidades, cansamos de tanto aprender e desaprender sem cessar. Os recalcitrantes se escondem delas, fazem tudo para ignorá-las e mesmo hostilizá-las, mas sabemos que não adianta. Por exemplo, se um vírus hipotético afetasse repentinamente todos os computadores de um país qualquer, inclusive o Brasil, o caos seria absoluto. Não teríamos comunicações, água, energia elétrica, aviões voando, bancos e comércio funcionando, hospitais, nada mesmo. O vírus resultaria, nesse sentido, muito mais eficaz que um bombardeio pesado.

Os programas de sabotagem eletrônica são importante arma de guerra, porque não há como escapar da malha informática.O atentado de Boston aumentará o empenho não só do governo americano, mas de todos os outros, em reforçar e aprimorar mecanismos de segurança. Isso está longe, é claro, de restringir-se a revistas em aeroportos, episódicas varreduras em busca de explosivos, contratação de pessoal especializado e assim por diante.

O mais importante é o acompanhamento da vida de cada um, porque, nestes tempos loucos, todos são suspeitos. Londres, por exemplo, está cada vez mais coberta de câmeras de segurança e a circulação de um indivíduo talvez já possa, ou em breve poderá, ser acompanhada o dia inteiro.
Por onde quer que ele passe ou aonde vá, lá estará a câmera de olho.
Penso em filmes policiais de antigamente, com a cena da saída do suspeito em seu carro e o detetive pegando um táxi e dando a ordem de “siga aquele carro” ao motorista. A ordem agora é diferente, é

“monitore esse celular”. A depender do caso, o sujeito pode ter sua vida completamente espionada, desde os locais por que circula às conversas de que participa — e isso inclui os eles e elas
cujos cônjuges desconfiem de prevaricação. Aliás, grampear telefone, celular ou não, é coisa do passado. Vocês já devem ter lido que cada voz humana é única, é como as impressões digitais, não há duas idênticas. Em decorrência, mesmo que um ouvido animal não distinga entre vozes muito parecidas, há aparelhos que
distinguem e, se lhes fornecem essa assinatura vocal, ela sempre será identificada. A novidade é que o
“grampeado” não tem como fugir. Quando ele começa a falar no telefone, seja celular, doméstico ou orelhão, em qualquer lugar onde esteja, uma central especializada compara a voz com as assinaturas em seu poder. Se reconhece a do freguês, grava a conversa. Fulano pode disfarçar a voz e dizer que é Sicrano à
vontade, mas o banco de dados não se engana. E, se as chamadas forem cifradas, o governo certamente alegará razões de Estado para exigir dos autores a chave da cifra.

Os atuais momentos íntimos poderão não ser mais tão íntimos. Nada de gravador debaixo da cama, primitivo e arriscado. O amanto ou amanta (eu faço que esqueço, mas não esqueço as novas normas gramaticais da República) poderá até engolir um minúsculo gravador de circuito integrado, com microfone configurado para suprimir frequências sonoras inoportunas, como as de borborigmos e assemelhados, mas de resto capaz de gravar uma bela trilha sonora do embate amoroso, desde os jogos preliminares à hora de vestir a roupa. Também mentir ficará bem difícil, porque os novos detectores de mentiras
não mais se fiam numa combinação complexa e enganosa de alterações cardíacas, respiratórias ou nervosas, mas em sensores que medem mudanças inconscientes na voz e na emissão da fala — dizem que estão ficando infalíveis.

A tendência comum, talvez normal, é o cidadão aceitar sua perda de privacidade, em troca da segurança individual ou da coletividade, até porque não costumam dar-lhe escolha e o medo é uma força
muito grande, mais difícil de vencer que outras emoções. E é reacendido não somente por fatos da magnitude do que aconteceu em Boston e suas previsíveis consequências, como pelo que a gente encontra, por exemplo, na internet. Para citar apenas um caso, lembro os muitos sites que mencionam impressoras 3D, as quais tornam possível que se compre um objeto na rede e a entrega seja feita por um aplicativo que instrui a impressora do comprador a “imprimir”, ou seja, reproduzir aquele objeto na casa do comprador, sem necessidade de entregador.

As impressoras e os programas já estão em funcionamento, aprimorados diariamente. Não é fantástico? É, sim, pelo menos até vocês fuçarem outros sites e descobrirem empresas desenvolvendo programas, materiais e impressoras 3D para oferecer armas de combate. Qualquer um, do bandido ao psicopata, poderá comprar e “imprimir” quantas quiser, sem numeração ou registro. Dá medo disso, dá medo daquilo
— e a gente fica sem saber o que pensar.

JOÃO UBALDO RIBEIRO
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ENTREGA


Quero ter seu corpo e de prazer me enlouquecer, Entregar meu calor, na magia 
da sua sedução, Entre quatro paredes a timidez quero esquecer Quero apenas ser a dona do seu coração.  Queria saber o que sente quando faz poesia. Em teus braços, não me sinto triste! Quero sentir o cheiro da sua pele macia, Sei que está comigo, mas não acredito que existe.  O relógio do seu quarto me pede para ficar, Coloca uma música suave para animar, Tira minha roupa para se inspirar.  Até parece uma criança na sua inspiração! Sem querer, começa na minha pele rabiscar, 
Vejo sua alma apaixonada chorar de
emoção!

Ivaneti Nogueira

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POEMA DE AMOR


Porque quem ama nunca sabe o que ama Nem sabe porque ama, nem o que é amar Amar é a eterna inocência, E a única inocência, não pensar.

FERNANDO PESSOA
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POESIA DE AMOR


Sossegue! O amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será.

Carlos Drummond de Andrade
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SUGAR E SER SUGADO PELO AMOR


Sugar e ser sugado pelo amor no mesmo instante boca milvalente o corpo dois em um o gozo pleno Que não pertence a mim nem te pertence um gozo de fusão difusa transfusão o lamber o chupar o ser chupado no mesmo espasmo é tudo boca boca boca boca sessenta e nove vezes boquilíngua.

Carlos Drummond de Andrade
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TOADA DO AMOR


E o amor sempre nessa toada! briga perdoa perdoa briga. Não se deve xingar a vida, a gente vive, depois esquece. Só o amor volta para brigar, para perdoar, amor cachorro bandido trem.   Mas, se não fosse ele, também que graça que a vida tinha?   Mariquita, dá cá o pito, no teu pito está o infinito

Carlos Drummond de Andrade
segunda-feira, 15 de julho de 2013 0 comentários

REFLEXO


Se sou amado, quanto mais amado mais correspondo ao amor.  Se sou esquecido, devo esquecer também, Pois amor é feito espelho: -tem que ter reflexo.

Pablo Neruda
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ENSAIO SOBRE O HOMEM


Nascem os humanos para crescer

E com alguma vitória vivem para então morrer.

Nascer, morrer (eis a igualdade humana).

Crescer, viver (eis a vitória de alguns).

Pequenos, os humanos são repletos de ingenuidade

E padecem de ajuda alheia. Sim,

Desde cedo padecem em mãos alheias,

Estas que pensam orientar rebentos.

Por convivência, aprendem símbolos diversos

E passam a comunicar o incomunicável.

Assim, temores e alegrias são compartilhadas,

Desejos e necessidades são satisfeitas...

Para as mãos repletas de condições

O afago sublima a súplica.

Para outras tantas mãos

Restam as aflições e as culpas.

Os que vencem a morte temporariamente,

Crescem tanto que param de crescer:

Tornam-se humanos dotados de mãos e símbolos

Dispostos a outro pequeno vindouro enriquecer.

Crescidos, buscam razões para a vida

Enquanto outros discursam sobre o esquecer.

Inundam-se de prazeres, os vitoriosos,

Enquanto outros desejam somente viver.

O homem é uma besta indefinível

 E seu ser transborda incoerência.

Como posso eu ousar a escrever

Um ensaio sobre sua suposta existência?

Penso nos homens mas só vejo mãos,

Que sufocam ou afagam outras iguais e,

Assim, perpetuam sua condição,

Raramente transgredindo-a. 

Ernst Cassirer
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ENTENDEU?

DEMOCRATIZANDO A DEMOCRACIA


Se alguém se incomoda com a sua presença, é porque conhece o seu brilho, sabe da tua força, inveja teu caráter e teme que os outros vejam o quanto tua alma é mais evoluída. Não é a aparência é a essência. Não é o dinheiro, é a educação e a honestidade. Não é a roupa é a atitude e o bom caráter!
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ESTADO POLICIAL E FASCISMO


“Uma guerra particular” é o título da entrevista que a socióloga Vera Malaguti Batista deu à revista Carta Capital. O depoimento da secretária-geral do Instituto Carioca de Criminologia foi publicado em 08/07.

Vera alerta para a progressiva expansão do "Estado policial" na sociedade brasileira. E uma das manifestações desse fenômeno seria a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), que ela chamou de “gestão policial da vida dos pobres”.

Para Vera, a UPP “não é policiamento comunitário, é uma tomada de território por forças militarizadas. Algo muito semelhante ao que ocorre na Palestina, no Iraque, no Afeganistão”. Ela explica:

O tipo de atuação policial que se faz nas favelas ocupadas pela polícia no Rio só poderia ser feita na zona sul da cidade caso o governo decretasse “estado de sítio”. Há toques de recolher, abordagens ostensivas, invasão de domicílios sem mandado judicial, a proibição de tudo. Os moradores do morro do Cantagalo costumam reclamar que os bares de Ipanema ficam abertos a noite toda, mas as biroscas da favela têm horário para fechar. Para fazer uma festa em casa, o morador de lá tem de pedir autorização.

Mas as explosões de violência policial nos recentes protestos populares mostram que essa “guerra particular” pode se generalizar. Até pacatos moradores de bairros de classe média sentem um pouco da repressão que é cotidiana nas favelas e periferias.

É o grave risco que correm sociedades que aceitam soluções autoritárias para seus problemas sociais. Nada impede que o Estado policial ainda se volte contra quem sempre aplaudiu sua truculência. Em outros lugares e momentos, este fenômeno recebeu o nome de fascismo.

domingo, 14 de julho de 2013 0 comentários

APRENDIZADO ESSENCIAL


Ninguém deveria estar surpreso, sabíamos que iria ocorrer. A internet ajuda a mudar tudo: a cultura, os negócios, as comunicações. Por que só a política não seria afetada?

Carlos Nepomuceno diz que três fatores ajudaram a transformar o mundo: a impressão em papel, a Revolução Francesa e a independência dos EUA. Eles compuseram a realidade de dois séculos e nos trouxeram até aqui, mas são insuficientes para configurar um mundo com 7 bilhões de pessoas e uma ferramenta que quebra as estruturas convencionais para intermediar a informação, a internet.

Tenho falado, aqui mesmo na Folha, daquilo a que chamo movimentos de borda. Eles se afastam do centro político estagnado, das instituições enrijecidas, das disputas por dinheiro e poder. Neles predomina um ativismo autoral, não mais dirigido por partidos ou lideres carismáticos. A presença destes é residual e produz incômoda sensação de oportunismo. Não há comando único, há relação horizontal e lideranças móveis: hoje lidero, amanhã sou liderado; hoje sou arco, amanhã sou flecha.

Esse ativismo não tem porto, carrega sua âncora e estaciona onde quer. Basta ver quantos sites temporários há na internet, usados numa mobilização ou num momento.

O essencial é perceber o que está latente. Não são os 20 centavos no Brasil, as árvores da praça na Turquia, ou qualquer demanda simbólica visível. O que está em pauta é a democratização da democracia. As pessoas não querem ser meros espectadores, lugar em que foram colocadas pelos partidos que detêm o monopólio da política. Querem ser protagonistas, reconectar-se com a potência transformadora do ato político.

Deve-se reconhecer esse desejo e respeitar o sujeito político que surge. Muitos se apressaram em desqualificar os novos movimentos, os abaixo-assinados, a campanha de defesa das florestas, a solidariedade aos índios, o "Fora Renan". Agora se esforçam para descobrir uma forma de interlocução, mas mantendo a ansiedade de liderar, usurpar, controlar.

Não basta dar 20 centavos para tirar o incômodo da sala. O que está havendo é significativo: no país do futebol, durante a Copa das Confederações, as pessoas protestam contra o custo dos estádios e dizem que queremos nosso dinheiro em saúde e educação.

O Brasil pode aprender a fazer diferente: nem transição eterna e lenta nem ruptura brusca, mas o diálogo produtivo e criativo da democracia ampliada. Temor de vandalismo? Ora, cultivemos uma cultura de paz. Prefiro sentir-me representada pelas pessoas que estão nas ruas, dizendo o que não querem, a exigir que tenham projetos definidos.

Não há salvadores da pátria, há homens e mulheres que trabalham juntos. Que seja este nosso aprendizado essencial, nossa maior mudança.

MARINA SILVA
sábado, 13 de julho de 2013 0 comentários

O POÇO


Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.

Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?

Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.

Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu 

peito.

Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.

Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres.

PABLO NERUDA
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RISCO ELEVADO


Minha avó e meus primos paternos moravam na Tijuca. Como meus pais trabalhavam no teatro nos fins de semana, eu e meu irmão costumávamos migrar do Jardim Botânico, onde cresci, para a Rua Padre Elias Gorayeb, nos dias de folga da escola.

E foi num sábado, 20 de novembro de 1971, que a notícia do desabamento do Elevado Paulo de Frontin transformou o percurso familiar em um pesadelo infantil. Estávamos nos preparando para sair quando a imagem insólita da laje de concreto colapsada sobre vinte carros, um ônibus e um caminhão, todos esmigalhados como uma folha de papel, emudeceu a família diante da televisão. Por questão de hora, não acontecera conosco. Desde então, a angústia de cruzar a Avenida Paulo de Frontin sob a sombra do minhocão me acompanha.

Voltei à rotina de gravações no Projac. O trânsito anda calmo, mas as novas medidas de segurança do Elevado do Joá provam que o belo traçado de asfalto está com as pernas bambas. O carro reduz para os 60 km/hora permitidos, enquanto a imaginação vaga em meio a elucubrações catastróficas. Fantasio um desmoronamento de filme pelo retrovisor, por vezes, considero a possibilidade de o chão se abrir de supetão e desenho a curva do carro no ar, a queda no mar e as notícias no dia seguinte.

Eu adoro o Elevado do Joá, as curvas sinuosas que acompanham a encosta, a altura abissal e o verde das ondas a bater nas rochas. É uma visão e tanto. Mas, desde que a precariedade e a má conservação do viaduto se tornaram evidentes, meus olhos abandonaram a paisagem para se concentrar nos vergalhões enferrujados, no concreto carcomido e na finura dos alicerces. Raramente vejo operários empenhados na recuperação da via. As colunas estão embrulhadas para a obra, mas a mão de obra é bissexta.

Estou inclinada a tomar o desvio tortuoso, porém seguro, do Morro da Joatinga. Mas a necessidade luta contra a vontade. O elevado cumpre uma função estética seriíssima no meu caminho para o trabalho, é o meu respiro, minha imensidão. A vista é o grande deus do carioca. Por isso esqueço de entrar à direita e arrisco a vida pelo exuberante horizonte.

Uma velha represa, acho que na China, ameaçava romper-se. Em caso de tragédia, as localidades vizinhas ao anunciado desastre sumiriam do mapa com a primeira enxurrada. Ao serem sondados sobre a preocupação de viver nas cercanias de uma barragem condenada, os habitantes próximos ao colosso confessaram não pensar no assunto. O medo aumentava na razão inversa do risco de óbito. As localidades afastadas, que teriam tempo para fugir das águas, demonstravam grande ansiedade com o problema.

A rotina banaliza o risco. Tento, como os chineses em perigo, relevar, esquecer, mas tremo toda vez que olho a viga.

Estive na abertura do elegantíssimo MAR, Museu de Arte do Rio. O evento contou com um pool de panelaços na porta. Quando cheguei, achei que a causa da revolta fossem os royalties do petróleo — a presidente estava presente na cerimônia —, mas uma repórter informou que os manifestantes escolheram o dia da inauguração da obra de dezenas de milhões de reais com o objetivo de chamar atenção para o estado de conservação dos teatros do Rio de Janeiro, muitos fechados por falta de equipamentos de segurança. Depois, soube que havia diversos grupos protestando por diferentes motivos de que não me recordo agora. O fato é que o encontro dos trios formou um baticum ruidoso que acompanhou os convidados noite adentro.

Não ligo o MAR ao abandono dos teatros públicos e tenho dúvidas se estaríamos melhor sem ele. Minha impressão é que não teríamos nem uma coisa nem outra. A parceria que viabilizou o MAR, pelo que percebo, se organizou de maneira a que o museu, uma vez erguido, possa caminhar com as próprias pernas.

Mas o buzinaço da classe teatral atenta para uma questão relevante. Não basta construir, é preciso manter; projetos futuros e passados. O MAR e o Teatro Carlos Gomes, a Perimetral e o Joá. O cobertor é curto, mas existem casos emergenciais.

Sem a providência divina, há precedentes, o Elevado do Joá periga cair antes da Copa.

FERNANDA TORRES
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EXITO


O êxito na vida não se mede pelo que você 
conquistou, mas sim pelas dificuldades que superou 
no caminho."
sexta-feira, 12 de julho de 2013 0 comentários

EH PAGU, EH! 28

     

Quando eu morrer,
 Não quero que chorem a minha morte.

 Deixarei o meu corpo pra vocês.
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EH PAGU, EH! 27

     

Romancista, poeta, cronista, correspondente internacional, musa   antropofágica, feminista, agitadora, revolucionária.


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EH PAGU, EH! 26

     

Essa mesma Pagu ou Patrícia, foi logo em seguida aluna da Escola de Arte Dramática. Tímida, tremendamente sofrida, profundamente íntegra e sincera, cheia de entusiasmo. Sobretudo pelo Teatro.
quinta-feira, 11 de julho de 2013 0 comentários

EH PAGU, EH! 25

     

...podia-se conviver com essa gente – ladras, prostitutas, assassinas – todas desgraçadas vítimas do mesmo regime social. Era uma gente que não tinha remorsos nem dramas de consciência; não assaltava ninguém para torturar, como os meus companheiros de presídio político, no Rio. Esses, que possuíam pregos para fincar na minha cabeça, e na ponta de cada prego a palavra SIM. Ao que eu respondia, NÃO. Aqueles afirmavam que o Partido estava certo, que eu precisava ceder, que eu devia me curvar à palavra de ordem: SIM. E eu respondia: NÃO. Passavam-se as horas e os dias e as semanas e o sangue escorrendo e os verdugos se revezando para me vencerem ou me enlouquecerem. Tenho várias cicatrizes, mas estou viva. E enquanto todos diziam: Stalin tem razão, eu sabia que não. Contra uma esquerda totalitária, que distribui palavras de ordem arruinando a democracia e contra uma direita reacionária, que não quer ver que a civilização atual esgotou as possibilidades de permanência dominante.


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EH PAGU, EH! 24

     

A última tentativa de militância política de Pagu foi como candidata a Deputada pelo Partido Socialista.


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EH PAGU,EH! 23


O luar! Há duzentos anos, não vejo o luar!
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EH PAGU, EH! 22

     

Nós combinamos escrever o livro porque queríamos produzir uma sátira contra o Partido.
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EH PAGU, EH! 21

     

O Vanguarda era um jornal da dissidência trotskista que nós   fundamos com  Mario Pedrosa e que atacava o P.C.B. e o stalinismo.
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EH PAGU, EH! 20


Saiu da prisão pesando 44 quilos. Aí eu peguei e fiquei cuidando dela.
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EH PAGU,EH! 19


Patrícia Galvão, conhecida geralmente com o nome de Pagu.    Desde princípios de 37 que não mais pertencia ao Partido. Muito conhecida pelas suas atitudes escandalosas de degenerada sexual.
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EH PAGU, EH! 18

     

Os dissidentes mais combativos foram barbaramente espancados pelos burocratas do Partido e eu os responsabilizo por tudo o que me venha acontecer.
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EH PAGU, EH! 17

     

Delegado – Depurada e unificada pelo Nacional Socialismo, a Alemanha sabe bem, ao conduzir, à frente de todos os grupos com a mesma tendência, essa luta contra a bolchevização internacional do mundo. Se a própria Alemanha diz isso, que deveríamos nós dizer, o país do individualismo dissolvente, o país da política sem unidade?




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EH PAGU, EH 16

     

Voz de Getulio Vargas - ...os nossos trabalhadores souberam resistir às influências malsãs dos semeadores de ódio, a serviço de velhas...  ...do poder político, consagrados a envenenar o sentimento brasileiro de fraternidade... para agitar os mal intencionados. A sociedade brasileira repele, por índole, as soluções extremistas. Podemos encarar o futuro com serenidade, certos de que as utopias ideológicas...


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EH PAGU, EH! 15

     

...tivemos combates seguidos. Atravessamos as ruas de Paris cantando a “Internacional”, aplaudidos pela população.


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EH PAGU,EH1 14

     

“São Paulo é o maior Centro Industrial da América Latina”: o pessoal da tecelagem soletra no cocuruto imperialista do “camarão” que passa. A italianinha matinal dá uma banana pro bonde. Defende a pátria:
- Mas custa! O maior é o Brás!
           Brás do Brasil. Brás de todo o mundo.


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EH PAGU, EH! 13

     

Reconheço ter agido como uma agitadora individual, sensacionalista e inexperiente, eximindo o Partido de toda a responsabilidade. Agosto, 1931.
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EH PAGU, EH! 12

     

Nesse momento, Dona Patrícia Galvão, esposa do Sr. Oswald de      Andrade, armada de revólver, fez dois disparos contra os  estudantes. Foi um Deus nos acuda! Houve luta e violenta. Na Polícia Central foram medicadas duas vítimas das unhas de Pagu. O Secretário da Segurança ordenou a suspensão definitiva do jornal “O Homem do Povo”.


 
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